O Oriente Médio nos impressiona hoje com seu viver belicoso, o ódio ancestral entre vizinhos, a grande dificuldade de viver em paz naquele mundo longínquo. Mesmo as lutas entre facções de traficantes de drogas no Brasil não chegam a ser uma pálida reprodução da encarniçada luta daquelas bandas. Mesmo porque, aqui, as escaramuças, por mais violentas que sejam, são atividades marginais, fora da lei. Lá, são a forma de expressão de grupos que se revezam, disputando eleições para constituir o governo de uma nação, variando, entre eles, apenas os meios usados para provocar o inimigo mais próximo ou dele se defender. As promessas de paz são quebradas, as tréguas interrompidas de surpresa, a guerra é a indicação mais evidente da existência de um povo. Nações existem porque lutam, constroem sua identidade pelas agressões, crianças são treinadas desde cedo para odiar os povos rivais, pegar em armas e criar uma imagem guerreira. Os motivos perdem-se nas brumas da História e são realçados por razões mais próximas, mais atuais, sejam de natureza econômica, política ou cultural.
Tais brumas podem ser desveladas nos livros sagrados dos muçulmanos, dos judeus e dos cristãos. Na Bíblia, o cenário comum a esses povos - irmãos na origem, no monoteísmo e na geografia - serve de pano de fundo para a saga do Povo de Israel que veio, através dos séculos, enfrentando inimigos e esperando a divina proteção, a salvação e a vingança. Em vários trechos o texto sagrado fala de Deus defendendo seu povo, confundindo e derrotando seus inimigos, protegendo-o na luta e prometendo-lhe a salvação.
A imagem que o povo captava da palavra dos profetas era a da vinda de um Messias guerreiro, à frente de exército invencível, disposto e capaz de derrotar o inimigo e instaurar o Reino de Deus.
Surpreendentemente, o Salvador que Deus mandou para seu povo foi aquele Menino que louvamos no presépio e comemoramos nas festas do Natal.
Sua mensagem foi bem diferente do esperado. Em vez do deus vingativo, o Pai que nos abre o seu Reino. Em vez do ódio, o amor. Em vez da guerra, o perdão. Em vez da força, a fé. No lugar das armas, a Palavra. Mais do que a salvação como presente ou troféu, a indicação do caminho para o Reino de Deus. Um caminho que cada um constrói mas, no qual, não se está sozinho.
É verdade que Jesus não foi reconhecido logo. Ao contrário, foi preso, abandonado pelos amigos, açoitado, morto e sepultado. O que nos ensina a ter paciência. Nenhuma mudança significativa se faz do dia para a noite. Quem poderia imaginar que aquele homem sofrido e ensanguentado que morria no Calvário seria lembrado no mundo todo, mais de vinte séculos depois?
Os efeitos da mensagem cristã ainda não estão completos. Falta muito. Mas a humanidade caminha e, mesmo que seja difícil de acreditar, ela melhora. Podemos não perceber isto em sua totalidade, porque nosso tempo é limitado e Deus atua na eternidade, daí sua paciência infinita. Os modernos meios de comunicação, em oposição às condições do passado, expõem agora, em tempo real e cores vivas, as atrocidades e injustiças que desde sempre fizeram parte das relações humanas. Mas, se não perdermos a esperança, a maior visibilidade do mal pode atuar como fator de evolução da consciência e fortalecimento do desejo de conquistar o legado que o Cristo nos deixou.
O pensamento crítico e a indignação podem nos fortalecer, na certeza de que o Pai não nos abandona...
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Deu no rádio...
Eu penso muito enquanto estou dirigindo. Os caminhos são sempre longos na vinda e na ida, para qualquer lugar...
As notícias do rádio fazem minha cabeça ferver, cheia de idéias, indignação ou entusiasmo, quando se trata respectivamente de política ou de esportes.
Hoje o Cielo ganhou a medalha de ouro nos 50 metros, nado livre, em piscina curta (25 metros) - indo e vindo, como um raio, em incríveis braçadas, sem respirar uma única vez!!!
Por outro lado, os deputados se conferem um aumento enorme nos subsídios, numa votação relâmpago, com a simples justificativa de equiparação com o mais alto posto do Judiciário. Não sou contra deputado, juiz, ministro, reitor - qualquer servidor público - ganhar bem, desfrutar de uma mega infraestrutura para desempenhar sua função. O trabalho deles é muito importante, para isto nós os elegemos e pagamos seus salários.
Mas fico pensando, cá com meus botões: se eles trabalhassem mesmo... Por que elegemos deputados para trabalhar só de terça a quinta-feira? Que povo é este que acha que trabalho de deputado é ficar "ouvindo as bases"? Na verdade, ouvir as bases, nos termos brasileiros, pode ser traduzido por incentivar o clientelismo. Os deputados fazem isto por que se não fizerem não são reeleitos. Nós, o povo brasileiro, não entendemos bem o papel altamente relevante dos nossos representantes. Nós, o povo brasileiro, em maioria, achamos que ser político é ser simpático, boa praça, benevolente, paternalmente generoso!
Atualmente, com todos os recursos tecnológicos, ouvir as bases, no seu sentido mais adequado e preciso, demandaria muito menos presença física. Não digo que o deputado precisa se isolar, perder contato com suas "bases". Claro que não. Mas, penso que seu principal papel é buscar a realização de um projeto coerente com o ideário de seu partido. Estudar as leis existentes, descobrir as falhas a corrigir e as necessidades reais a atender. Discutir mais com seus pares, juntar-se aos assessores para analisar dados, ouvir especialistas, promover debates pela internet. Fazer contatos diretos com a população de forma organizada e objetiva, na busca de sugestões e soluçãos. Atuar, assim, com maior profundidade na formulação de propostas e na fiscalização das ações de governo, seja com atitude de apoio ou de oposição.
Para fazer o que eles fazem agora, com a superficialidade que vemos todo dia, o salário está realmente muito alto. Nada mudou ou vai mudar tanto que justifique um aumento de mais de 10 vezes o índice da inflação.
Mas, o pior não é o valor aprovado. O Brasil pode aguentar - coitado, já aguenta tanta coisa! - o salário mínimo pode ser contingenciado, afinal, os pobres é que pagam as contas mesmo... O pior é a forma com que a decisão foi tomada, por votação simbólica, sem debate, sem o mínimo esforço para convencer os seus patrões (nós) da justeza da medida. Tomados de surpreza, só podemos desconfiar de que o assunto não foi colocado em debate porque eles mesmos não acreditavam em seus argumentos.
Por falar em argumento, é oportuno lembrar que o parlamentar tem um salário indireto polpudo porque os ganhos diretos eram insuficientes, segundo os beneficiados. E agora, com o aumento do salário direto, vão ser reduzidos os subsídios indiretos???
Eu ia falar da vaidade do Lula, mas acho que por hoje chega.
As notícias do rádio fazem minha cabeça ferver, cheia de idéias, indignação ou entusiasmo, quando se trata respectivamente de política ou de esportes.
Hoje o Cielo ganhou a medalha de ouro nos 50 metros, nado livre, em piscina curta (25 metros) - indo e vindo, como um raio, em incríveis braçadas, sem respirar uma única vez!!!
Por outro lado, os deputados se conferem um aumento enorme nos subsídios, numa votação relâmpago, com a simples justificativa de equiparação com o mais alto posto do Judiciário. Não sou contra deputado, juiz, ministro, reitor - qualquer servidor público - ganhar bem, desfrutar de uma mega infraestrutura para desempenhar sua função. O trabalho deles é muito importante, para isto nós os elegemos e pagamos seus salários.
Mas fico pensando, cá com meus botões: se eles trabalhassem mesmo... Por que elegemos deputados para trabalhar só de terça a quinta-feira? Que povo é este que acha que trabalho de deputado é ficar "ouvindo as bases"? Na verdade, ouvir as bases, nos termos brasileiros, pode ser traduzido por incentivar o clientelismo. Os deputados fazem isto por que se não fizerem não são reeleitos. Nós, o povo brasileiro, não entendemos bem o papel altamente relevante dos nossos representantes. Nós, o povo brasileiro, em maioria, achamos que ser político é ser simpático, boa praça, benevolente, paternalmente generoso!
Atualmente, com todos os recursos tecnológicos, ouvir as bases, no seu sentido mais adequado e preciso, demandaria muito menos presença física. Não digo que o deputado precisa se isolar, perder contato com suas "bases". Claro que não. Mas, penso que seu principal papel é buscar a realização de um projeto coerente com o ideário de seu partido. Estudar as leis existentes, descobrir as falhas a corrigir e as necessidades reais a atender. Discutir mais com seus pares, juntar-se aos assessores para analisar dados, ouvir especialistas, promover debates pela internet. Fazer contatos diretos com a população de forma organizada e objetiva, na busca de sugestões e soluçãos. Atuar, assim, com maior profundidade na formulação de propostas e na fiscalização das ações de governo, seja com atitude de apoio ou de oposição.
Para fazer o que eles fazem agora, com a superficialidade que vemos todo dia, o salário está realmente muito alto. Nada mudou ou vai mudar tanto que justifique um aumento de mais de 10 vezes o índice da inflação.
Mas, o pior não é o valor aprovado. O Brasil pode aguentar - coitado, já aguenta tanta coisa! - o salário mínimo pode ser contingenciado, afinal, os pobres é que pagam as contas mesmo... O pior é a forma com que a decisão foi tomada, por votação simbólica, sem debate, sem o mínimo esforço para convencer os seus patrões (nós) da justeza da medida. Tomados de surpreza, só podemos desconfiar de que o assunto não foi colocado em debate porque eles mesmos não acreditavam em seus argumentos.
Por falar em argumento, é oportuno lembrar que o parlamentar tem um salário indireto polpudo porque os ganhos diretos eram insuficientes, segundo os beneficiados. E agora, com o aumento do salário direto, vão ser reduzidos os subsídios indiretos???
Eu ia falar da vaidade do Lula, mas acho que por hoje chega.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Terça-feira
Vou escrever mais frequentemente, só por escrever. Quem sabe algum dia sai uma coisa boa - boa de se ler. Hoje me esforço, estou com preguiça. Mas quero aprender, pegar prática. Lá vão as abobrinhas do dia.
Engraçada a hidroginástica. Sou aluna recente. Olho para as veteranas, tentando acertar os movimentos. Aí, eu morro de rir: um grupinho fica dando banho em espaguete, conversando e se divertindo a valer. Eu sou quadrada assumida, mas tenho a maior atração pelas folgadas...
Engraçada a hidroginástica. Sou aluna recente. Olho para as veteranas, tentando acertar os movimentos. Aí, eu morro de rir: um grupinho fica dando banho em espaguete, conversando e se divertindo a valer. Eu sou quadrada assumida, mas tenho a maior atração pelas folgadas...
E lá vou eu: um, dois, um, dois, chuta, empurra. Membros superiores, membros inferiores. Abdominal: pedala, pedala, senta, deita, senta, deita... Ei de conseguir. Na verdade, vencidos quase quatro meses de aula, com interrupções por causa de duas rinites e três viagens, estou me sentindo mais forte, mais ágil, com mais resistência. Enfim, estou gostando. Mas não consegui ainda entrar no papo, na tagarelice.
Ao chegar em casa, meu coração bate forte: que beleza está meu jardim! Todo florido.
É tempo das flores cor de rosa e brancas. Um festival de manacás da serra e espirradeiras em botão acompanha a rampa de entrada e , na varanda, a lágrima de cristo se enrosca na grade de ferro. Que belas imagens!
Paro o carro e me emociono. Não resisto e busco a câmera. Vejam só!
