quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Morar no Vale do Mutuca

Atendendo a um pedido do jornalista da Associação Promutuca e, por coincidência, no mesmo dia em que se completavam 10 anos de nossa mudança para esta casa, eu escrevi uma resposta à pergunta: “ O que significa morar no Vale do Mutuca?”


Minha resposta:
Construir a casa e morar aqui foi a conquista de um sonho.

Primeiro a paisagem, com suas montanhas a perder de vista, o verde dos vales, a trilha na mata, o córrego com sabor de infância, os micos brincalhões, o coelhinho assustado e o caxinguelê espertíssimo, cada um por sua vez, atravessando a rua na frente do carro... Um gavião de asa quebrada foi alimentado em minha janela até que voltasse a ter forças para voar e caçar... Certa vez, passando pela estrada, minha filha parou para fotografar um gambá atacando uma lata de lixo...
Depois, a casa no Villa Alpina, com pomar, jardim e horta, varanda e quarto de brinquedos, como eu tinha aprendido, quando criança, que deveria ser uma casa de avó. Flores, gramado, formigas, lagartas, minhocas... Pitanga apanhada no pé, nêspera, goiaba bichada, limão, limonada, geléia de amora. Um friozinho gostoso convida ao aconchego e abre o apetite para coisas gostosas. Diante da capelinha do jardim, as crianças brincam no gramado e as amigas se reúnem em oração. No Natal, a família diante do presépio mantém olho vivo nos presentes sob a árvore iluminada. Em dez anos - os netos crescendo, a vizinhança aumentando, toda a rua se povoando de bons novos amigos - as árvores adquirem porte para fazer sombra e colorir as ruas.
A distância e a proximidade da grande cidade, em aparente contradição, nos permitem usar os recursos da vida urbana e, ao mesmo tempo, aproveitar a tranqüilidade, o silêncio, a convivência pacífica com a natureza, participando de uma comunidade que se esforça por preservar essa riqueza que não tem preço.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Diário de Viagem, p.09: LISBOA

Se você está entrando agora no meu diário, sugiro que comece do princípio da viagem. Olhe ali, na coluna da direita, o índice do arquivo do blog e veja as postagens de outubro e depois as de novembro. Fico feliz de saber que você está aqui!

6ª feira - 30.09.2011
LISBOA
Aeroporto Internacional de Lisboa
Área de desembarque

Não tendo vôo no mesmo dia para o destino, a TAP nos oferece uma noite em Lisboa, com traslado para o Hotel Roma, uma cortesia denominada “Bom dia, Lisboa!”. Mas ocorre alguma falha de comunicação e ninguém nos espera no aeroporto. As informações são desencontradas. Ao fim de muitas e longas diligências e uso de seu celular mágico que fala em qualquer lugar do mundo, Ary consegue comunicar-se com o hotel e, então, uma van é enviada para nos conduzir.
Isto demora bastante, ficamos cansados e perdemos uma tarde anteriormente destinada a explorar a cidade. Que pena! 
Lisboa, belezas que não visitamos






O Hotel é confortável, apartamento espaçoso, banheiro bem equipado, café da manhã completo. O serviço e o abastecimento, no apartamento, porém, deixam a desejar. No quarto, nem água – geladeira completamente vazia. É a gentileza da companhia aérea vista pelo avesso.
Chamado o serviço de quarto, a demora é impressionante. Com o calor deste início de outono, a sede aumenta na proporção do tempo da espera.
Apesar da frustração e do cansaço, temos uma noite incrível, uma PERFEITA DESPEDIDA, na medida certa para encerrar uma temporada feliz.
Dança típica portuguesa, semelhante às que assistimos.
Impossível fazer uma foto tão clara na penumbra da
casa noturna.
Por indicação e diligência da Márcia, fomos a uma casa de fados tradicional, na cidade alta, com um espetáculo lindo de danças típicas portuguesas e canções muito bem interpretadas, vozes bonitas e algumas apelações para cativar turistas, tais como músicas que fizeram sucesso no Brasil cantadas com a participação do público, em sua maioria composto de brasileiros. Mais ou menos como nas casas de tango de Buenos Aires. Mas nada contra, foi tudo muito bom: o fado tem o dom de fazer a noite passar rapidamente.
Lisboa à noite, que beleza!
 O jantar - bacalhau grelhado delicioso e um bom vinho -  foi encerrado com um cálice de Porto, por conta da Flora. Dizem que foi o Porto que subiu, mas tenho para mim que a alegria eufórica que nos acometeu resultou mesmo foi do conjunto da obra. Saímos pelas ruas da cidade alta, em risadas, nos achando muito inteligentes e espirituosos, sabem como é... A apoteose foi quando paramos numa praça debruçada sobre a cidade baixa, cercada com um parapeito, de onde se podia apreciar a vista magnífica de Lisboa, com o castelo de São Jorge iluminado ao fundo.
Uma bela despedida, lembrando a primeira noite que passamos juntos, naquele sábado em Atenas, quando nos deslumbramos com a vista iluminada da cidade coroada pela Acrópole.
Nossa viagem se fecha como um arco, a primeira noite e a última se encontrando na mesma emoção, e no meio, um conjunto de experiências para guardar no fundo do coração!


