quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O colégio e a montanha - o começo.

Ah! O bairro Sion que eu vi nascer!

Aos poucos as lembranças vão chegando e se acumulando, ainda desorganizadas, querendo sair para o papel. Assim não pode! Calma - primeiro as mais antigas. E aí vem uma dificuldade: fica difícil, sem uma pesquisa mais cuidadosa, definir a idade dos fatos, das imagens, das emoções. Melhor não me importar com exatidões.
Nos primeiros tempos, o colégio não interagia muito com o seu entorno. As alunas chegavam de ônibus especial e ali era nosso mundo particular. O terreno em volta do prédio não era pavimentado. Terra clara, sílica cor de rosa. Burrinhos puxavam carroças, trazendo terra, levando entulho da obra ainda não concluída, transportando brita miúda para calçar os caminhos e diminuir a poeira ou a lama.
Acima do barranco que limitava o pátio, a leste do prédio, ficava o bosque, um bosque de verdade, natural, onde se destacava a imagem branca, linda e majestosa de Nossa Senhora de Sion, contra o verde escuro da vegetação.
Lá fora, as ruas ainda não eram pavimentadas também. Mas havia um caminho calçado de pé de moleque, muito antigo: era a estradinha que levava ao Acaba Mundo. Ali, escondida entre montanhas da serra do Curral, ficava a fazenda da família Guimarães, então cedida ao Country Clube de Belo Horizonte. Esse caminho, bem reto em grande parte, incorporou-se ao traçado do bairro - corresponde à Rua República Argentina que sobe, sobe, sobe e, lá no alto, depois da Praça Alasca, continua com o nome de Rua Correias, em direção à nascente do córrego do Acaba Mundo, de saudosa memória.
O Country reunia, principalmente nos fins de semana, uma seleta sociedade, em seus campos de esporte, na piscina e em sua sede maravilhosa cercada de farta vegetação tropical. Para alegria da meninada cujos pais não eram sócios, de vez em quando, nas férias, alguém conseguia convites e as turmas iam, em bando, fazer piquenique naquele lugar de sonho, subir montanhas escarpadas e fazer um lanche gostoso em recantos pitorescos. Eu mesma participei de dois piqueniques desses, uma vez em um evento festivo (talvez uma excursão do colégio, não me lembro bem) e outra, nas férias, com um grupo de adolescentes do meu bairro, devidamente acompanhados, como era o costume. Uma delícia.

Em tempo: a gente ia a pé! Piquenique era coisa séria, empreendimento de jovens em férias, nada de automóvel.
Acaba Mundo era um nome apropriado para o lugar. Dali para a frente, não havia nada mesmo. Só a montanha. Mais tarde, ali se formou uma comunidade, a favela de mesmo nome, residência das lavadeiras que trabalhavam no bairro, nos anos 60. Ops!Pulei uma década! Fica para depois. Por enquanto, vamos ficar nos meus tempos de aluna, que chegava ao Colégio, no ônibus especial, cor de berinjela. O Bairro Sion estava nascendo...

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