As roseiras se estendem sobre a capelinha, espiando a cena de Natal. As imagens de cerâmica ficam ali o ano todo, mas nesta época, as rosas dão ao cenário um efeito especial!
Nem a festa de congraçamento da hidroginástica me deu tanta alegria nesta manhã!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Hino à Bandeira Nacional
Hoje, dia 19 de novembro, é Dia da Bandeira Nacional.
vou transcrever aqui a letra do hino à bandeira, de autoria de Olavo Bilac.
Tenho saudade dos tempos de escola, a meninada toda no pátio, perfilada, cantando:
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Gostaram? Ouvi este hino no rádio hoje e adorei o arranjo, forte e vibrante. De quem será a autoria da música?
vou transcrever aqui a letra do hino à bandeira, de autoria de Olavo Bilac.
Tenho saudade dos tempos de escola, a meninada toda no pátio, perfilada, cantando:
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Gostaram? Ouvi este hino no rádio hoje e adorei o arranjo, forte e vibrante. De quem será a autoria da música?
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Falando em avaliação do Ensino Médio
Estamos vivendo momentos difíceis de entender, com as complicações do ENEM deste ano. Não sei como o governo e os alunos vão sair dessa. Tanta trapalhada, incompetência, desencontros de opiniões e interpretações! No entanto, me parece que as grandes questões ainda nem foram abordadas.
Grande conquista do Brasil conseguir montar um sistema de avaliação do Ensino Médio. Se no Ensino Superior temos Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), com “o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências”, é indispensável conhecer da mesma forma a situação dos alunos antes de entrarem nessa nova etapa.
Os critérios de avaliação do aluno nas escolas levam em consideração a sua própria proposta pedagógica, diferenciada e relativamente livre – desde que seguidos os padrões curriculares mínimos definidos nacionalmente. As notas no histórico escolar devem ser entendidas nesse contexto e, portanto, não têm como ser comparadas com as de outra escola. Para isto existe a avaliação externa, que pretende avaliar o resultado do ensino, usando o exame de desempenho dos alunos. (Uma conquista necessária é acrescentar a avaliação de outros fatores decisivos na qualidade do ensino, mas este não é meu assunto de hoje.) Quero refletir aqui sobre o uso que se está fazendo do ENEM, em seu estágio atual.
Para que serve a avaliação externa? Por que é tão importante?
A avaliação externa oferece a cada escola, pela aferição do rendimento de seus alunos, os parâmetros para conhecer como a instituição se situa no conjunto dos estabelecimentos similares, quanto ao ensino dos conteúdos curriculares e ao desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências próprias desse nível. Esse instrumento revela à escola seus pontos fortes e fracos, indicando os aspectos em que será preciso melhorar, ou aqueles que constituem o diferencial positivo a ser oferecido às famílias ao escolherem o colégio para seus filhos.
Os dados colhidos nessa avaliação são fundamentais também para subsidiar políticas públicas relacionadas à educação, possibilitando definir os investimentos em função das necessidades apontadas no estudo criterioso dos resultados das provas.
As famílias podem ter, no resultado publicado nacionalmente, as informações sobre a situação das escolas de sua região, identificando as que melhor atendem a suas expectativas de educação e, principalmente no que se refere à escola pública, aquelas em que é preciso mobilizar a comunidade para exigir melhor desempenho. A avaliação externa do ensino é, pois, uma fonte preciosa de informação para todos os interessados.
Tanto do ponto de vista das entidades mantenedoras – seja escola pública ou privada – quanto do ponto de vista do público e especialmente das famílias dos alunos, o ENEM, como instrumento de avaliação, precisa existir, ser prestigiado e defendido, o que não significa que já está perfeito. Deve ser sempre melhorado, corrigido, e aperfeiçoado, como tudo o que fazemos na vida. Do ponto de vista técnico já está no bom caminho, pela qualidade das questões apresentadas este ano – indicativas de uma proposta moderna e avançada de educação. Quanto à gestão...
Seu grande valor, porém, está ligado a um aspecto importante da concepção inicial desse projeto: não se trata de avaliação do aluno como indivíduo. Não se pode imaginar o sistema educacional empenhado numa empreitada de tal envergadura, apenas para comparar alunos entre si, fazendo um campeonato geral. Interessa sim, verificar como se saem as instituições de ensino na busca dos objetivos nacionais da educação básica, para encontrar meios de levá-las a melhorar, a sanar suas deficiências e encontrar seu caminho para o sucesso.
E aí está a fraqueza do ENEM em seu formato atual: travestido em competição para conquista de um lugar no Ensino Superior, ele se desvia de sua função mais nobre e cai nos mesmos erros já tão combatidos dos grandes vestibulares massificados: tremenda pressão sobre os alunos, gerando ansiedade e levando ao uso de recursos que acabam mascarando os resultados das provas para sua função principal.
Explico: em vez de mostrar nas provas o que construíram em sua trajetória pelos bancos escolares, os alunos que puderem vão se valer de cursinhos paralelos, nos moldes dos pré-vestibulares. Os que não dispuserem de recursos para uma despesa extra ficam em desvantagem. E, então, a prova, perde força para medir o rendimento do ensino, pois não é capaz de filtrar as distorções desse modelo perverso. Perde-se um valioso instrumento de avaliação e mantém-se a juventude refém dessa insana competição classificatória.
Por que será que os alunos têm que recorrer a cursinhos para vencer os desafios da Educação Básica? Ou a educação é básica e a escola comum tem que dar conta desse recado, ou estamos querendo mais do que o básico como critério de seleção. Mas o problema não é só esse. É que nossas escolas, não atingindo o nível desejável de desempenho, não têm meios de descobrir suas deficiências, já que os resultados das avaliações saem tão mascarados que não servem de base para coisa nenhuma.
O Brasil precisa encontrar a solução para oferecer oportunidade e estimular o ingresso ao Ensino Superior, tendo por fundamento uma Educação Básica de qualidade e considerando as aptidões, competências, expectativas e interesses dos candidatos.
O que não podemos aceitar, acima de tudo, é o país perder o tempo e a energia empenhada na concepção de uma avaliação importante do Ensino Médio, desperdiçando seu potencial de contribuição para ações objetivas para a melhoria desse mesmo nível de ensino. É um absurdo avaliar uma coisa pensando em outra.
Vejam que não tratei das questões pontuais que ocupam as manchetes, os debates e as manifestações causadas pelos desastrados eventos do último fim de semana. É que, para mim, o foco da discussão está equivocado. Precisamos encontrar outras formas de vestibular democrático sem enfraquecer o Ensino Médio.
Grande conquista do Brasil conseguir montar um sistema de avaliação do Ensino Médio. Se no Ensino Superior temos Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), com “o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências”, é indispensável conhecer da mesma forma a situação dos alunos antes de entrarem nessa nova etapa.
Os critérios de avaliação do aluno nas escolas levam em consideração a sua própria proposta pedagógica, diferenciada e relativamente livre – desde que seguidos os padrões curriculares mínimos definidos nacionalmente. As notas no histórico escolar devem ser entendidas nesse contexto e, portanto, não têm como ser comparadas com as de outra escola. Para isto existe a avaliação externa, que pretende avaliar o resultado do ensino, usando o exame de desempenho dos alunos. (Uma conquista necessária é acrescentar a avaliação de outros fatores decisivos na qualidade do ensino, mas este não é meu assunto de hoje.) Quero refletir aqui sobre o uso que se está fazendo do ENEM, em seu estágio atual.
Para que serve a avaliação externa? Por que é tão importante?
A avaliação externa oferece a cada escola, pela aferição do rendimento de seus alunos, os parâmetros para conhecer como a instituição se situa no conjunto dos estabelecimentos similares, quanto ao ensino dos conteúdos curriculares e ao desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências próprias desse nível. Esse instrumento revela à escola seus pontos fortes e fracos, indicando os aspectos em que será preciso melhorar, ou aqueles que constituem o diferencial positivo a ser oferecido às famílias ao escolherem o colégio para seus filhos.
Os dados colhidos nessa avaliação são fundamentais também para subsidiar políticas públicas relacionadas à educação, possibilitando definir os investimentos em função das necessidades apontadas no estudo criterioso dos resultados das provas.
As famílias podem ter, no resultado publicado nacionalmente, as informações sobre a situação das escolas de sua região, identificando as que melhor atendem a suas expectativas de educação e, principalmente no que se refere à escola pública, aquelas em que é preciso mobilizar a comunidade para exigir melhor desempenho. A avaliação externa do ensino é, pois, uma fonte preciosa de informação para todos os interessados.
Tanto do ponto de vista das entidades mantenedoras – seja escola pública ou privada – quanto do ponto de vista do público e especialmente das famílias dos alunos, o ENEM, como instrumento de avaliação, precisa existir, ser prestigiado e defendido, o que não significa que já está perfeito. Deve ser sempre melhorado, corrigido, e aperfeiçoado, como tudo o que fazemos na vida. Do ponto de vista técnico já está no bom caminho, pela qualidade das questões apresentadas este ano – indicativas de uma proposta moderna e avançada de educação. Quanto à gestão...
Seu grande valor, porém, está ligado a um aspecto importante da concepção inicial desse projeto: não se trata de avaliação do aluno como indivíduo. Não se pode imaginar o sistema educacional empenhado numa empreitada de tal envergadura, apenas para comparar alunos entre si, fazendo um campeonato geral. Interessa sim, verificar como se saem as instituições de ensino na busca dos objetivos nacionais da educação básica, para encontrar meios de levá-las a melhorar, a sanar suas deficiências e encontrar seu caminho para o sucesso.
E aí está a fraqueza do ENEM em seu formato atual: travestido em competição para conquista de um lugar no Ensino Superior, ele se desvia de sua função mais nobre e cai nos mesmos erros já tão combatidos dos grandes vestibulares massificados: tremenda pressão sobre os alunos, gerando ansiedade e levando ao uso de recursos que acabam mascarando os resultados das provas para sua função principal.
Explico: em vez de mostrar nas provas o que construíram em sua trajetória pelos bancos escolares, os alunos que puderem vão se valer de cursinhos paralelos, nos moldes dos pré-vestibulares. Os que não dispuserem de recursos para uma despesa extra ficam em desvantagem. E, então, a prova, perde força para medir o rendimento do ensino, pois não é capaz de filtrar as distorções desse modelo perverso. Perde-se um valioso instrumento de avaliação e mantém-se a juventude refém dessa insana competição classificatória.
Por que será que os alunos têm que recorrer a cursinhos para vencer os desafios da Educação Básica? Ou a educação é básica e a escola comum tem que dar conta desse recado, ou estamos querendo mais do que o básico como critério de seleção. Mas o problema não é só esse. É que nossas escolas, não atingindo o nível desejável de desempenho, não têm meios de descobrir suas deficiências, já que os resultados das avaliações saem tão mascarados que não servem de base para coisa nenhuma.
O Brasil precisa encontrar a solução para oferecer oportunidade e estimular o ingresso ao Ensino Superior, tendo por fundamento uma Educação Básica de qualidade e considerando as aptidões, competências, expectativas e interesses dos candidatos.
O que não podemos aceitar, acima de tudo, é o país perder o tempo e a energia empenhada na concepção de uma avaliação importante do Ensino Médio, desperdiçando seu potencial de contribuição para ações objetivas para a melhoria desse mesmo nível de ensino. É um absurdo avaliar uma coisa pensando em outra.
Vejam que não tratei das questões pontuais que ocupam as manchetes, os debates e as manifestações causadas pelos desastrados eventos do último fim de semana. É que, para mim, o foco da discussão está equivocado. Precisamos encontrar outras formas de vestibular democrático sem enfraquecer o Ensino Médio.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Votar faz lembrar e pensar...