Sábado, 01.10.2011
DE VOLTA PRA CASA

Que confusão, o aeroporto de Lisboa! Não sei o que me aconteceria se estivesse sozinha. Será que ia encontrar o check-in? Mas tudo é bom quando acaba bem. Cheios de iniciativa, perguntando daqui e dali, Flora e Ary, enfim, nos colocaram na rota certa e despachamos as bagagens.
Nessa hora, baixou em mim uma tristeza! Tive que me separar deles, pois dali em diante, como na ida, nossos caminhos seriam diferentes – eu para BH e eles para o Rio. Despedi-me de meus queridos companheiros com um aperto no coração. Pronto, acabou!

Vôo maravilhoso, sem complicações, comida gostosa com vinhos portugueses do Algarve e do Porto, depois um cineminha - comédia romântica brasileira – e um soninho tranqüilo com luzes apagadas apesar do vôo diurno. Impossível resistir a umas comprinhas a bordo...


Enfim, quando entrei em casa, nem estava cansada!

ADOREI TUDO!

sábado, 5 de novembro de 2011

Diário de Viagem, p.08: VENEZA

Se você está entrando agora no meu diário, sugiro que comece do princípio da viagem. Olhe ali, na coluna da direita, o índice do arquivo do blog e veja as postagens de outubro e depois as de novembro. Fico feliz de saber que você está aqui!

4ª e 5ª feira - 28 E 29.09.2011
VENEZA



Dia 28 de setembro: Hoje chegamos a Veneza, o navio enorme entrando na grande laguna de água salgada, com a vista maravilhosa da cidade, eu fotografando sem parar... Foi a última noite de navegação. Esta noite ainda dormiremos no navio, mas sem navegar. O cruzeiro chega ao fim e tivemos um dia memorável.
Ao acordar, com mais um alvorecer deslumbrante, dou-me conta de que estamos nos aproximando de Veneza. São 7 e meia da manhã e cá estou de câmera nas mãos registrando o nascer do sol. Logo a paisagem mostra os primeiros sinais de terra. Sem aviso, o navio anuncia a aproximação dessa linda cidade, com envolventes canções italianas. A música propagada pelo sistema de som interno chega bem suave aos meus ouvidos, pois estou na varanda, porta fechada.










Reconheço a paisagem, as pontes sobre os canais e a praça San Marco, com a torre do relógio, que beleza! Essa praça, sempre lotada de turistas, tem duas atrações mais importantes: a Basílica de SanMarco e o Palazzo Ducale. Acredita-se que a basílica abriga os restos mortais de São Marcos, trazidos por mercadores venezianos. No início ela era apenas a Capela dos Doges, que eram os governantes da Repúlica de Veneza. (mais informações sobre o local no Guia de Veneza, de Ruy Araujo, que minha prima Silvia me ofereceu nas vésperas da viagem). Nos outros pontos onde estivemos neste nosso cruzeiro, sempre se fala sobre o poderio de Veneza e sua influência na historia da região, pois a República foi a maior potência marítima da Idade Média e Renascimento, além de desempenhar papel relevante nas Cruzadas e ter sido o maior centro comercial da área.

Aproximando-se do cais, para  atracar.











O Grande Canal surge e vai ficando para trás, enquanto nos aproximamos da zona portuária e o navio chega a seu local de atracar, em manobra magistral, pelo menos aos meus olhos de leiga.
Depois do café ainda houve tempo para a piscina e dei uma volta, despedindo-me de cada ambiente onde tive momentos tão bons.

