28.09.2011
VIDA A BORDO
Hoje é nosso último dia no navio. Como, nas páginas anteriores, eu falei quase só das aventuras em terra, é preciso falar também sobre o tempo que passamos no mar, em nosso hotel navegante. Reuni hoje trechos de anotações feitas ao longo da viagem, para dar um panorama da vida a bordo. ![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqVb4iLjs-9hFbwx-1c3I_DbpFbaUXmPiyHMXZCcOZd54Ocgw8ixOkH_ES0Z7Wh-jiIOQEZT0NgDzSuONSZ1rXHPFYh8I4tBotNwA4Xa5DcWXilgVhs6w11yFWdvYmzIRQAm7bteD7NBpy/s320/2011+09+23+Gr%25C3%25A9cia+132.jpg)
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É um belo navio. Da família Regent, chama-se "Regent´s Seven Seas Voyager. Tudo aqui é muito bom, bem cuidado, e limpo - ambiente, serviços, alimentação. A decoração brilhante fica no limiar do bom gosto, dentro de padrões da categoria. Afinal, estamos em um cruzeiro e o navio funciona como um resort de primeira linha, com uma programação capaz de atender a esta variegada fauna humana, onde me incluo, com as diferenças naturais de gosto e interesses. Só se fala inglês. A maioria dos passageiros é americana, mas consegui identificar belgas, britânicos, australianos e apenas uma venezuelana simpática que se dirigiu a mim em inglês no elevador e, depois que soube minha nacionalidade, passou a falar espanhol. Nunca mais a vi. São 700 hóspedes. De brasileiros, só nós e um cozinheiro. Os oficiais são europeus e a tripulação é internacional, mas na base da pirâmide predominam os filipinos.
Nas cabines, fomos recebidos com uma cesta de frutas frescas e champagne no gelo. O refrigerador está abarrotado, mas eu consigo ajeitar a garrafa, guardando-a para uma ocasião importante. Toda manhã, a camareira arruma o quarto, renova as frutas e deixa um folheto com a programação do dia. À tarde, vem preparar a cama para a noite e deixa duas barrinhas de chocolate, com uma mensagem poética. Ela tem um radio receptor minusculo na cintura cuja luzinha que se acende se eu apertar uma determinada tecla do telefone. Ela aparece em menos de um minuto! Usei esse recurso só uma vez . Serviço de quarto |
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Restaurante La Veranda |
A programação do cruzeiro é farta e variada. E o gerente do cruzeiro – o promotor das atrações - é um animador incansável e tem uma equipe afiada. Quando não o vemos pessoalmente no comando de um evento, ou recepcionando as pessoas na porta do teatro, podemos vê-lo na televisão do quarto, mostrando as belezas dos lugares por onde o navio passa. Claro que não temos tempo de ficar na cabine para assistir a tudo, mas são reportagens muito interessantes, ricas em informação (em inglês, pesco um pouquinho...) e imagens. De vez em quando, sua voz se faz ouvir nos alto-falantes, chamando para jogos, dando avisos e instruções. No primeiro dia, fomos acordados com chamada para treino de procedimentos de emergência. Lembram-se daquela noite em que fui dormir depois das 4 horas, no porto de Atenas? Pois é, às 8 já tinha tomado café e estava no 5º deck, a postos para aprender o que fazer em situações de perigo: pontos de encontro, o uso de salva-vidas, os apitos de alerta, equipe de socorro...
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Pool Grill |
Saída de tender (botes para 40 passageiros) ou de ônibus, conforme a situação do navio: ancorado ao largo ou atracado no porto. Quem não quer sair em grupo, pode se aventurar como bem entender, explorando a orla por conta própria. Se quiser acordar depois das 10, o café é nos bares da piscina. Voltando do passeio, almoço nos restaurantes ou nos bares.
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Área da piscina, vendo-se ao fundo a pista elevada de jogging |
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Tarde se sol na piscina, no porto de Dubrovnik, Croácia |
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Panorama descortinado da sacada da cabine. |
Junto ao clube, fica o Internet-Café , ou seja alguns banquinhos de pés longos em torno de uma mesinha redonda alta e uma bancada com máquina de café inoperante. Quem entra ali só quer mesmo é usar os computadores e, para tomar café, melhor é o Coffee Connection, ali perto. É perfeito e funciona em sistema de auto-serviço. A gente se serve numa máquina muito inteligente e prestativa, que oferece as variedades de café disponíveis, leite e chá. Muito bom! Rosquinhas e outros acompanhamentos podem ser escolhidos em vitrines aquecidas. Um aviso discretamente diz: "Please, use the tong”, mas não é pra se servir com a língua: num prato ao lado, repousam pinças, ali às ordens.
No saguão do deck 4, ao lado da escadaria central, fica um grande quebra-cabeça com pessoas em volta, tentando montar as peças. Alguns chegam, outros desistem, a paisagem está longe de se completar. Eu devia ter tirado uma foto!
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Observation Lounge, visão de proa. |
Logo no segundo dia, Flora convidou-nos a sua cabine, para um drink antes do jantar, com uns camarões enormes e lagostas, gentileza do navio a seus hóspedes mais freqüentes, que é o caso dela. No aniversário da Márcia, foi a vez do casal nos convidar para um encontro em sua cabine, com petiscos e champanhe. Somos poucos, mas muito animados, tudo vira festa. O bom desta viagem é que estamos muito bem combinados, gostamos da companhia uns dos outros.