Domingo, 31 de outubro, eu votei, como sempre, na minha zona eleitoral que fica no Colégio Santa Dorotéia.
Entrando no terreno do colégio, fui tomada pelas recordações. As magníficas instalações atuais dessa instituição não se parecem nem de longe com o querido educandário das freiras de Nossa Senhora de Sion, onde passei os anos de minha adolescência. Nos anos de 1950, havia apenas o corpo central da edificação, pois o prédio ficou inacabado durante todo o tempo em que lá estudei. Se faltava beleza e a necessária infraestrutura física, nada deixava a desejar em organização, limpeza, acolhimento e excelência na prestação do serviço: uma educação primorosa. Mais tarde, a congregação de Santa Dorotéia adquiriu as instalações e, com o fechamento do Sion de Belo Horizonte, ali instalou o atual colégio. Mas não é sobre isto que vou falar aqui.
Na parte mais baixa e úmida do terreno do colégio, cortada por um fio d´água, havia uma horta e uma plantação de morangos. Mère Rosélia, mesmo sem nos falar de sua origem – que, assim como seu verdadeiro nome de família, os votos religiosos proibiam de alardear – exercia com gosto o trato da plantação, deixando escapar, muito discretamente, o quanto os morangos fizeram parte de sua vida em casa, na fazenda de seus pais, no sul de Minas.
Mas não eram apenas morangos o que ali se cultivava. Boas maneiras, bons sentimentos e solidariedade eram parte do dia a dia. Não apenas entre nós, mas abrangendo as cercanias. Em pouco tempo, à medida que crescia a favela para além de onde agora é a rua Venezuela, começou a preocupação em proporcionar escolaridade às crianças que ali viviam.
Foi então construído, na área da propriedade, um pequeno prédio com duas salas de aula e entrada pela rua Chicago, onde passou a funcionar uma escolinha aos cuidados das freiras, com professoras enviadas pela Prefeitura. Em pouco tempo, a escolinha mostrou-se insuficiente, pois a população aumentava muito, subindo a montanha para o lado do oeste e formando a famosa favela do Morro do Papagaio.
Em 1953, criou-se então o Grupo Escolar Municipal Benjamin Jacob, ocupando uma área do terreno, onde viria a ser a confluência das ruas Venezuela e Assunção. Com salas amplas dispostas em forma de U, cozinha bem equipada, um galpão refeitório que também servia para as festas e um pátio para o recreio, dava frente para a favela, a rua ainda sem urbanização. Nós entrávamos pelo colégio, por um caminho rústico orlado por um bambuzal que contornava a horta e a plantação de morangos.
Eu estava no primeiro ano do Curso de Formação de Professoras e nós ajudamos a decorar e preparar o estabelecimento para sua inauguração. Com certeza outras trabalharam muito, mas só sei de mim e meu grupinho. Sob o comando de Mère Ana Lúcia, dedicamos o máximo capricho na arrumação das salas e da biblioteca, que ficou um primor, com figuras da literatura infantil recortadas em compensado e pintadas por mim, cartazes com desenhos de Zezé Aun e letreiros de Vera Nicolau da Rocha, uma artista do normógrafo (espero que vocês saibam o que é isto). Foi uma combinação promissora, pois eu me tornei professora, Vera bibliotecária e Zezé é artista plástica.
Essa escola municipal, uma das primeiras da capital que até então só contava com escolas públicas estaduais, foi o nosso campo de prática de ensino e onde levamos o choque da convivência direta com pessoas cujo modo de vida era tão diferente do nosso. Lições contundentes sobre pobreza, desnutrição, verminose, abandono, trabalho pesado, lares desestruturados, diferentes formas de organização familiar, moradias improvisadas e precárias. Foi lá que vislumbrei, aos poucos, com inocente perplexidade, a dimensão da importância da educação como recurso para a libertação do ser humano, para a superação das dificuldades da vida e para a conquista da inclusão social. Saí do colégio com um ideal que só poderia ser realizado como professora – e mais: professora de escolas públicas de periferia. Foi o que fiz durante os primeiros quinze anos e que orientou todas as etapas de minha vida profissional.
Na verdade, a recordação dessa parte da minha vida me leva a compreender as escolhas de uma outra menina que, mais de dez anos depois de mim – segundo depoimentos de suas colegas aos jornais - viveu sua adolescência nesse mesmo ambiente, estudando no mesmo colégio, participando das obras sociais que, em sua época, se ampliaram na região. Com a mesma motivação, os mesmos estímulos, fizemos nossas escolhas. Minhas referências e minhas leituras – de livros, de família e do mundo - provavelmente eram diferentes das dela, por isto escolhemos caminhos divergentes, ela na militância política, eu no magistério. E ela, mesmo sem meu voto, tornou-se agora, Presidente do Brasil.
Entrando no terreno do colégio, fui tomada pelas recordações. As magníficas instalações atuais dessa instituição não se parecem nem de longe com o querido educandário das freiras de Nossa Senhora de Sion, onde passei os anos de minha adolescência. Nos anos de 1950, havia apenas o corpo central da edificação, pois o prédio ficou inacabado durante todo o tempo em que lá estudei. Se faltava beleza e a necessária infraestrutura física, nada deixava a desejar em organização, limpeza, acolhimento e excelência na prestação do serviço: uma educação primorosa. Mais tarde, a congregação de Santa Dorotéia adquiriu as instalações e, com o fechamento do Sion de Belo Horizonte, ali instalou o atual colégio. Mas não é sobre isto que vou falar aqui.
Na parte mais baixa e úmida do terreno do colégio, cortada por um fio d´água, havia uma horta e uma plantação de morangos. Mère Rosélia, mesmo sem nos falar de sua origem – que, assim como seu verdadeiro nome de família, os votos religiosos proibiam de alardear – exercia com gosto o trato da plantação, deixando escapar, muito discretamente, o quanto os morangos fizeram parte de sua vida em casa, na fazenda de seus pais, no sul de Minas.
Mas não eram apenas morangos o que ali se cultivava. Boas maneiras, bons sentimentos e solidariedade eram parte do dia a dia. Não apenas entre nós, mas abrangendo as cercanias. Em pouco tempo, à medida que crescia a favela para além de onde agora é a rua Venezuela, começou a preocupação em proporcionar escolaridade às crianças que ali viviam.
Foi então construído, na área da propriedade, um pequeno prédio com duas salas de aula e entrada pela rua Chicago, onde passou a funcionar uma escolinha aos cuidados das freiras, com professoras enviadas pela Prefeitura. Em pouco tempo, a escolinha mostrou-se insuficiente, pois a população aumentava muito, subindo a montanha para o lado do oeste e formando a famosa favela do Morro do Papagaio.
Em 1953, criou-se então o Grupo Escolar Municipal Benjamin Jacob, ocupando uma área do terreno, onde viria a ser a confluência das ruas Venezuela e Assunção. Com salas amplas dispostas em forma de U, cozinha bem equipada, um galpão refeitório que também servia para as festas e um pátio para o recreio, dava frente para a favela, a rua ainda sem urbanização. Nós entrávamos pelo colégio, por um caminho rústico orlado por um bambuzal que contornava a horta e a plantação de morangos.
Eu estava no primeiro ano do Curso de Formação de Professoras e nós ajudamos a decorar e preparar o estabelecimento para sua inauguração. Com certeza outras trabalharam muito, mas só sei de mim e meu grupinho. Sob o comando de Mère Ana Lúcia, dedicamos o máximo capricho na arrumação das salas e da biblioteca, que ficou um primor, com figuras da literatura infantil recortadas em compensado e pintadas por mim, cartazes com desenhos de Zezé Aun e letreiros de Vera Nicolau da Rocha, uma artista do normógrafo (espero que vocês saibam o que é isto). Foi uma combinação promissora, pois eu me tornei professora, Vera bibliotecária e Zezé é artista plástica.
Essa escola municipal, uma das primeiras da capital que até então só contava com escolas públicas estaduais, foi o nosso campo de prática de ensino e onde levamos o choque da convivência direta com pessoas cujo modo de vida era tão diferente do nosso. Lições contundentes sobre pobreza, desnutrição, verminose, abandono, trabalho pesado, lares desestruturados, diferentes formas de organização familiar, moradias improvisadas e precárias. Foi lá que vislumbrei, aos poucos, com inocente perplexidade, a dimensão da importância da educação como recurso para a libertação do ser humano, para a superação das dificuldades da vida e para a conquista da inclusão social. Saí do colégio com um ideal que só poderia ser realizado como professora – e mais: professora de escolas públicas de periferia. Foi o que fiz durante os primeiros quinze anos e que orientou todas as etapas de minha vida profissional.
Na verdade, a recordação dessa parte da minha vida me leva a compreender as escolhas de uma outra menina que, mais de dez anos depois de mim – segundo depoimentos de suas colegas aos jornais - viveu sua adolescência nesse mesmo ambiente, estudando no mesmo colégio, participando das obras sociais que, em sua época, se ampliaram na região. Com a mesma motivação, os mesmos estímulos, fizemos nossas escolhas. Minhas referências e minhas leituras – de livros, de família e do mundo - provavelmente eram diferentes das dela, por isto escolhemos caminhos divergentes, ela na militância política, eu no magistério. E ela, mesmo sem meu voto, tornou-se agora, Presidente do Brasil.
domingo, 10 de outubro de 2010
Falando de eleições
Não vou usar meu blog para fazer campanha, mesmo porque tenho tão poucos seguidores que a campanha não teria o menor efeito eleitoral. Mas todo dia eu leio sobre o assunto na internet e nos jornais. Não resisto a marcar presença com um comentário.
Vamos ao que escreveu Baptista Chagas de Almeida, hoje, na sua coluna EM DIA COM A POLÍTICA, no jornal Estado de Minas:
“Petistas mineiros ...com a garantia do anonimato afirmam que Aécio Neves, se fosse o candidato tucano, estaria e venceria no segundo turno de mão amarrada, porque ele tem o que falta tanto a Dilma Rousseff quanto a José Serra: emociona, é simpático e é moderno”. Não me surpreende que reconheçam isto – uma facção mais pragmática do PT, na eleição municipal de 2008, em BH, uniu-se a Aécio para ganhar a eleição, participando da chapa vitoriosa encabeçada por Márcio Lacerda, PSB, indicado e apoiado pelo então governador.
No entanto, o carisma de Aécio não funcionou a favor do tucano neste primeiro turno - talvez porque grande parte dos que votaram em Aécio para Senador tenha se recusado a votar em Serra por ressentimento contra o modo como se deu a escolha do candidato do PSDB à presidência do Brasil. O processo de decisão do partido pareceu arrogante e pouco simpático, ferindo os brios dos mineiros que tomaram as dores do seu governador, detentor de incontestável popularidade. Foi uma disputa em que a decepção de ter perdido o posto para o correligionário paulista, julgando ter em Minas o candidato ideal, contaminou a decisão do eleitorado das bandas de cá. Claro que não se pode também ignorar a grande surpresa que foi a alternativa apresentada pela candidata Marina Silva e sua nova forma de fazer campanha eleitoral. Por isto, se quiser vencer em Minas no segundo turno, Serra terá que contar com Aécio suando a camisa para reconquistar os votos perdidos no primeiro turno. Mas nem isto basta.
Não menosprezando o valor do carisma na política, lamento no entanto que o processo não seja mais focado na análise da competência e qualidades dos candidatos e em suas ideias. Além disso, quando as propostas sérias ficam ofuscadas pelas jogadas de publicidade ou se reduzem a apelos populistas, o jogo eleitoral não contribui para a formação política do povo nem para a consolidação da democracia.
