quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Diário de viagem, p.07: NO NAVIO

Se você está entrando agora no meu diário, sugiro que comece da PRIMEIRA PÁGINA, lá embaixo. Use a barra de rolagem. Fico feliz de saber que você está aqui


28.09.2011

VIDA A BORDO

Hoje é nosso último dia no navio. Como, nas páginas anteriores, eu falei quase só das aventuras em terra, é preciso falar também sobre o tempo que passamos no mar, em nosso hotel navegante. Reuni hoje trechos de anotações feitas ao longo da viagem, para dar um panorama da vida a bordo.
É um belo navio. Da família Regent, chama-se "Regent´s Seven Seas Voyager. Tudo aqui é muito bom, bem cuidado, e limpo - ambiente,  serviços, alimentação. A decoração brilhante fica no limiar do bom gosto, dentro de padrões da categoria. Afinal, estamos em um cruzeiro e o navio funciona como um resort de primeira linha, com uma programação capaz de atender a esta variegada fauna humana, onde me incluo, com as diferenças naturais de gosto e interesses. Só se fala inglês. A maioria dos passageiros é americana, mas consegui identificar belgas, britânicos, australianos e apenas uma venezuelana simpática que se dirigiu a mim em inglês no elevador e, depois que soube minha nacionalidade, passou a falar espanhol. Nunca mais a vi. São 700 hóspedes. De brasileiros, só nós e um cozinheiro. Os oficiais são europeus e a tripulação é internacional, mas na base da pirâmide predominam os filipinos. 
Serviço de quarto

 Nas cabines, fomos recebidos com uma cesta de frutas frescas e champagne no gelo. O refrigerador está abarrotado, mas eu consigo ajeitar a garrafa, guardando-a para uma ocasião importante. Toda manhã, a camareira arruma o quarto, renova as frutas e deixa um folheto com a programação do dia. À tarde, vem preparar a cama para a noite e deixa duas barrinhas de chocolate, com uma mensagem poética. Ela tem um radio receptor minusculo na cintura cuja luzinha que se acende se eu apertar uma determinada tecla do telefone. Ela aparece em menos de um minuto! Usei esse recurso só uma vez . 

Restaurante La Veranda
 Não há atropelo, o espaço dá para todos. Os restaurantes sempre estão cheios, mas não repletos. Nunca ficamos sem uma boa mesa para quatro.  
A programação do cruzeiro é farta e variada. E o gerente do cruzeiro – o promotor das atrações - é um animador incansável e tem uma equipe afiada. Quando não o vemos pessoalmente no comando de um evento, ou recepcionando as pessoas na porta do teatro, podemos vê-lo na televisão do quarto, mostrando as belezas dos lugares por onde o navio passa. Claro que não temos tempo de ficar na cabine para assistir a tudo, mas são reportagens muito interessantes, ricas em informação (em inglês, pesco um pouquinho...) e imagens. De vez em quando, sua voz se faz ouvir nos alto-falantes, chamando para jogos, dando avisos e instruções. No primeiro dia, fomos acordados com chamada para treino de procedimentos de emergência. Lembram-se daquela noite em que fui dormir depois das 4 horas, no porto de Atenas? Pois é, às 8 já tinha tomado café e estava no 5º deck, a postos para aprender o que fazer em situações de perigo: pontos de encontro, o uso de salva-vidas, os apitos de alerta, equipe de socorro...  
Pool Grill
 O roteiro diário, com as alterações devidas ao livre arbítrio de cada um, é mais ou menos assim: café da manhã muito farto no La Veranda seguido de reunião no Teatro Constellation, no deck 4, para formação dos grupos para excursões na costa.
Saída de tender (botes para 40 passageiros) ou de ônibus, conforme a situação do navio: ancorado ao largo ou atracado no porto. Quem não quer sair em grupo, pode se aventurar como bem entender, explorando a orla por conta própria. Se quiser acordar depois das 10, o café é nos bares da piscina. Voltando do passeio, almoço nos restaurantes ou nos bares.  

Área da piscina, vendo-se ao fundo a pista elevada de jogging

Tarde se sol na piscina, no porto de Dubrovnik, Croácia
 À tarde,  um pouco de sol,  um mergulho gostoso ou recolher-se para ler ou descansar apreciando a paisagem da sacada da cabine.  Às vezes, vale a pena voltar à terra, para novas explorações. Mas a piscina é sensacional, de preferência à tarde, porque de manhã às vezes faz um ventinho... Sua profundidade vai de 1m a 1,68m, com um declive brusco no meio, que pega a gente de surpresa. Tem uma escada muito confortável, para facilitar a saída. Água fria, 26 graus, mas deliciosa por causa do calor. Quem preferir pode ficar de molho em dois ofurôs bem convidativos.

