sábado, 5 de novembro de 2011

Diário de Viagem, p.08: VENEZA

Se você está entrando agora no meu diário, sugiro que comece do princípio da viagem. Olhe ali, na coluna da direita, o índice do arquivo do blog e veja as postagens de outubro e depois as de novembro. Fico feliz de saber que você está aqui!

4ª e 5ª feira - 28 E 29.09.2011
VENEZA



Dia 28 de setembro: Hoje chegamos a Veneza, o navio enorme entrando na grande laguna de água salgada, com a vista maravilhosa da cidade, eu fotografando sem parar... Foi a última noite de navegação. Esta noite ainda dormiremos no navio, mas sem navegar. O cruzeiro chega ao fim e tivemos um dia memorável.
Ao acordar, com mais um alvorecer deslumbrante, dou-me conta de que estamos nos aproximando de Veneza. São 7 e meia da manhã e cá estou de câmera nas mãos registrando o nascer do sol. Logo a paisagem mostra os primeiros sinais de terra. Sem aviso, o navio anuncia a aproximação dessa linda cidade, com envolventes canções italianas. A música propagada pelo sistema de som interno chega bem suave aos meus ouvidos, pois estou na varanda, porta fechada.










Reconheço a paisagem, as pontes sobre os canais e a praça San Marco, com a torre do relógio, que beleza! Essa praça, sempre lotada de turistas, tem duas atrações mais importantes: a Basílica de SanMarco e o Palazzo Ducale. Acredita-se que a basílica abriga os restos mortais de São Marcos, trazidos por mercadores venezianos. No início ela era apenas a Capela dos Doges, que eram os governantes da Repúlica de Veneza. (mais informações sobre o local no Guia de Veneza, de Ruy Araujo, que minha prima Silvia me ofereceu nas vésperas da viagem). Nos outros pontos onde estivemos neste nosso cruzeiro, sempre se fala sobre o poderio de Veneza e sua influência na historia da região, pois a República foi a maior potência marítima da Idade Média e Renascimento, além de desempenhar papel relevante nas Cruzadas e ter sido o maior centro comercial da área.

Aproximando-se do cais, para  atracar.











O Grande Canal surge e vai ficando para trás, enquanto nos aproximamos da zona portuária e o navio chega a seu local de atracar, em manobra magistral, pelo menos aos meus olhos de leiga.
Depois do café ainda houve tempo para a piscina e dei uma volta, despedindo-me de cada ambiente onde tive momentos tão bons.

Ao meio dia, pontualmente, chegamos ao restaurante Compass Rose, para uma moqueca feita exclusivamente para nós. Responsável pelo suprimento do navio, o oficial que nos convidara nos apresentou ao cozinheiro paulista, único tripulante brasileiro nesta viagem, que depois de preparar e servir a refeição, veio à mesa nos conhecer e receber os cumprimentos dos conterrâneos. A moqueca estava simplesmente deliciosa e com apresentação sofisticada, em pratos individuais montados ao feitio de comida internacional, longe das panelas de barro em que são servidas no Brasil. A foto comprova.
O programa noturno de hoje é diferente, porque o navio está parado, já estamos em Veneza e o "quente" é passear de gôndola. Só Márcia e Ary vão à cidade à tarde, em visita de reconhecimento.
Para mim é tempo de arrumar malas e preparar-me para o desembarque amanhã cedo.
Ao por-do-sol, pegamos a embarcação de turismo e saimos em grupo, em direção ao cais das gôndolas. Ao chegar a noite já tinha caído. O passeio foi muito bonito, com música, numa noite clara e fresca. Veneza tem um jeitão sombrio, em seus meandros mal iluminados.

A gente passa do lúgubre ao romântico em cada curva, enquanto o trajeto nos leva aos contrastes: da luz à sombra, do silêncio aos risos perdidos na noite; dos casarões abandonados com paredes carcomidas pela umidade às arcadas das pontes cheias de luz e vida; das janelas fechadas e esquecidas aos terraços festivos e iluminados. E nós ali, vivendo tudo isto - quantos séculos nos olhavam do alto dos telhados!



Não quisemos jantar em terra para não perder o tender que nos levaria de volta. Sacrifício inútil: foi o tender que se atrasou e nós perdemos o horário do restaurante Signatures, onde tínhamos reserva para as 9h, com tolerância de 15 minutos. Hoje os restaurantes fecham as portas às 9 horas. Quem entrou, entrou, Quem perdeu, perdeu. Estávamos avisados: em véspera de desembarque, tudo fecha mais cedo para ficar pronto para o dia seguinte. Até porque os garçons, nessa noite, transformam-se em carregadores de malas, numa logística impressionante de eficiência, de modo que todas as bagagens, devidamente identificadas, estarão no pátio, na hora marcada para desembarcar.
Esse contratempo foi prontamente resolvido, entrando em campo o serviço de quarto, com jantar a la carte levado até à mesinha da sala de estar da cabine. O inconveniente dessa solução foi nos separarmos mais cedo, cada um no seu quadrado... O entregador do jantar ainda me ajudou a descer a mala que estava pronta em cima da cama para dexá-la no corredor, onde será recolhida na madrugada e levada ao pátio do porto.
Agora é só deitar e agradecer a Deus a felicidade de uma viagem tão linda, em que deu tudo certo e tive tão boas companhias. Agradecer também por estar voltando para casa. Estou com saudades de meus filhotes, de meus netos e netas, de toda minha linda família!