Outra matéria que me chamou a atenção no Estado de Minas de hoje, foi a reportagem sobre as cidades mineiras onde os principais candidatos foram proporcionalmente mais votados: Dilma teve 85% dos votos em Olhos d´ Água, norte de Minas – município muito pobre, onde grande parte da população depende do programa Bolsa Família ou do Banco de Alimentos, que beneficia pequenos agricultores locais com a compra subsidiada de sua produção rural. Segundo o prefeito (do PSB), a população teme que, se Dilma não for eleita, os benefícios sejam cortados, conforme ameaças de “petistas locais”. Uma eleitora entrevistada alega que votou na Dilma porque ela é a “candidata dos pobres”.
A cidade que deu mais votos a Serra, mais de 70%, foi Jacuí, no sul de Minas, onde não falta emprego e a população beneficiada pelo bolsa família não chega nem a preencher as vagas destinadas ao município pelo programa federal. Jacuí fica perto da divisa com São Paulo, sofrendo forte influência do estado vizinho. Provavelmente, Serra lá é um velho conhecido.
Visto assim, superficialmente, o cenário focalizado na reportagem, parece dar razão à propaganda que opõe pobres e ricos nesta etapa do desenvolvimento da democracia no Brasil. A desinformação e a má fé com certeza podem fazer essa falácia "pegar", enfraquecendo a denúncia e adiando o enfrentamento das verdadeiras causas da pobreza, das doenças e da violência, os grandes males que a população conhece, sofre e dos quais se quer livrar. O fantasma da Venezuela, naufragando nessa luta inglória, artificialmente alimentada por motivos egoístas de um político egocêntrico, me faz perder o sono... Se o carisma de um presidente pode servir para unir a nação, é uma pena que seja empregado para implantar a discórdia, demonizar as “elites”, maldizer a imprensa e limitar a liberdade de opinião.
O carisma é bom para conquistar votos, mas não faz um grande presidente. Se não conseguimos um com carisma, que pelo menos possamos escolher um cuja história nos dê garantia de trabalho sério, com rumo definido e compromisso com a dignidade e a qualidade de vida de todos os brasileiros.
Por isto, pelo amor de Deus, candidato Serra, não entre no jogo das meias verdades, não faça promessas vazias, pense grande, ajude o povo brasileiro a pensar grande, acredite na inteligência de nossa gente!
Vamos a uma campanha que mostre a real diferença das propostas. Vamos chamar o cidadão brasileiro para uma empreitada que desperte o patriotismo verdadeiro, que nos faça torcer pelo Brasil em todos os momentos de nossa vida, não apenas quando nossos representantes são jogadores de bola, no campo ou na quadra. Vamos exigir dos políticos o que exigimos de nossos atletas: muito trabalho, eficiência nos fundamentos, eficácia dos resultados, atitude ética e garra na luta. Simpatia, generosidade e bons modos também não fazem mal a ninguém.
Ledinha, 10 de outubro de 2010.
Vamos ao que escreveu Baptista Chagas de Almeida, hoje, na sua coluna EM DIA COM A POLÍTICA, no jornal Estado de Minas:
“Petistas mineiros ...com a garantia do anonimato afirmam que Aécio Neves, se fosse o candidato tucano, estaria e venceria no segundo turno de mão amarrada, porque ele tem o que falta tanto a Dilma Rousseff quanto a José Serra: emociona, é simpático e é moderno”. Não me surpreende que reconheçam isto – uma facção mais pragmática do PT, na eleição municipal de 2008, em BH, uniu-se a Aécio para ganhar a eleição, participando da chapa vitoriosa encabeçada por Márcio Lacerda, PSB, indicado e apoiado pelo então governador.
No entanto, o carisma de Aécio não funcionou a favor do tucano neste primeiro turno - talvez porque grande parte dos que votaram em Aécio para Senador tenha se recusado a votar em Serra por ressentimento contra o modo como se deu a escolha do candidato do PSDB à presidência do Brasil. O processo de decisão do partido pareceu arrogante e pouco simpático, ferindo os brios dos mineiros que tomaram as dores do seu governador, detentor de incontestável popularidade. Foi uma disputa em que a decepção de ter perdido o posto para o correligionário paulista, julgando ter em Minas o candidato ideal, contaminou a decisão do eleitorado das bandas de cá. Claro que não se pode também ignorar a grande surpresa que foi a alternativa apresentada pela candidata Marina Silva e sua nova forma de fazer campanha eleitoral. Por isto, se quiser vencer em Minas no segundo turno, Serra terá que contar com Aécio suando a camisa para reconquistar os votos perdidos no primeiro turno. Mas nem isto basta.
Não menosprezando o valor do carisma na política, lamento no entanto que o processo não seja mais focado na análise da competência e qualidades dos candidatos e em suas ideias. Além disso, quando as propostas sérias ficam ofuscadas pelas jogadas de publicidade ou se reduzem a apelos populistas, o jogo eleitoral não contribui para a formação política do povo nem para a consolidação da democracia.
Outra matéria que me chamou a atenção no Estado de Minas de hoje, foi a reportagem sobre as cidades mineiras onde os principais candidatos foram proporcionalmente mais votados: Dilma teve 85% dos votos em Olhos d´ Água, norte de Minas – município muito pobre, onde grande parte da população depende do programa Bolsa Família ou do Banco de Alimentos, que beneficia pequenos agricultores locais com a compra subsidiada de sua produção rural. Segundo o prefeito (do PSB), a população teme que, se Dilma não for eleita, os benefícios sejam cortados, conforme ameaças de “petistas locais”. Uma eleitora entrevistada alega que votou na Dilma porque ela é a “candidata dos pobres”.
A cidade que deu mais votos a Serra, mais de 70%, foi Jacuí, no sul de Minas, onde não falta emprego e a população beneficiada pelo bolsa família não chega nem a preencher as vagas destinadas ao município pelo programa federal. Jacuí fica perto da divisa com São Paulo, sofrendo forte influência do estado vizinho. Provavelmente, Serra lá é um velho conhecido.
Visto assim, superficialmente, o cenário focalizado na reportagem, parece dar razão à propaganda que opõe pobres e ricos nesta etapa do desenvolvimento da democracia no Brasil. A desinformação e a má fé com certeza podem fazer essa falácia "pegar", enfraquecendo a denúncia e adiando o enfrentamento das verdadeiras causas da pobreza, das doenças e da violência, os grandes males que a população conhece, sofre e dos quais se quer livrar. O fantasma da Venezuela, naufragando nessa luta inglória, artificialmente alimentada por motivos egoístas de um político egocêntrico, me faz perder o sono... Se o carisma de um presidente pode servir para unir a nação, é uma pena que seja empregado para implantar a discórdia, demonizar as “elites”, maldizer a imprensa e limitar a liberdade de opinião.
O carisma é bom para conquistar votos, mas não faz um grande presidente. Se não conseguimos um com carisma, que pelo menos possamos escolher um cuja história nos dê garantia de trabalho sério, com rumo definido e compromisso com a dignidade e a qualidade de vida de todos os brasileiros.
Por isto, pelo amor de Deus, candidato Serra, não entre no jogo das meias verdades, não faça promessas vazias, pense grande, ajude o povo brasileiro a pensar grande, acredite na inteligência de nossa gente!
Vamos a uma campanha que mostre a real diferença das propostas. Vamos chamar o cidadão brasileiro para uma empreitada que desperte o patriotismo verdadeiro, que nos faça torcer pelo Brasil em todos os momentos de nossa vida, não apenas quando nossos representantes são jogadores de bola, no campo ou na quadra. Vamos exigir dos políticos o que exigimos de nossos atletas: muito trabalho, eficiência nos fundamentos, eficácia dos resultados, atitude ética e garra na luta. Simpatia, generosidade e bons modos também não fazem mal a ninguém.
Ledinha, 10 de outubro de 2010.
sábado, 25 de setembro de 2010
Lembrando o Vovô Márcio.
Ontem fez um ano que ele se foi, tão querido ele era.
Neste aniversário dessa grande tristeza, é consolador ver, saindo do coração de uma menininha, as palavras que nos remetem a sentimentos fortes e doces recordações.
Aí vai o poeminha da Bel, poeta que ainda nem completou 10 anos de idade:
Meu avô saía comigo
Me enchia de sementes de alegria, liberdade e sinais de amor.
E era um passeio maravilhoso e cheio de harmonia
E era um passeio gostoso, cheio de ar puro
Tudo era felicidade com o Vovô, meu avô.
Sentia a brisa da alegria batendo no meu rosto
Depois quando ele morreu fiquei muito triste, chorei
Mas nunca esquecerei o seu jeitinho de ser
Envio para o céu mil beijocas enfeitiçadas para o meu querido Vovô!!!
Neste aniversário dessa grande tristeza, é consolador ver, saindo do coração de uma menininha, as palavras que nos remetem a sentimentos fortes e doces recordações.
Aí vai o poeminha da Bel, poeta que ainda nem completou 10 anos de idade:
POEMA PARA O VOVÔ
Meu avô saía comigo
Me enchia de sementes de alegria, liberdade e sinais de amor.
E era um passeio maravilhoso e cheio de harmonia
E era um passeio gostoso, cheio de ar puro
Tudo era felicidade com o Vovô, meu avô.
Sentia a brisa da alegria batendo no meu rosto
Depois quando ele morreu fiquei muito triste, chorei
Mas nunca esquecerei o seu jeitinho de ser
Envio para o céu mil beijocas enfeitiçadas para o meu querido Vovô!!!
Bebel
Bebel com o Vovõ Márcio, em Curitiba, outubro de 2008, na foto que inspirou o poema. |
domingo, 22 de agosto de 2010
Menina querida, tão longe...
Ela nasceu no Rio de Janeiro, carioquinha da gema, filha de pai carioca e mãe mineira, numa família que mistura com muita sabedoria a carioquice e a mineirice, há pelo menos dois séculos. Tem dado certo.
Com dois anos de idade, os avós foram buscá-la, no Rio, onde morava, para irem à praia em Rio das Ostras, ali pertinho. Lá já a esperava o priminho, companheiro de todas as férias de sua infância. Os pais estavam ocupados providenciando a mudança para Curitiba. Passando por Araruama, ela já queria descer. Sempre amou o mar.
Cresceu curitibana, um sotaque delicado. Sempre graciosa e alegre. Figurinha que enfeitava a vida dos avós nas férias e encantava os primos e tios. Na montanha de Minas ou no mar do Rio, ela topava qualquer parada. Fazia questão de vencer todos os obstáculos, achava-se capaz de qualquer coisa que os meninos fizessem. Um perigo. Mas, por sorte, os próprios meninos a protegiam. Nunca menosprezaram a capacidade da prima, mas ajeitavam as brincadeiras para que ela pudesse participar.
Desde pequena dormia ouvindo histórias. Depois, passou a devorar livros e, quando se entusiasmava por um deles, não se fazia de rogada para contar a história toda a quem quisesse ouvir. Ou, se não quisesse, que saísse de perto, porque ela contava mesmo. Assim, dirigindo o carro, levando-a a qualquer lugar, durante todo um período de férias, vovó ouviu todas as desventuras de um romance infanto-juvenil em vários volumes – a leitura da moda. Quando chegou a época do Harry Potter ela já não era tão tagarela. E na fase dos vampiros, vovó passou a sentir saudades de a ouvir contar histórias: quase silenciosa, introvertida e pensativa, expressava-se melhor com os olhos e o sorriso. Ou, com lágrimas no cinema – adora filmes tristes! Para ouvir seus segredos, só poucos. Seletiva...
