sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Deu no rádio...

Eu  penso muito enquanto estou dirigindo. Os caminhos são sempre longos na vinda e na ida, para qualquer lugar...
As notícias do rádio fazem minha cabeça ferver, cheia de idéias, indignação ou entusiasmo, quando se trata respectivamente de política ou de esportes.
Hoje o Cielo ganhou a medalha de ouro nos 50 metros, nado livre, em piscina curta (25 metros) - indo e vindo, como um raio, em incríveis braçadas, sem respirar uma única vez!!!
Por outro lado, os deputados se conferem um aumento enorme nos subsídios, numa votação relâmpago, com a simples justificativa de equiparação com o mais alto posto do Judiciário. Não sou contra deputado, juiz, ministro, reitor - qualquer servidor público - ganhar bem, desfrutar de uma mega infraestrutura para desempenhar sua função. O trabalho deles é muito importante, para isto nós os elegemos e pagamos seus salários.
Mas fico pensando, cá com meus botões: se eles trabalhassem mesmo... Por que elegemos deputados para trabalhar só de terça a quinta-feira? Que povo é este que acha que trabalho de deputado é ficar "ouvindo as bases"? Na verdade, ouvir as bases, nos termos brasileiros, pode ser traduzido por incentivar o clientelismo. Os deputados fazem isto por que se não fizerem não são reeleitos. Nós, o povo brasileiro, não entendemos bem o papel altamente relevante dos nossos representantes. Nós, o povo brasileiro, em maioria, achamos que ser político é ser simpático, boa praça, benevolente, paternalmente generoso!
Atualmente, com todos os recursos tecnológicos, ouvir as bases, no seu sentido mais adequado e preciso, demandaria muito menos presença física. Não digo que o deputado precisa se isolar, perder contato com suas "bases". Claro que não. Mas, penso que seu principal papel é buscar a realização de um projeto coerente com o ideário de seu partido. Estudar as leis existentes, descobrir as falhas a corrigir e as necessidades reais a atender. Discutir mais com seus pares, juntar-se aos assessores para analisar dados, ouvir especialistas, promover debates pela internet. Fazer contatos diretos com a população de forma organizada e objetiva, na busca de sugestões e soluçãos. Atuar, assim, com maior profundidade na formulação de propostas e na fiscalização das ações de governo, seja com atitude de apoio ou de oposição.
Para fazer o que eles fazem agora, com a superficialidade que vemos todo dia, o salário está realmente muito alto. Nada mudou ou vai mudar tanto que justifique um aumento de mais de 10 vezes o índice da inflação.
Mas, o pior não é o valor aprovado. O Brasil pode aguentar - coitado, já aguenta tanta coisa! - o salário mínimo pode ser contingenciado, afinal, os pobres é que pagam as contas mesmo... O pior é a forma com que a decisão foi tomada, por votação simbólica, sem debate, sem o mínimo esforço para convencer os seus patrões (nós) da justeza da medida. Tomados de surpreza, só podemos desconfiar de que o assunto não foi colocado em debate porque eles mesmos não acreditavam em seus argumentos.
Por falar em argumento, é oportuno lembrar que o parlamentar tem um salário indireto polpudo porque os ganhos diretos eram insuficientes, segundo os beneficiados. E agora, com o aumento do salário direto, vão ser reduzidos os subsídios indiretos???
Eu ia falar da vaidade do Lula, mas acho que por hoje chega.

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