29. 09.2011 –
EXPLORANDO VENEZA.
 
Da sacada de minha cabine,
 a última visão do alvorecer a bordo.


Às 9 horas, café tomado, saímos do navio diretamente para as instalações da Policia Federal da Itália. Daí, de taxi-lancha, singrando o Canal della Giudecca, aportamos à praça San Marco, de onde um carregador, transportando a bagagem, nos conduziu ao Hotel Monte Carlo, por um caminho que já me era familiar.

 O hotel, da rede BestWestwern, está saindo de uma reforma, todo restaurado, sem perda de sua arquitetura original e da decoração rebuscada que o caracterizam e de que me lembrava muito bem, desde que nos hospedamos aqui, em 1994.
Avisei: acho que quem se hospeda neste hotel ganha uma visita a Murano, cortesia da casa. Não deu outra. Logo que completamos o check-in, o convite foi feito e aceito prontamente. E lá fomos nós, de novo numa lancha, ver as belezas da fábrica de cristal, com suas peças delicadas, verdadeiras obras de arte, ao lado de outras, coloridas em exagero, que cansam a vista e desafiam o bom gosto.


Nós e a mãe da surfista que nos fotografou

Na lancha que nos conduziu a Murano, conhecemos uma dupla australiana de mãe e filha. A menina é surfista, diz a mãe. Pela simpatia e graça da garota, estou disposta a acreditar - num impulso de solidariedade - mas especialistas mais entendidos de ondas do mar dizem que ela não tem o "phisique du rôle". Em seguida almoçamos num restaurante escondido atrás de um túnel, num beco horroroso. Indicado pelo concierge do hotel, o La Scala é, por dentro, um lugar limpo e decorado com o maior bom gosto - contrastes de Veneza. Quem não viu perdeu o coquetel de camarão que abriu o meu almoço. Pena que não me lembrei de fotografá-lo, como fiz com a moqueca do navio.


À tarde, Flora nos convida para um drink no Hotel Cipriano, um dos mais luxuosos do mundo. E lá vamos nós, transportados pela lancha especial do hotel. Elegantemente uniformizados, os recepcionistas nos deixam à vontade para percorrer as áreas sociais, as lojas, a piscina, o spa e os jardins. Tudo lindo.






Nunca vi nada tão caro quanto as mercadorias à venda nas galerias que circundam o hall de entrada: jóias, roupas, lingerie, presentes diversos, artigos de cama e mesa, com bordados e rendas maravilhosas. A renda de Veneza que Vovó e tia Irene teciam tão bem, ali aparece em sua forma mais requintada. Nas lojinhas de rua, tais rendas e bordados também são vendidos, a preços mais em conta e ótima aparência. De volta ao hotel, para descansar de um dia bem aproveitado, tivemos a sorte de ver o anúncio de um programa da melhor qualidade para a noite. Ary logo providenciou os ingressos: um concerto de violinos, na terra de Vivaldi!
Foi um prazer assistir a uma orquestra de câmara, composta de 7 instrumentos de corda, com solo de uma violinista sensacional. O conjunto todo foi ótimo, mas a mocinha merece as honras de solista. As músicas? Um passeio pela obra de Vivaldi, fechando com As Quatro Estações, um concerto completo!

A noite se encerrou com um jantar, num terraço ao ar livre. O restaurante - não guardei o nome – que nos parecera simpático, na mesma rua do hotel, surpreende com esse pitoresco espaço interior. O serviço meio lento não esteve à altura da expectativa que a aparência sugeria, mas gostei da comida e do vinho.










Contando assim, depois que passou, não entendo como coube tanta coisa num só dia. Pois eu, voltando do Cipriano, à tarde, ainda tive tempo de percorrer o comércio e comprar uma maleta de rodinhas para substituir a frasqueira que, além de antiquada, estava com o fecho avariado! Até parei num barzinho, sentei-me a uma mesa no calçadão e tomei um sorvete - afinal estamos na Itália, não se pode passar sem um gelatto.
Da janela do ap. 401,
telhados de Veneza

Nosso hotel, o Monte Carlo, é um caso à parte, merece meu carinho. Sem luxo apesar de sua decoração pretensiosa, brindou-nos com a simpatia de uma camareira nossa compatriota - com a maior paciência para abrir o meu apartamento nas duas vezes em que saí deixando a chave lá dentro.O Hotel em pequenas gentilezas facilitou nossa programação turística: o passeio a Murano, indicação de um bom restaurante a preço razoável,  providência de compra dos ingressos para o concerto, condução à hora certa para o aeroporto... Valeu!

Veneza dá sempre vontade de voltar...










Deixando Veneza, em direção ao aeroporto, pela estrada das águas.

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