De repente, a menina tornou-se uma linda mocinha, meiga e carinhosa, mas distante e fechada num mundo romântico, impenetrável aos estranhos. Sua relação com os pais no entanto, foi-se aprofundando, quanto menos palavras mais comunicação. Com o tempo, os pais se aperfeiçoaram na arte de conhecê-la. Um trabalho de amor e muita dedicação que começou no dia em que ela nasceu.
Ali, melhor que nos manuais de educação de adolescentes, eu vejo, com admiração, como pessoas bem sucedidas e dedicadas a suas carreiras profissionais, podem viver uma relação tão boa com sua filha adolescente, pois não perdem de vista as necessidades de entendimento, orientação, cuidado e companheirismo. Não que faltem conflitos e aflições, mas estes são tratados em sua verdadeira dimensão, com carinho e sem exageros.
Agora – aos quinze anos de idade e o ensino fundamental completo - eles foram levá-la para longe. Depois de um passeio turístico por terras de África e Europa Oriental, eles estão com ela nos Alpes suíços. Vão deixá-la ali, para uma experiência de um ano, longe de casa, estudando no coração da Europa. Realização de um sonho da menina. Ela está encantada com a idéia de ampliar seu mundo, aberta para novas amizades, sôfrega por emoções diferentes e novos conhecimentos. A mãe esconde as lágrimas e dá todo apoio.
Com voz clara e alegre, ela manda um beijo para os tios, tias, primos e priminhas reunidos no almoço de domingo. E, lá de longe, diz que ama muito a vovó e que está adorando tudo.
Que Deus a abençoe. Um ano passa depressa...
Com dois anos de idade, os avós foram buscá-la, no Rio, onde morava, para irem à praia em Rio das Ostras, ali pertinho. Lá já a esperava o priminho, companheiro de todas as férias de sua infância. Os pais estavam ocupados providenciando a mudança para Curitiba. Passando por Araruama, ela já queria descer. Sempre amou o mar.
Cresceu curitibana, um sotaque delicado. Sempre graciosa e alegre. Figurinha que enfeitava a vida dos avós nas férias e encantava os primos e tios. Na montanha de Minas ou no mar do Rio, ela topava qualquer parada. Fazia questão de vencer todos os obstáculos, achava-se capaz de qualquer coisa que os meninos fizessem. Um perigo. Mas, por sorte, os próprios meninos a protegiam. Nunca menosprezaram a capacidade da prima, mas ajeitavam as brincadeiras para que ela pudesse participar.
Desde pequena dormia ouvindo histórias. Depois, passou a devorar livros e, quando se entusiasmava por um deles, não se fazia de rogada para contar a história toda a quem quisesse ouvir. Ou, se não quisesse, que saísse de perto, porque ela contava mesmo. Assim, dirigindo o carro, levando-a a qualquer lugar, durante todo um período de férias, vovó ouviu todas as desventuras de um romance infanto-juvenil em vários volumes – a leitura da moda. Quando chegou a época do Harry Potter ela já não era tão tagarela. E na fase dos vampiros, vovó passou a sentir saudades de a ouvir contar histórias: quase silenciosa, introvertida e pensativa, expressava-se melhor com os olhos e o sorriso. Ou, com lágrimas no cinema – adora filmes tristes! Para ouvir seus segredos, só poucos. Seletiva...
De repente, a menina tornou-se uma linda mocinha, meiga e carinhosa, mas distante e fechada num mundo romântico, impenetrável aos estranhos. Sua relação com os pais no entanto, foi-se aprofundando, quanto menos palavras mais comunicação. Com o tempo, os pais se aperfeiçoaram na arte de conhecê-la. Um trabalho de amor e muita dedicação que começou no dia em que ela nasceu.
Ali, melhor que nos manuais de educação de adolescentes, eu vejo, com admiração, como pessoas bem sucedidas e dedicadas a suas carreiras profissionais, podem viver uma relação tão boa com sua filha adolescente, pois não perdem de vista as necessidades de entendimento, orientação, cuidado e companheirismo. Não que faltem conflitos e aflições, mas estes são tratados em sua verdadeira dimensão, com carinho e sem exageros.
Agora – aos quinze anos de idade e o ensino fundamental completo - eles foram levá-la para longe. Depois de um passeio turístico por terras de África e Europa Oriental, eles estão com ela nos Alpes suíços. Vão deixá-la ali, para uma experiência de um ano, longe de casa, estudando no coração da Europa. Realização de um sonho da menina. Ela está encantada com a idéia de ampliar seu mundo, aberta para novas amizades, sôfrega por emoções diferentes e novos conhecimentos. A mãe esconde as lágrimas e dá todo apoio.
Com voz clara e alegre, ela manda um beijo para os tios, tias, primos e priminhas reunidos no almoço de domingo. E, lá de longe, diz que ama muito a vovó e que está adorando tudo.
Que Deus a abençoe. Um ano passa depressa...
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Sentença desperdiçada: Direito de resposta
Quando a gente já foi professora, guarda algumas manias. Uma das minhas é não aceitar qualquer resposta, conferir se as respostas correspondem exatamente ao que foi perguntado. No dia a dia, muitas perguntas começadas com "para que?", são respondidas com "porque", o que não é a mesma coisa.
No campo da política, a coisa fica mais séria. A qualquer pergunta que se faça a um candidato espertinho, raramente ele vai responder com uma resposta direta sobre o assunto perguntado. Vai no mínimo fazer umas voltas pelos assuntos que a ele interessa propagar. Você pergunta pedra, ele responde queijo. É esperteza de quem precisa aproveitar todas as oportunidades para divulgar suas idéias, passar uma boa imagem, conquistar adeptos. Não é muito honesto, mas é explicável. Principalmente na campanha eleitoral, quando cada minuto é precioso, a disputa por votos é acirrada.
Mas o tiro pode sair pela culatra, a esperteza pode produzir estragos na imagem, quando o desvio não é apenas um recurso de marketing ... Vejam esta:
Quando peguei a VEJA desta semana e li comentários de leitores sobre o “direito de resposta” pedido à Justiça Eleitoral e concedido ao PT, por causa da divulgação de matéria considerada ofensiva ao partido – eu fui procurar os números anteriores para ver do que se tratava.
Por mais que me esforce não consigo entender. Gostaria de dizer que não sei o que se passa na cabeça dos políticos. Mas para minha tristeza, acho que eles querem mesmo é nos confundir, fazer uma tempestade em copo d’água, não explicar nada e fazer-se de vítimas, para enganar os ignorantes, os ingênuos, os distraídos. Eles sabem muito bem que a maioria das pessoas lê superficialmente, analisa pouco.
Vamos aos fatos: resumindo, o candidato a vice-presidente na chapa do Serra disse que o PT está ligado às FARC e, portanto, ao narcotráfico. Uma acusação já bem velha, sem novidades. A revista VEJA, achando que o assunto ainda dava bom caldo, apresentou na edição de 28 de julho, uma reportagem, levantando todos os casos já conhecidos e divulgados que serviam para ilustrar a tal acusação do deputado Antônio Pedro Índio da Costa. Pelo tratamento da matéria, percebe-se nitidamente que a revista tem uma posição sobre o assunto, que não aprova, que recrimina, que considera esses fatos desabonadores para um partido político, sob o império democrático da Lei. Direito dela, como órgão da imprensa livre. Uma revista não é apenas noticiosa. Pode ser opinativa. Ninguém é obrigado a concordar. Por isto precisamos ler várias fontes.
O PT, julgando-se ofendido, pediu e obteve direito de resposta. Na votação, de 4 a 3, venceu o Direito de resposta. A argumentação no voto de cada juiz, bem esclarecedora, mostra que eles estudaram bem o caso, trabalho sério, ainda que com opiniões conflitantes. Ora, de sentença da Justiça, pode-se até discordar, mas só resta obedecer. Então, a revista cedeu uma página inteira da edição de 11.08.2010, para a resposta do ofendido.
Aí é que eu fiquei estarrecida. Para mim, na minha ingênua ignorância, a resposta seria uma oportunidade de refutar as acusações, apresentar argumentação e provas em contrário, desmascarar as mentiras. Seria a hora de esclarecer os fatos, mostrar que foram distorcidos, dar nova versão ou justificativa para as relações suspeitas apontadas pela revista, expor evidências de inocência, ou, se for o caso, mostrar que o erro já foi corrigido, os culpados alijados do partido, os arrependidos aceitos após severa punição, sei lá o que mais...
Mas não! Lá está a resposta, centralizada numa página vazia, onde caberia muito mais informação relevante. E ela não diz nada. Só lamúrias. É vergonhoso de tão genérico e vazio. Diz que o partido é santo, respeita as leis, pauta-se pela Constituição, tem uma história de luta pela justiça, abomina o narcotráfico etc etc etc. Mas, e os fatos? E quanto às acusações apontadas na reportagem, os fatos narrados, nada a declarar? Basta dizer que são inverdades e pronto? Se não se vai esclarecer nada, para que o direito de resposta?
Que fique bem claro que esse meu comentário não é sobre o conteúdo das acusações, que não trazem novidades. Apenas estou comentando o vazio da resposta, um truque para substituir a lógica pela conversa fiada, posar de vítima e comover os mal informados.
Foi inútil a sentença do TSE. As acusações consideradas tão ofensivas continuam sem resposta.
(Em tempo: vale a pena refletir sobre as três perguntas apresentadas pela revista Veja, no canto direito superior da página 81 da edição de 18.08.2010. Muito a pensar sobre a tal liberdade de imprensa em tempos de eleição)
No campo da política, a coisa fica mais séria. A qualquer pergunta que se faça a um candidato espertinho, raramente ele vai responder com uma resposta direta sobre o assunto perguntado. Vai no mínimo fazer umas voltas pelos assuntos que a ele interessa propagar. Você pergunta pedra, ele responde queijo. É esperteza de quem precisa aproveitar todas as oportunidades para divulgar suas idéias, passar uma boa imagem, conquistar adeptos. Não é muito honesto, mas é explicável. Principalmente na campanha eleitoral, quando cada minuto é precioso, a disputa por votos é acirrada.
Mas o tiro pode sair pela culatra, a esperteza pode produzir estragos na imagem, quando o desvio não é apenas um recurso de marketing ... Vejam esta:
Quando peguei a VEJA desta semana e li comentários de leitores sobre o “direito de resposta” pedido à Justiça Eleitoral e concedido ao PT, por causa da divulgação de matéria considerada ofensiva ao partido – eu fui procurar os números anteriores para ver do que se tratava.
Por mais que me esforce não consigo entender. Gostaria de dizer que não sei o que se passa na cabeça dos políticos. Mas para minha tristeza, acho que eles querem mesmo é nos confundir, fazer uma tempestade em copo d’água, não explicar nada e fazer-se de vítimas, para enganar os ignorantes, os ingênuos, os distraídos. Eles sabem muito bem que a maioria das pessoas lê superficialmente, analisa pouco.
Vamos aos fatos: resumindo, o candidato a vice-presidente na chapa do Serra disse que o PT está ligado às FARC e, portanto, ao narcotráfico. Uma acusação já bem velha, sem novidades. A revista VEJA, achando que o assunto ainda dava bom caldo, apresentou na edição de 28 de julho, uma reportagem, levantando todos os casos já conhecidos e divulgados que serviam para ilustrar a tal acusação do deputado Antônio Pedro Índio da Costa. Pelo tratamento da matéria, percebe-se nitidamente que a revista tem uma posição sobre o assunto, que não aprova, que recrimina, que considera esses fatos desabonadores para um partido político, sob o império democrático da Lei. Direito dela, como órgão da imprensa livre. Uma revista não é apenas noticiosa. Pode ser opinativa. Ninguém é obrigado a concordar. Por isto precisamos ler várias fontes.
