domingo, 10 de outubro de 2010

Falando de eleições

Não vou usar meu blog para fazer campanha, mesmo porque tenho tão poucos seguidores que a campanha não teria o menor efeito eleitoral. Mas todo dia eu leio sobre o assunto na internet e nos jornais. Não resisto a marcar presença com um comentário.

Vamos ao que escreveu Baptista Chagas de Almeida, hoje, na sua coluna EM DIA COM A POLÍTICA, no jornal Estado de Minas:


Petistas mineiros ...com a garantia do anonimato afirmam que Aécio Neves, se fosse o candidato tucano, estaria e venceria no segundo turno de mão amarrada, porque ele tem o que falta tanto a Dilma Rousseff quanto a José Serra: emociona, é simpático e é moderno”. Não me surpreende que reconheçam isto – uma facção mais pragmática do PT, na eleição municipal de 2008, em BH, uniu-se a Aécio para ganhar a eleição, participando da chapa vitoriosa encabeçada por Márcio Lacerda, PSB, indicado e apoiado pelo então governador.

No entanto, o carisma de Aécio não funcionou a favor do tucano neste primeiro turno - talvez porque grande parte dos que votaram em Aécio para Senador tenha se recusado a votar em Serra por ressentimento contra o modo como se deu a escolha do candidato do PSDB à presidência do Brasil. O processo de decisão do partido  pareceu arrogante e pouco simpático, ferindo os brios dos mineiros que tomaram as dores do seu governador, detentor de incontestável popularidade. Foi uma disputa em que a decepção de ter perdido o posto para o correligionário paulista, julgando ter em Minas o candidato ideal, contaminou a decisão do eleitorado das bandas de cá. Claro que não se pode também ignorar a grande surpresa que foi a alternativa apresentada pela candidata Marina Silva e sua nova forma de fazer campanha eleitoral. Por isto, se quiser vencer em Minas no segundo turno, Serra terá que contar com Aécio suando a camisa para reconquistar os votos perdidos no primeiro turno. Mas nem isto basta.

Não menosprezando o valor do carisma na política, lamento no entanto que o processo não seja mais focado na análise da competência e qualidades dos candidatos e em suas ideias. Além disso, quando as propostas sérias ficam ofuscadas pelas jogadas de publicidade ou se reduzem a apelos populistas, o jogo eleitoral não contribui para a formação política do povo nem para a consolidação da democracia.

Outra matéria que me chamou a atenção no Estado de Minas de hoje, foi a reportagem sobre as cidades mineiras onde os principais candidatos foram proporcionalmente mais votados: Dilma teve 85% dos votos em Olhos d´ Água, norte de Minas – município muito pobre, onde grande parte da população depende do programa Bolsa Família ou do Banco de Alimentos, que beneficia pequenos agricultores locais com a compra subsidiada de sua produção rural. Segundo o prefeito (do PSB), a população teme que, se Dilma não for eleita, os benefícios sejam cortados, conforme ameaças de “petistas locais”. Uma eleitora entrevistada alega que votou na Dilma porque ela é a “candidata dos pobres”.

A cidade que deu mais votos a Serra, mais de 70%, foi Jacuí, no sul de Minas, onde não falta emprego e a população beneficiada pelo bolsa família não chega nem a preencher as vagas destinadas ao município pelo programa federal. Jacuí fica perto da divisa com São Paulo, sofrendo forte influência do estado vizinho. Provavelmente, Serra lá é um velho conhecido.

Visto assim, superficialmente, o cenário focalizado na reportagem, parece dar razão à propaganda que opõe pobres e ricos nesta etapa do desenvolvimento da democracia no Brasil. A desinformação e a má fé com certeza podem fazer essa falácia "pegar", enfraquecendo a denúncia e adiando o enfrentamento das verdadeiras causas da pobreza, das doenças e da violência, os grandes males que a população conhece, sofre e dos quais se quer livrar. O fantasma da Venezuela, naufragando nessa luta inglória, artificialmente alimentada por motivos egoístas de um político egocêntrico, me faz perder o sono... Se o carisma de um presidente pode servir para unir a nação, é uma pena que seja empregado para implantar a discórdia, demonizar as “elites”, maldizer a imprensa e limitar a liberdade de opinião.

O carisma é bom para conquistar votos, mas não faz um grande presidente. Se não conseguimos um com carisma, que pelo menos possamos escolher um cuja história nos dê garantia de trabalho sério, com rumo definido e compromisso com a dignidade e a qualidade de vida de todos os brasileiros.  

Por isto, pelo amor de Deus, candidato Serra, não entre no jogo das meias verdades, não faça promessas vazias, pense grande, ajude o povo brasileiro a pensar grande, acredite na inteligência de nossa gente!

Vamos a uma campanha que mostre a real diferença das propostas. Vamos chamar o cidadão brasileiro para uma empreitada que desperte o patriotismo verdadeiro, que nos faça torcer pelo Brasil em todos os momentos de nossa vida, não apenas quando nossos representantes são jogadores de bola, no campo ou na quadra. Vamos exigir dos políticos o que exigimos de nossos atletas: muito trabalho, eficiência nos fundamentos, eficácia dos resultados, atitude ética e garra na luta. Simpatia, generosidade e bons modos também não fazem mal a ninguém.


Ledinha, 10 de outubro de 2010.

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