Panorama descortinado da sacada da cabine.
  As espreguiçadeiras em grande quantidade oferecem conforto para momentos de completo relax. Mais tarde, um gostoso café com leite ou cappuccino no Coffee Connection, lendo, observando os que passam ou jogando conversa fora com os amigos. Essa cafeteria fica no 5º deck, o andar das butiques, do Horizon Lounge e do Club.com. Este último tem uns trinta computadores disponíveis o dia todo e uma assistente a partir das 4h da tarde – como me ajudou, essa filipina!
Junto ao clube, fica o Internet-Café , ou seja alguns banquinhos de pés longos em torno de uma mesinha redonda alta e uma bancada com máquina de café inoperante. Quem entra ali só quer mesmo é usar os computadores e, para tomar café, melhor é o Coffee Connection, ali perto. É perfeito e funciona em sistema de auto-serviço. A gente se serve numa máquina muito inteligente e prestativa, que oferece as variedades de café disponíveis, leite e chá. Muito bom! Rosquinhas e outros acompanhamentos podem ser escolhidos em vitrines aquecidas. Um aviso discretamente diz: "Please, use the tong”, mas não é pra se servir com a língua: num prato ao lado, repousam pinças, ali às ordens.
No saguão do deck 4, ao lado da escadaria central, fica um grande quebra-cabeça com pessoas em volta, tentando montar as peças. Alguns chegam, outros desistem, a paisagem está longe de se completar. Eu devia ter tirado uma foto!
Observation Lounge, visão de proa.
Antes do jantar, os companheiros de viagem se encontram e podem escolher vários lugares para uns minutos de aperitivo,  apreciando o por do sol. Para isto o ideal são os lounges, com ampla visão para fora. Na proa do deck 11, fica o Observation e na popa do deck 5, o Horizon. No fim de tarde, esses bares oferecem música ao vivo e a oportunidade de aproveitar os últimos momentos da paisagem que se esconde aos poucos na escuridão da noite. No dia seguinte, a terra à vista já será outra, porque navegamos por volta de doze horas durante as noites para chegar em novo porto sempre ao alvorecer.
Logo no segundo dia, Flora convidou-nos a sua cabine, para um drink antes do jantar, com uns camarões enormes e lagostas, gentileza do navio a seus hóspedes mais freqüentes, que é o caso dela. No aniversário da Márcia, foi a vez do casal nos convidar para um encontro em sua cabine, com petiscos e champanhe. Somos poucos, mas muito animados, tudo vira festa. O bom desta viagem é que estamos muito bem combinados, gostamos da companhia uns dos outros. Ontem, foi aqui, na minha cabine. Lembram que eu guardei a garrafa de champagne para um dia especial? Pois é, foi ontemDepois que nosso “Viajante dos Sete Mares” começa a navegar, um bom programa é visitar as butiques com lindas vitrines de  jóias e bijuterias, relógios, bolsas e outros artigos de couro, roupas, perfumes, peças de cama e mesa, adornos para casa, para presente e recordação. As lojas só abrem à noite, quando o navio se movimenta, assim como o cassino e a boate.

Mas é preciso jantar antes das 8 horas, para não perder o show no grande teatro Constellation, diferente cada noite. A função começa às 8h 45. Música instrumental, canções de várias épocas, imitação dos Beatles e por aí vai. Alguns títulos dos espetáculos: “Just Swing”, “Fiona” (soprano sensacional) “Viva la Vida”(canções e ritmos latinos), “Constantine, the Piano Showman”, “Cirque Voyager” com bailarinos acrobatas, “Broadway Tonight!”. Os artistas são ótimos - excelentes bailarinos e cantores. Flora acha as vozes altas demais, mas mesmo concordando, adorei tudo. A noite pode acabar nos bares, no cassino, na boate ou nas lojas - ao gosto do freguês. Eu não fui à boate, mas fui ao cassino duas vezes - joguei e ganhei! Na primeira vez, comprei 50 euros de fichas e perdi em pouco tempo. Na segunda vez, com vinte euros, ganhei $ 294!!! Considerando que gastei 70 euros em fichas, o ganho foi de $ 224!!! Um verdadeiro sucesso!
Os 10 dias do cruzeiro não são suficientes para conhecer, nem por alto, tudo o que o navio oferece, mesmo porque passamos grande parte de cada dia em terra.
Andei por todos os ambientes: bares, biblioteca, salas de jogos, salas de conversação, galeria de artes, pista de caminhada, quadra de tênis, mas nem cheguei perto de locais denominados “golf net” e “shuffleboard” que nem sei o que são, assim como não fiz uso da academia de ginástica, do salão de beleza, dos aparelhos de aeróbica, da sauna, das massagens. Só Márcia achou tempo para uma massagem. Além da lavanderia geral do navio, cada andar tem uma pequena lavanderia para uso dos hóspedes.
 