O PT, julgando-se ofendido, pediu e obteve direito de resposta. Na votação, de 4 a 3, venceu o Direito de resposta. A argumentação no voto de cada juiz, bem esclarecedora, mostra que eles estudaram bem o caso, trabalho sério, ainda que com opiniões conflitantes. Ora, de sentença da Justiça, pode-se até discordar, mas só resta obedecer. Então, a revista cedeu uma página inteira da edição de 11.08.2010, para a resposta do ofendido.
Aí é que eu fiquei estarrecida. Para mim, na minha ingênua ignorância, a resposta seria uma oportunidade de refutar as acusações, apresentar argumentação e provas em contrário, desmascarar as mentiras. Seria a hora de esclarecer os fatos, mostrar que foram distorcidos, dar nova versão ou justificativa para as relações suspeitas apontadas pela revista, expor evidências de inocência, ou, se for o caso, mostrar que o erro já foi corrigido, os culpados alijados do partido, os arrependidos aceitos após severa punição, sei lá o que mais...
Mas não! Lá está a resposta, centralizada numa página vazia, onde caberia muito mais informação relevante. E ela não diz nada. Só lamúrias. É vergonhoso de tão genérico e vazio. Diz que o partido é santo, respeita as leis, pauta-se pela Constituição, tem uma história de luta pela justiça, abomina o narcotráfico etc etc etc. Mas, e os fatos? E quanto às acusações apontadas na reportagem, os fatos narrados, nada a declarar? Basta dizer que são inverdades e pronto? Se não se vai esclarecer nada, para que o direito de resposta?
Que fique bem claro que esse meu comentário não é sobre o conteúdo das acusações, que não trazem novidades. Apenas estou comentando o vazio da resposta, um truque para substituir a lógica pela conversa fiada, posar de vítima e comover os mal informados.
Foi inútil a sentença do TSE. As acusações consideradas tão ofensivas continuam sem resposta.
(Em tempo: vale a pena refletir sobre as três perguntas apresentadas pela revista Veja, no canto direito superior da página 81 da edição de 18.08.2010. Muito a pensar sobre a tal liberdade de imprensa em tempos de eleição)
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Fotos da época
Aqui vão umas fotos de 1949 e 1950. Baixa qualidade fotográfica, mas altas recordações. Era uma máquina Kodak caixotinho, meu presente no Natal de 1948.
Alunas do Sion, 1ª série ginasial, explorando o espaço do colégio novo, inacabado... Havia mesmo carroças naquela obra. Atrás, o barranco e o bosque, tudo ainda começando... Primeiro passo para a vida no bairro.
Esta, abaixo, com a elegância dos aventais de xadrez da turma da 2ª série (bleu clair!), mostra que na rua, sem calçamento, já havia meio fio. O colégio era protegido por uma cerca de arame e uma porteira rústica, aberta o dia todo... que saudade!
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
O colégio e a montanha - o começo.
Ah! O bairro Sion que eu vi nascer!
Aos poucos as lembranças vão chegando e se acumulando, ainda desorganizadas, querendo sair para o papel. Assim não pode! Calma - primeiro as mais antigas. E aí vem uma dificuldade: fica difícil, sem uma pesquisa mais cuidadosa, definir a idade dos fatos, das imagens, das emoções. Melhor não me importar com exatidões.
Nos primeiros tempos, o colégio não interagia muito com o seu entorno. As alunas chegavam de ônibus especial e ali era nosso mundo particular. O terreno em volta do prédio não era pavimentado. Terra clara, sílica cor de rosa. Burrinhos puxavam carroças, trazendo terra, levando entulho da obra ainda não concluída, transportando brita miúda para calçar os caminhos e diminuir a poeira ou a lama.
Acima do barranco que limitava o pátio, a leste do prédio, ficava o bosque, um bosque de verdade, natural, onde se destacava a imagem branca, linda e majestosa de Nossa Senhora de Sion, contra o verde escuro da vegetação.
Lá fora, as ruas ainda não eram pavimentadas também. Mas havia um caminho calçado de pé de moleque, muito antigo: era a estradinha que levava ao Acaba Mundo. Ali, escondida entre montanhas da serra do Curral, ficava a fazenda da família Guimarães, então cedida ao Country Clube de Belo Horizonte. Esse caminho, bem reto em grande parte, incorporou-se ao traçado do bairro - corresponde à Rua República Argentina que sobe, sobe, sobe e, lá no alto, depois da Praça Alasca, continua com o nome de Rua Correias, em direção à nascente do córrego do Acaba Mundo, de saudosa memória.
O Country reunia, principalmente nos fins de semana, uma seleta sociedade, em seus campos de esporte, na piscina e em sua sede maravilhosa cercada de farta vegetação tropical. Para alegria da meninada cujos pais não eram sócios, de vez em quando, nas férias, alguém conseguia convites e as turmas iam, em bando, fazer piquenique naquele lugar de sonho, subir montanhas escarpadas e fazer um lanche gostoso em recantos pitorescos. Eu mesma participei de dois piqueniques desses, uma vez em um evento festivo (talvez uma excursão do colégio, não me lembro bem) e outra, nas férias, com um grupo de adolescentes do meu bairro, devidamente acompanhados, como era o costume. Uma delícia.
Em tempo: a gente ia a pé! Piquenique era coisa séria, empreendimento de jovens em férias, nada de automóvel.
Acaba Mundo era um nome apropriado para o lugar. Dali para a frente, não havia nada mesmo. Só a montanha. Mais tarde, ali se formou uma comunidade, a favela de mesmo nome, residência das lavadeiras que trabalhavam no bairro, nos anos 60. Ops!Pulei uma década! Fica para depois. Por enquanto, vamos ficar nos meus tempos de aluna, que chegava ao Colégio, no ônibus especial, cor de berinjela. O Bairro Sion estava nascendo...
Aos poucos as lembranças vão chegando e se acumulando, ainda desorganizadas, querendo sair para o papel. Assim não pode! Calma - primeiro as mais antigas. E aí vem uma dificuldade: fica difícil, sem uma pesquisa mais cuidadosa, definir a idade dos fatos, das imagens, das emoções. Melhor não me importar com exatidões.
Nos primeiros tempos, o colégio não interagia muito com o seu entorno. As alunas chegavam de ônibus especial e ali era nosso mundo particular. O terreno em volta do prédio não era pavimentado. Terra clara, sílica cor de rosa. Burrinhos puxavam carroças, trazendo terra, levando entulho da obra ainda não concluída, transportando brita miúda para calçar os caminhos e diminuir a poeira ou a lama.
Acima do barranco que limitava o pátio, a leste do prédio, ficava o bosque, um bosque de verdade, natural, onde se destacava a imagem branca, linda e majestosa de Nossa Senhora de Sion, contra o verde escuro da vegetação.
Lá fora, as ruas ainda não eram pavimentadas também. Mas havia um caminho calçado de pé de moleque, muito antigo: era a estradinha que levava ao Acaba Mundo. Ali, escondida entre montanhas da serra do Curral, ficava a fazenda da família Guimarães, então cedida ao Country Clube de Belo Horizonte. Esse caminho, bem reto em grande parte, incorporou-se ao traçado do bairro - corresponde à Rua República Argentina que sobe, sobe, sobe e, lá no alto, depois da Praça Alasca, continua com o nome de Rua Correias, em direção à nascente do córrego do Acaba Mundo, de saudosa memória.
O Country reunia, principalmente nos fins de semana, uma seleta sociedade, em seus campos de esporte, na piscina e em sua sede maravilhosa cercada de farta vegetação tropical. Para alegria da meninada cujos pais não eram sócios, de vez em quando, nas férias, alguém conseguia convites e as turmas iam, em bando, fazer piquenique naquele lugar de sonho, subir montanhas escarpadas e fazer um lanche gostoso em recantos pitorescos. Eu mesma participei de dois piqueniques desses, uma vez em um evento festivo (talvez uma excursão do colégio, não me lembro bem) e outra, nas férias, com um grupo de adolescentes do meu bairro, devidamente acompanhados, como era o costume. Uma delícia.
Em tempo: a gente ia a pé! Piquenique era coisa séria, empreendimento de jovens em férias, nada de automóvel.
Acaba Mundo era um nome apropriado para o lugar. Dali para a frente, não havia nada mesmo. Só a montanha. Mais tarde, ali se formou uma comunidade, a favela de mesmo nome, residência das lavadeiras que trabalhavam no bairro, nos anos 60. Ops!Pulei uma década! Fica para depois. Por enquanto, vamos ficar nos meus tempos de aluna, que chegava ao Colégio, no ônibus especial, cor de berinjela. O Bairro Sion estava nascendo...
domingo, 8 de agosto de 2010
Dia dos Pais
Imitando o Vovô Custódio Lustosa (1874-1970) de vez em quando eu me atrevo a fazer uns versinhos. Sempre para as crianças, lembrando também meus tempos de professora primária (tempo antigo, nomenclatura da época!!!).
Hoje, em comemoração ao Dia do Papai, aí vão os poeminhas para serem acrescentados às homenagens das netas pequeninas a seus pais, que eu conheço bem - sei que não estou falando mentira!!!
DIA DOS PAIS (a pedido da Bel)
Hoje é dia do papai.
Preciso comemorar
Com festejo e presentinho.
Com muito beijo estalado
E um abraço apertado,
Todo cheio de afeição.
Para este pai que eu conheço,
Que me enche de carinho,
De bom exemplo e atenção,
Eu bem sei, e não esqueço:
Todo dia é da filhinha,
Que mora em seu coração.
Por isto, o que eu faço agora,
Para o papai agradar,
Eu sei que ele merece,
Muito mais e não só hoje:
Todo dia, toda hora.
Ninguém pode duvidar!
DIA DO PAPAI (para Isadora)
Olho e vejo lá no alto,
O meu papai tão grandão!
Mas ele cabe inteirinho,
Dentro do meu coração.
DIA DO PAPAI (para Helena)
Desde antes de eu nascer,
Ele está sempre comigo,
Com papai posso contar,
É o meu primeiro amigo.
Um amigo especial,
Que me ensina a melhorar,
Porque tenho todo dia,
Bons exemplos a imitar.
Meu pai é mais do que amigo,
É carinho, é proteção,
Brincalhão que fala sério,
Quando o assunto é educação.
Com um abraço bem forte,
Quero hoje anunciar
Lindo festival de beijos
Para o meu pai festejar.
Mas nem preciso falar
Que a homenagem merecida
Não fica só neste dia:
É um amor por toda a vida.
E aí vai minha saudação a todos os pais que fazem parte do meu universo e que se encaixam muito bem no modelito acima.
Beijos e carinho.
Hoje, em comemoração ao Dia do Papai, aí vão os poeminhas para serem acrescentados às homenagens das netas pequeninas a seus pais, que eu conheço bem - sei que não estou falando mentira!!!
DIA DOS PAIS (a pedido da Bel)
Hoje é dia do papai.
Preciso comemorar
Com festejo e presentinho.
Com muito beijo estalado
E um abraço apertado,
Todo cheio de afeição.
Para este pai que eu conheço,
Que me enche de carinho,
De bom exemplo e atenção,
Eu bem sei, e não esqueço:
Todo dia é da filhinha,
Que mora em seu coração.
Por isto, o que eu faço agora,
Para o papai agradar,
Eu sei que ele merece,
Muito mais e não só hoje:
Todo dia, toda hora.
Ninguém pode duvidar!
DIA DO PAPAI (para Isadora)
Olho e vejo lá no alto,
O meu papai tão grandão!
Mas ele cabe inteirinho,
Dentro do meu coração.