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Mas é preciso jantar antes das 8 horas, para não perder o show no grande teatro Constellation, diferente cada noite. A função começa às 8h 45. Música instrumental, canções de várias épocas, imitação dos Beatles e por aí vai. Alguns títulos dos espetáculos: “Just Swing”, “Fiona” (soprano sensacional) “Viva la Vida”(canções e ritmos latinos), “Constantine, the Piano Showman”, “Cirque Voyager” com bailarinos acrobatas, “Broadway Tonight!”. Os artistas são ótimos - excelentes bailarinos e cantores. Flora acha as vozes altas demais, mas mesmo concordando, adorei tudo.
A noite pode acabar nos bares, no cassino, na boate ou nas lojas - ao gosto do freguês. Eu não fui à boate, mas fui ao cassino duas vezes - joguei e ganhei! Na primeira vez, comprei 50 euros de fichas e perdi em pouco tempo. Na segunda vez, com vinte euros, ganhei $ 294!!! Considerando que gastei 70 euros em fichas, o ganho foi de $ 224!!! Um verdadeiro sucesso!
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Os 10 dias do cruzeiro não são suficientes para conhecer, nem por alto, tudo o que o navio oferece, mesmo porque passamos grande parte de cada dia em terra.
Andei por todos os ambientes: bares, biblioteca, salas de jogos, salas de conversação, galeria de artes, pista de caminhada, quadra de tênis, mas nem cheguei perto de locais denominados “golf net” e “shuffleboard” que nem sei o que são, assim como não fiz uso da academia de ginástica, do salão de beleza, dos aparelhos de aeróbica, da sauna, das massagens. Só Márcia achou tempo para uma massagem. Além da lavanderia geral do navio, cada andar tem uma pequena lavanderia para uso dos hóspedes.
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La Veranda - parte externa |
Come-se bem neste cruzeiro, sem dúvida. São vários restaurantes, cada um com seu estilo.
Café da manhã e almoço, quase todo dia no La Veranda, um self-service na extremidade posterior (popa) do 11º deck, com janelas de vidro e uma varanda ao redor, de modo que dele se pode avistar a paisagem e o mar, estando no interior ou nas mesas externas. Tudo muito gostoso e a maior variedade de salgados e doces, frios e quentes.
À noite, jantar no Compass Rose, muito grande e muito chique, com somellier, serviço à la carte e muita gentileza. O cardápio oferece opções de aperitivos, saladas, sopas, intermezzo, pratos principais, sobremesas, café ou chá e licores. Ufa!
Em noite festiva, aniversário da Marcia, dia 21, fomos ao Signatures, um restaurante mais sofisticado, com atenção especial de chefe, garçons, copeira, um bolinho com vela de parabéns. Uma delícia de trato, mas a comida é tão boa quanto nos outros: ótima! Outra noite, fomos ao Prime 7, também à altura da expectativa. O Prime e o Signatures só atendem por reserva. São menores e, por isso, mais exclusivos do que o Rose. Os três servem "à la carte".
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Pool Bar |
Tivemos uma noite de gala: Convidados pelo, "General manager" do navio, Franck Galzy – convite formal escrito, entregue na cabine – nosso grupo foi jantar "at his table" no Compass Rose.O convite deve-se ao prestígio de Mrs. Flora, que conheceu o amigo Frank em outras viagens. Très chic! ( o anfitrião é francês!) Por gentileza conosco, por causa da língua, ele convidou também o oficial encarregado do suprimento do navio, um português chamado Jo, não consegui saber seu nome completo. É casado com uma romena que também faz parte da tripulação (ela não compareceu, estava trabalhando na recepção do outro restaurante). Diz que já foi casado três vezes, três desastres. Mas não desiste, agora mora na Romênia, onde eles ficam apenas 1/3 do ano. O resto do tempo é no navio – vida de marinheiros. Prometeu-nos uma moqueca feita pelo cozinheiro, único tripulante brasileiro do navio. É hoje! No almoço, provamos uma moqueca brasileira!
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O Comandante, a caráter (ele é escocês |
Ontem, para arrematar a temporada, o Comandandte dedicou aos passageiros um show muito bem produzido, no grande teatro Constellation, com participaçao do pessoal do navio, representantes de todos os setores e serviços. Assistimos dublagens bem caracterizadas de Elvis Presley, Michael Jackson e outras grandes estrelas do show busines internacional. Também performances de voz própria, alguns amadores muito bons. Não faltaram melodias e bailados típicos da terra de origem dos tripulantes, principalmente das Filipinas. Além desses, para elevar o nível do espetáculo, foram intercalados números dos artistas profissionais do Voyager. Na apoteose, despedidas emocionadas e muitos aplausos.
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Rock dos anos 1960 |
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Regent´s Dancers and Singers |
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Dança típica filipina |
Por fim, não posso deixar de falar sobre uma aprendizagem que me impressionou muito. Eu que nunca tinha visto o alto mar de perto, só conhecia o verde-mar das praias, descobri o verdadeiro significado da expressão AZUL MARINHO! Olhando do alto, para o abismo das águas, eu vi essa cor - quanto mais profundo o mar, mais escura.Quero repartir esta emoção com vocês:
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