quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Morar no Vale do Mutuca

Atendendo a um pedido do jornalista da Associação Promutuca e, por coincidência, no mesmo dia em que se completavam 10 anos de nossa mudança para esta casa, eu escrevi uma resposta à pergunta: “ O que significa morar no Vale do Mutuca?”


Minha resposta:
Construir a casa e morar aqui foi a conquista de um sonho.

Primeiro a paisagem, com suas montanhas a perder de vista, o verde dos vales, a trilha na mata, o córrego com sabor de infância, os micos brincalhões, o coelhinho assustado e o caxinguelê espertíssimo, cada um por sua vez, atravessando a rua na frente do carro... Um gavião de asa quebrada foi alimentado em minha janela até que voltasse a ter forças para voar e caçar... Certa vez, passando pela estrada, minha filha parou para fotografar um gambá atacando uma lata de lixo...
Depois, a casa no Villa Alpina, com pomar, jardim e horta, varanda e quarto de brinquedos, como eu tinha aprendido, quando criança, que deveria ser uma casa de avó. Flores, gramado, formigas, lagartas, minhocas... Pitanga apanhada no pé, nêspera, goiaba bichada, limão, limonada, geléia de amora. Um friozinho gostoso convida ao aconchego e abre o apetite para coisas gostosas. Diante da capelinha do jardim, as crianças brincam no gramado e as amigas se reúnem em oração. No Natal, a família diante do presépio mantém olho vivo nos presentes sob a árvore iluminada. Em dez anos - os netos crescendo, a vizinhança aumentando, toda a rua se povoando de bons novos amigos - as árvores adquirem porte para fazer sombra e colorir as ruas.
A distância e a proximidade da grande cidade, em aparente contradição, nos permitem usar os recursos da vida urbana e, ao mesmo tempo, aproveitar a tranqüilidade, o silêncio, a convivência pacífica com a natureza, participando de uma comunidade que se esforça por preservar essa riqueza que não tem preço.

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