DIA DO PAPAI (para Helena)
Desde antes de eu nascer,
Ele está sempre comigo,
Com papai posso contar,
É o meu primeiro amigo.
Um amigo especial,
Que me ensina a melhorar,
Porque tenho todo dia,
Bons exemplos a imitar.
Meu pai é mais do que amigo,
É carinho, é proteção,
Brincalhão que fala sério,
Quando o assunto é educação.
Com um abraço bem forte,
Quero hoje anunciar
Lindo festival de beijos
Para o meu pai festejar.
Mas nem preciso falar
Que a homenagem merecida
Não fica só neste dia:
É um amor por toda a vida.
E aí vai minha saudação a todos os pais que fazem parte do meu universo e que se encaixam muito bem no modelito acima.
Beijos e carinho.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
A humanidade e o planeta
Ouvi no rádio ontem: Leonardo Boff esteve em BH, fazendo uma palestra sobre as relações do homem com o planeta Terra – ou algo assim. Logo que ouvi a notícia, lembrei-me de uma anotação um pouco ácida que fiz há algum tempo e que vou transcrever aqui:
“Abri o Antigo Testamento e, relendo a Criação do Mundo, pensei: Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Suspeito que Ele precisou desse descanso, não pela satisfação de ter concluído sua obra, mas pela necessidade de recuperar forças para recomeçar.
“Explico: Ele sabia – com certeza sabia - que nunca mais teria sossego, desde aquela brilhante ideia de colocar o homem e a mulher como sócios de seu empreendimento.
“Vejam bem que imprevidência: não fez teste de seleção, nem um projeto-piloto para testar o casal, nem uma simulação virtual, um modelo teórico experimental, nada! Não entendo como ele achou que seria bom entregar o mundo ao seu mais versátil predador.
“Cada predador foi criado por Deus com sua especialidade e seu papel na harmonia dos ecossistemas. Só o homem está sempre inventando novas maneiras de destruir a natureza que lhe garante a subsistência, cada dia indo mais longe, invadindo terras, mares e céus, embrenhando-se nas florestas virgens, ocupando desordenadamente os mais incríveis espaços da terra, queimando tudo e matando sem piedade, a cada dia, sua galinha dos ovos de ouro.
“Por isto, a obra de Deus não acaba nunca. Quando um ecossistema está lá direitinho, quieto no seu canto, a cadeia alimentar funcionando na maior competência, lá vem o Bicho Homem e... pronto, vai tudo por água abaixo! E, ironia das ironias, ele mesmo, o guardião irresponsável, vai pedir ao Criador que lhe inspire soluções para reverter, superar e – quase sempre - piorar a situação.”
Agora acrescento: Querendo ou não, somos sócios dessa empreitada. Ela será mais ou menos bem sucedida dependendo de nosso empenho em acertar, de nossa consciência de quanto vale esse papel coadjuvante na criação do mundo. A obra divina não está concluída.
A propósito, duas citações para nos animar:
“E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra. ( Leonardo Boff)
"Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a outra." (Leonardo Boff)
Não sou leitora desse teólogo e pensador, mas, nesse campo específico, suas palavras nos apontam uma brecha de esperança.
Beijos para todos. Vamos em frente!
“Abri o Antigo Testamento e, relendo a Criação do Mundo, pensei: Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Suspeito que Ele precisou desse descanso, não pela satisfação de ter concluído sua obra, mas pela necessidade de recuperar forças para recomeçar.
“Explico: Ele sabia – com certeza sabia - que nunca mais teria sossego, desde aquela brilhante ideia de colocar o homem e a mulher como sócios de seu empreendimento.
“Vejam bem que imprevidência: não fez teste de seleção, nem um projeto-piloto para testar o casal, nem uma simulação virtual, um modelo teórico experimental, nada! Não entendo como ele achou que seria bom entregar o mundo ao seu mais versátil predador.
“Cada predador foi criado por Deus com sua especialidade e seu papel na harmonia dos ecossistemas. Só o homem está sempre inventando novas maneiras de destruir a natureza que lhe garante a subsistência, cada dia indo mais longe, invadindo terras, mares e céus, embrenhando-se nas florestas virgens, ocupando desordenadamente os mais incríveis espaços da terra, queimando tudo e matando sem piedade, a cada dia, sua galinha dos ovos de ouro.
“Por isto, a obra de Deus não acaba nunca. Quando um ecossistema está lá direitinho, quieto no seu canto, a cadeia alimentar funcionando na maior competência, lá vem o Bicho Homem e... pronto, vai tudo por água abaixo! E, ironia das ironias, ele mesmo, o guardião irresponsável, vai pedir ao Criador que lhe inspire soluções para reverter, superar e – quase sempre - piorar a situação.”
Agora acrescento: Querendo ou não, somos sócios dessa empreitada. Ela será mais ou menos bem sucedida dependendo de nosso empenho em acertar, de nossa consciência de quanto vale esse papel coadjuvante na criação do mundo. A obra divina não está concluída.
A propósito, duas citações para nos animar:
“E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra. ( Leonardo Boff)
"Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a outra." (Leonardo Boff)
Não sou leitora desse teólogo e pensador, mas, nesse campo específico, suas palavras nos apontam uma brecha de esperança.
Beijos para todos. Vamos em frente!
domingo, 18 de julho de 2010
A Mágica do Domingo
Hoje é domingo, está perto do dia da Vovó, dia 26 de julho, na semana que vem, quando estarei viajando.
Então vou deixar aqui, agora, esta mensagem:
Um dia, recebi um texto de autor não identificado. Talvez vocês já o conheçam, mas aí vão alguns trechos, para focalizar o tema:
Perguntaram a uma menina o que ela gostaria de ser quando crescesse.
Ela respondeu:
“-Gostaria de ser avó”! Ao lhe perguntarem por que, ela completou:
“- Porque os avós escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles...”
“Os avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente.”
“Na casa deles tem sempre bolo, balas e uma lata cheia de suspiros.
Eles contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos e histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas!”
“Os avós sabem um bocado de coisas”.
“O colo dos avós é quente e fofinho, bom da gente sentar quando está triste”.
“Todo mundo deveria tentar ter um avô ou uma avó, porque são os únicos adultos que têm tempo para nós”.
Eu, que sou avó, fico pensando:
A gente tenta, a gente tenta...
Mas as pessoas são diferentes... Cada uma tem um jeito.
Quem dera todas as crianças conseguissem ter avós assim, tão gente fina...
Quem dera todas as avós conseguissem ser assim, tão boas...
A gente tenta, mas escorrega às vezes.
A menina acha que todo dia é domingo.
Que a tal velhinha é boazinha todo dia.
Que tem tempo pra brincar, contar histórias, que não tem que trabalhar...
Que não se aborrece nunca, que não perde a paciência, que não sofre.
Que não é obrigada a dizer vários "não" a si mesma e a outros...
Vá viver com ela uns dias pra ver!
A velhinha pode ser como qualquer adulto.
Como a mamãe que se zanga, perde a paciência, põe de castigo, não deixa brincar com fogo.
Como o papai que chega cansado e não tem papo pra criança. Ou que fica bravo só por causa de umas notas vermelhas no boletim escolar do adolescente cuja única obrigação na vida é estudar...
Eles estão preocupados em educar, em prover, tão aflitos com o futuro que nem sempre conseguem aproveitar toda a alegria do presente.
Quando se dão conta, os filhos, mesmo estando ali por perto, já cresceram, não querem mais brincar.
Não querem mais ouvir histórias. Então...
Bom mesmo é ter netos.
É ter um colo quentinho onde eles se sintam amados e protegidos, antes de ficarem tão grandes que já não cabem no colo de ninguém.
É ter uma gaveta cheia de lápis de cor, papel, tesouras e tintas, uma caixa de fitas coloridas, uma estante de livros, discos e filmes, um armário de brinquedos (novos e usados), cobertores fofinhos, almofadas de todos os tamanhos, pilhas de toalhas de banho, gramados verdinhos e bancos de jardim, canecas, sorvete, pipoca, queijo quente, pão com manteiga, chocolate, árvore de Natal, presépio - e um computador esperto, multiuso, para todas as idades.
Bom mesmo é que os filhos trazem seus filhos para perto da vovó.
(Apesar de tudo, os filhos ainda gostam da gente. Agora, eles nos entendem.)
Bom também é ter família grande. Cada um de um jeito.
Pra gente aprender muitas formas de amar.
Pra não confundir amar com agradar, nem confundir agrado com manipulação.
Pra saber dividir - ou multiplicar? - o amor em partes iguais, mas bem diferentes!
Pra não colocar no mesmo saco o amor com a competição e a rivalidade.
Pra jogar um jogo em que todos ganham como no velho brinquedo de roda: - todos juntos, de mãos dadas, olhando-se de frente e... cantando.
Bom mesmo, para esta velhinha, é passar a semana ocupada, ter projetos, ter amigas.
Poder enfrentar todas as lutas, as perdas, as saudades...
Na hora dos problemas, não procurar culpados, mas soluções - e pedir ajuda se for preciso.
Continuar aprendendo, cultivar a curiosidade e a observação, procurar entender o mundo que está mudando todo dia.
E guardar, no fundo do coração, a gratidão pela divina mágica do almoço de domingo, sua receita secreta e infalível para recuperar energias e alimentar a alegria de viver.
Pois não foi para isto que Deus inventou o DOMINGO?
(E olha que ele nem tinha netos, nem sabia como era bom!)
Bom domingo!
Então vou deixar aqui, agora, esta mensagem:
A MÁGICA DO DOMINGO
Um dia, recebi um texto de autor não identificado. Talvez vocês já o conheçam, mas aí vão alguns trechos, para focalizar o tema:
Perguntaram a uma menina o que ela gostaria de ser quando crescesse.
Ela respondeu:
“-Gostaria de ser avó”! Ao lhe perguntarem por que, ela completou:
“- Porque os avós escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles...”
“Os avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente.”
“Na casa deles tem sempre bolo, balas e uma lata cheia de suspiros.
Eles contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos e histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas!”
“Os avós sabem um bocado de coisas”.
“O colo dos avós é quente e fofinho, bom da gente sentar quando está triste”.
“Todo mundo deveria tentar ter um avô ou uma avó, porque são os únicos adultos que têm tempo para nós”.
Eu, que sou avó, fico pensando:
A gente tenta, a gente tenta...
Mas as pessoas são diferentes... Cada uma tem um jeito.
Quem dera todas as crianças conseguissem ter avós assim, tão gente fina...
Quem dera todas as avós conseguissem ser assim, tão boas...
A gente tenta, mas escorrega às vezes.
A menina acha que todo dia é domingo.
Que a tal velhinha é boazinha todo dia.
Que tem tempo pra brincar, contar histórias, que não tem que trabalhar...
Que não se aborrece nunca, que não perde a paciência, que não sofre.
Que não é obrigada a dizer vários "não" a si mesma e a outros...
Vá viver com ela uns dias pra ver!
A velhinha pode ser como qualquer adulto.
Como a mamãe que se zanga, perde a paciência, põe de castigo, não deixa brincar com fogo.
Como o papai que chega cansado e não tem papo pra criança. Ou que fica bravo só por causa de umas notas vermelhas no boletim escolar do adolescente cuja única obrigação na vida é estudar...
Eles estão preocupados em educar, em prover, tão aflitos com o futuro que nem sempre conseguem aproveitar toda a alegria do presente.
Quando se dão conta, os filhos, mesmo estando ali por perto, já cresceram, não querem mais brincar.
Não querem mais ouvir histórias. Então...
Bom mesmo é ter netos.
É ter um colo quentinho onde eles se sintam amados e protegidos, antes de ficarem tão grandes que já não cabem no colo de ninguém.