La Veranda - parte externa
A gente pode até dar uma olhada em tudo isso, curtir alguma coisa, mas usar com freqüência mesmo, só a piscina,  os restaurantes e os bares.
Come-se bem neste cruzeiro, sem dúvida. São vários restaurantes, cada um com seu estilo.
Café da manhã e almoço, quase todo dia no La Veranda, um self-service na extremidade posterior (popa) do 11º deck, com janelas de vidro e uma varanda ao redor, de modo que dele se pode avistar a paisagem e o mar, estando no interior ou nas mesas externas. Tudo muito gostoso e a maior variedade de salgados e doces, frios e quentes.
À noite, jantar no Compass Rose, muito grande e muito chique, com somellier, serviço à la carte e muita gentileza. O cardápio oferece opções de aperitivos, saladas, sopas, intermezzo, pratos principais, sobremesas, café ou chá e licores. Ufa!

Pool Bar
Em noite festiva, aniversário da Marcia, dia 21, fomos ao Signatures, um restaurante mais sofisticado, com atenção especial de chefe, garçons, copeira, um bolinho com vela de parabéns. Uma delícia de trato, mas a comida é tão boa quanto nos outros: ótima! Outra noite, fomos ao Prime 7, também à altura da expectativa. O Prime e o Signatures só atendem por reserva. São menores e, por isso, mais exclusivos do que o Rose. Os três servem "à la carte". 
O Pool Bar e o Pool Grill, cada um numa extremidade da piscina, têm sanduiches e saladas, frutas, bebidas e petiscos. 
Tivemos uma noite de gala: Convidados pelo, "General manager" do navio, Franck Galzy – convite formal escrito, entregue na cabine – nosso grupo foi jantar "at his table" no Compass Rose.O convite deve-se ao prestígio de Mrs. Flora, que conheceu o amigo Frank em outras viagens. Très chic! ( o anfitrião é francês!) Por gentileza conosco, por causa da língua, ele convidou também o oficial encarregado do suprimento do navio, um português chamado Jo, não consegui saber seu nome completo. É casado com uma romena que também faz parte da tripulação (ela não compareceu, estava trabalhando na recepção do outro restaurante). Diz que já foi casado três vezes, três desastres. Mas não desiste, agora mora na Romênia, onde eles ficam apenas 1/3 do ano. O resto do tempo é no navio – vida de marinheiros. Prometeu-nos uma moqueca feita pelo cozinheiro, único tripulante brasileiro do navio. É hoje! No almoço, provamos uma moqueca brasileira!  
 
O Comandante, a caráter
(ele é escocês
Ontem, para arrematar a temporada, o Comandandte dedicou aos passageiros um show muito bem produzido, no grande teatro Constellation, com participaçao do pessoal do navio, representantes de todos os setores e serviços. Assistimos dublagens bem caracterizadas de Elvis Presley, Michael Jackson e outras grandes estrelas do show busines internacional. Também performances de voz própria, alguns amadores muito bons. Não faltaram melodias e bailados típicos da terra de origem dos tripulantes, principalmente das Filipinas. Além desses, para elevar o nível do espetáculo, foram intercalados números dos artistas profissionais do Voyager. Na apoteose, despedidas emocionadas e muitos aplausos.


Rock dos anos 1960

Regent´s Dancers and Singers

Dança típica filipina
Por fim, não posso deixar de falar sobre uma aprendizagem que me impressionou muito. Eu que nunca tinha visto o alto mar de perto, só conhecia o verde-mar das praias, descobri o verdadeiro significado da expressão AZUL MARINHO! Olhando do alto, para o abismo das águas, eu vi essa cor - quanto mais profundo o mar, mais escura.Quero repartir esta emoção com vocês: 




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