É ter uma gaveta cheia de lápis de cor, papel, tesouras e tintas, uma caixa de fitas coloridas, uma estante de livros, discos e filmes, um armário de brinquedos (novos e usados), cobertores fofinhos, almofadas de todos os tamanhos, pilhas de toalhas de banho, gramados verdinhos e bancos de jardim, canecas, sorvete, pipoca, queijo quente, pão com manteiga, chocolate, árvore de Natal, presépio - e um computador esperto, multiuso, para todas as idades.
Bom mesmo é que os filhos trazem seus filhos para perto da vovó.
(Apesar de tudo, os filhos ainda gostam da gente. Agora, eles nos entendem.)
Bom também é ter família grande. Cada um de um jeito.
Pra gente aprender muitas formas de amar.
Pra não confundir amar com agradar, nem confundir agrado com manipulação.
Pra saber dividir - ou multiplicar? - o amor em partes iguais, mas bem diferentes!
Pra não colocar no mesmo saco o amor com a competição e a rivalidade.
Pra jogar um jogo em que todos ganham como no velho brinquedo de roda: - todos juntos, de mãos dadas, olhando-se de frente e... cantando.
Bom mesmo, para esta velhinha, é passar a semana ocupada, ter projetos, ter amigas.
Poder enfrentar todas as lutas, as perdas, as saudades...
Na hora dos problemas, não procurar culpados, mas soluções - e pedir ajuda se for preciso.
Continuar aprendendo, cultivar a curiosidade e a observação, procurar entender o mundo que está mudando todo dia.
E guardar, no fundo do coração, a gratidão pela divina mágica do almoço de domingo, sua receita secreta e infalível para recuperar energias e alimentar a alegria de viver.
Pois não foi para isto que Deus inventou o DOMINGO?
(E olha que ele nem tinha netos, nem sabia como era bom!)
Bom domingo!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Primeiras lembranças.
Entramos no bairro do Carmo. O ônibus especial percorreu a Rua Grão Mogol, do princípio ao fim do calçamento de pedras irregulares, um pé-de-moleque muito tosco. Passamos pela Igreja (na época um barracão muito feio) e pelo Grupo Escolar Presidente Antônio Carlos, que funcionava numa casa velha. Da esquina da Rua Buenos Aires em diante era chão de terra. Pois foi por essa via que o ônibus enveredou, levantando poeira, para chegar ao prédio inacabado do Colégio Sion. Não havia ainda o bairro que viria a se apropriar do nome do colégio.
Começava o ano letivo de 1949, estreando o prédio próprio do colégio, construído em terreno cedido pela Prefeitura, como incentivo à urbanização daquela região, extremo sul da cidade. Foi meu primeiro contato com o que viria ser o bairro Sion, cenário de quase toda a minha vida daí pra frente.
Quando eu estudava no Sion, a gente só chegava lá de especial ou de carro. O bonde parava em frente à Igreja do Carmo e de lá voltava ao Centro. Mais tarde, chegou à Rua Buenos Aires. Mas pouco tempo depois, os bondes foram banidos das vias de Belo Horizonte.
Era praticamente uma área rural. As poucas famílias que ali habitavam, tinham pequenas propriedades perdidas no meio da vegetação. Um mato fechado, cortado por riachos e nascentes cristalinas, com casebres e pequenas chácaras, que logo se transformou num loteamento de sucesso. Sobraram apenas as árvores do Colégio cujo bosque se ligava, então, à vegetação da encosta que leva à atual parte alta do bairro. Dessa fartura de verde, resta agora, no meio de uma grota, a sempre ameaçada Mata das Borboletas. Os córregos foram canalizados, sob a Rua Venezuela e a Avenida Uruguai, e as nascentes se perderam.
Lembro-me de uma chácara perdida no meio da mata, onde se cultivavam várias espécies preciosas de frutíferas e flores tropicais, especialmente os antúrios que enfeitaram a capela do Colégio na missa de nossa formatura do Ginásio, em 1952. Essa chácara e suas plantações deram origem à Flora Sion, que funcionou muitos anos na Avenida Uruguai.
Ali morava também o Sr. Sebastião, começando a formar sua numerosa família. Criava um cavalo, com o qual saía todo dia para buscar laranjas no Mercado Central. Acomodadas em dois grandes cestos sobre o lombo do cavalo, as laranjas eram vendidas pelas ruas e centro da cidade. Assim eram os primeiros habitantes locais. Gente forte, trabalhadora, vida simples e digna.
Aos poucos, houve muitas transformações. A cidade é dinâmica, tudo muda. O bairro foi tomando ares de cidade grande. Tem do bom e do ruim, como tudo na vida.
Vou contar o que lembro, sem compromisso com a realidade exterior. A verdade que vai aparecer é a minha, do jeitinho como está guardada na minha memória. Pode não coincidir com a verdade real, mas é real pra mim.
Começava o ano letivo de 1949, estreando o prédio próprio do colégio, construído em terreno cedido pela Prefeitura, como incentivo à urbanização daquela região, extremo sul da cidade. Foi meu primeiro contato com o que viria ser o bairro Sion, cenário de quase toda a minha vida daí pra frente.
Quando eu estudava no Sion, a gente só chegava lá de especial ou de carro. O bonde parava em frente à Igreja do Carmo e de lá voltava ao Centro. Mais tarde, chegou à Rua Buenos Aires. Mas pouco tempo depois, os bondes foram banidos das vias de Belo Horizonte.
Era praticamente uma área rural. As poucas famílias que ali habitavam, tinham pequenas propriedades perdidas no meio da vegetação. Um mato fechado, cortado por riachos e nascentes cristalinas, com casebres e pequenas chácaras, que logo se transformou num loteamento de sucesso. Sobraram apenas as árvores do Colégio cujo bosque se ligava, então, à vegetação da encosta que leva à atual parte alta do bairro. Dessa fartura de verde, resta agora, no meio de uma grota, a sempre ameaçada Mata das Borboletas. Os córregos foram canalizados, sob a Rua Venezuela e a Avenida Uruguai, e as nascentes se perderam.
Lembro-me de uma chácara perdida no meio da mata, onde se cultivavam várias espécies preciosas de frutíferas e flores tropicais, especialmente os antúrios que enfeitaram a capela do Colégio na missa de nossa formatura do Ginásio, em 1952. Essa chácara e suas plantações deram origem à Flora Sion, que funcionou muitos anos na Avenida Uruguai.
Ali morava também o Sr. Sebastião, começando a formar sua numerosa família. Criava um cavalo, com o qual saía todo dia para buscar laranjas no Mercado Central. Acomodadas em dois grandes cestos sobre o lombo do cavalo, as laranjas eram vendidas pelas ruas e centro da cidade. Assim eram os primeiros habitantes locais. Gente forte, trabalhadora, vida simples e digna.
Aos poucos, houve muitas transformações. A cidade é dinâmica, tudo muda. O bairro foi tomando ares de cidade grande. Tem do bom e do ruim, como tudo na vida.
Vou contar o que lembro, sem compromisso com a realidade exterior. A verdade que vai aparecer é a minha, do jeitinho como está guardada na minha memória. Pode não coincidir com a verdade real, mas é real pra mim.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
A ética na escola
"Aula de ética é em casa, não na escola" - este o título do artigo de Gustavo Ioschpe, na VEJA 30 de junho de 2010, p120.O título apresenta essa afirmativa mas, como acontece com muitos títulos, ela é apenas uma provocação para chamar a atenção do leitor. Num primeiro momento parece ser uma posição radical contra o papel das escolas em relação à ética na educação.
Uma posição que se baseia na convicção do autor de que o "desenvolviemnto ético de uma criança é uma prerrogativa de seus pais".
Mais adiante, vem uma afirmação aparentemente contraditória: "Acredito, sim, que a ética tem papel vital na escola, mas não no discurso, e sim na ação". Viva! Estamos de acordo.
A escola não pode passar ao largo de sua função educativa - e a formação ética faz parte, sem dúvida da educação escolar. O papel mais forte nessa área de aprendizagem é das famílias, onde os alunos adquirem e vivem os valores que seus pais lhes transmitem - bem ou mal. Concordo também com o autor, quando explica seu ponto de vista, dizendo que "cabe à escola criar ambiente propício à liberdade intelectual, sem esquecer de aplicar no dia a dia os princípios éticos que norteiam a vida em sociedade" tais como pontualidade, assiduidade de professores e alunos, regras aplicadas a todos, punição à violência, a que eu acrescentaria o rigor no cumprimento de compromissos, o respeito e a gentileza nas relações.
Aí vem a grande questão levantada nesse texto: o autor duvida que os professores brasileiros estejam preparados para travar a discussão sobre ética com a profundidade que o tema exige. E teme que o conteúdo, tratado com superficialidade desande para o discurso panfletário, transformando o ensino em doutrinamento - um perigo real. E vai além. Citando a banalização da cola - com base em sua experiência de estudante que jamais viu um aluno ser punido por ter colado em prova - alega que nesse cenário, em que os trapaceiros se dão bem, falar em ética é um deboche e um desserviço.
Não vou levantar aqui as questões sobre a pertinência da ética como conteúdo curricular, mas quero manifestar minha inquietação com a relevância do preparo dos professores, não apenas para discutir ética com seus alunos sem resvalar para a manipulação doutrinária, mas também para agir realmente com ética nos assuntos mais diversos e nos momentos mais comuns da vida escolar. Acho essa profissão a mais difícil do mundo. Que responsabilidade!
Vocês não acham?
domingo, 4 de julho de 2010
Começando as ledices
Ledices são tolices específicas, próprias da Ledinha, personagem que mantém este blog. São a expressão de idèias mutáveis.
Primeiro é preciso explicar que meu nome é Lêda (ou não precisa?)
Depois vamos entender que leda não é apenas um nome de mulher. Tem significado por si mesmo, como palavra do idioma português. E com esse significado, tem marcado minha vida - até minha personalidade.
Começamos pelo Dicionário: (Aurélio)
leda.(do latim, laeta) feminino de ledo, adj. Risonho, contente, alegre, jubiloso.
"Já mimosas as flores desabrocham,/ Já mais ledos os pássaros gorgeiam". Gonçalves Dias.
Logo, meu nome próprio é um adjetivo. Que fica comigo para me mostrar o lado bom das coisas e dos eventos. Que comanda meu temperamento, não me deixa ficar triste. Que me inspira satisfação e gratidão pelo que sou, pelo que vivo, pelo que tenho, por tudo e todos que me cercam.
Meu nome não sou eu. Mas me influencia.
E eu, quem sou? Sou a dona das ledices deste blog.
Bjs, Ledinha.
Primeiro é preciso explicar que meu nome é Lêda (ou não precisa?)
Depois vamos entender que leda não é apenas um nome de mulher. Tem significado por si mesmo, como palavra do idioma português. E com esse significado, tem marcado minha vida - até minha personalidade.
Começamos pelo Dicionário: (Aurélio)
leda.(do latim, laeta) feminino de ledo, adj. Risonho, contente, alegre, jubiloso.
"Já mimosas as flores desabrocham,/ Já mais ledos os pássaros gorgeiam". Gonçalves Dias.
Logo, meu nome próprio é um adjetivo. Que fica comigo para me mostrar o lado bom das coisas e dos eventos. Que comanda meu temperamento, não me deixa ficar triste. Que me inspira satisfação e gratidão pelo que sou, pelo que vivo, pelo que tenho, por tudo e todos que me cercam.
Meu nome não sou eu. Mas me influencia.
E eu, quem sou? Sou a dona das ledices deste blog.
Bjs, Ledinha.
Assinar:
Postagens (Atom)