Ao meio dia, pontualmente, chegamos ao restaurante Compass Rose, para uma moqueca feita exclusivamente para nós. Responsável pelo suprimento do navio, o oficial que nos convidara nos apresentou ao cozinheiro paulista, único tripulante brasileiro nesta viagem, que depois de preparar e servir a refeição, veio à mesa nos conhecer e receber os cumprimentos dos conterrâneos. A moqueca estava simplesmente deliciosa e com apresentação sofisticada, em pratos individuais montados ao feitio de comida internacional, longe das panelas de barro em que são servidas no Brasil. A foto comprova.
O programa noturno de hoje é diferente, porque o navio está parado, já estamos em Veneza e o "quente" é passear de gôndola. Só Márcia e Ary vão à cidade à tarde, em visita de reconhecimento.
Para mim é tempo de arrumar malas e preparar-me para o desembarque amanhã cedo.
Ao por-do-sol, pegamos a embarcação de turismo e saimos em grupo, em direção ao cais das gôndolas. Ao chegar a noite já tinha caído. O passeio foi muito bonito, com música, numa noite clara e fresca. Veneza tem um jeitão sombrio, em seus meandros mal iluminados.

A gente passa do lúgubre ao romântico em cada curva, enquanto o trajeto nos leva aos contrastes: da luz à sombra, do silêncio aos risos perdidos na noite; dos casarões abandonados com paredes carcomidas pela umidade às arcadas das pontes cheias de luz e vida; das janelas fechadas e esquecidas aos terraços festivos e iluminados. E nós ali, vivendo tudo isto - quantos séculos nos olhavam do alto dos telhados!



Não quisemos jantar em terra para não perder o tender que nos levaria de volta. Sacrifício inútil: foi o tender que se atrasou e nós perdemos o horário do restaurante Signatures, onde tínhamos reserva para as 9h, com tolerância de 15 minutos. Hoje os restaurantes fecham as portas às 9 horas. Quem entrou, entrou, Quem perdeu, perdeu. Estávamos avisados: em véspera de desembarque, tudo fecha mais cedo para ficar pronto para o dia seguinte. Até porque os garçons, nessa noite, transformam-se em carregadores de malas, numa logística impressionante de eficiência, de modo que todas as bagagens, devidamente identificadas, estarão no pátio, na hora marcada para desembarcar.
Esse contratempo foi prontamente resolvido, entrando em campo o serviço de quarto, com jantar a la carte levado até à mesinha da sala de estar da cabine. O inconveniente dessa solução foi nos separarmos mais cedo, cada um no seu quadrado... O entregador do jantar ainda me ajudou a descer a mala que estava pronta em cima da cama para dexá-la no corredor, onde será recolhida na madrugada e levada ao pátio do porto.
Agora é só deitar e agradecer a Deus a felicidade de uma viagem tão linda, em que deu tudo certo e tive tão boas companhias. Agradecer também por estar voltando para casa. Estou com saudades de meus filhotes, de meus netos e netas, de toda minha linda família!

29. 09.2011 –
EXPLORANDO VENEZA.
 
Da sacada de minha cabine,
 a última visão do alvorecer a bordo.


Às 9 horas, café tomado, saímos do navio diretamente para as instalações da Policia Federal da Itália. Daí, de taxi-lancha, singrando o Canal della Giudecca, aportamos à praça San Marco, de onde um carregador, transportando a bagagem, nos conduziu ao Hotel Monte Carlo, por um caminho que já me era familiar.

 O hotel, da rede BestWestwern, está saindo de uma reforma, todo restaurado, sem perda de sua arquitetura original e da decoração rebuscada que o caracterizam e de que me lembrava muito bem, desde que nos hospedamos aqui, em 1994.
Avisei: acho que quem se hospeda neste hotel ganha uma visita a Murano, cortesia da casa. Não deu outra. Logo que completamos o check-in, o convite foi feito e aceito prontamente. E lá fomos nós, de novo numa lancha, ver as belezas da fábrica de cristal, com suas peças delicadas, verdadeiras obras de arte, ao lado de outras, coloridas em exagero, que cansam a vista e desafiam o bom gosto.


Nós e a mãe da surfista que nos fotografou

Na lancha que nos conduziu a Murano, conhecemos uma dupla australiana de mãe e filha. A menina é surfista, diz a mãe. Pela simpatia e graça da garota, estou disposta a acreditar - num impulso de solidariedade - mas especialistas mais entendidos de ondas do mar dizem que ela não tem o "phisique du rôle". Em seguida almoçamos num restaurante escondido atrás de um túnel, num beco horroroso. Indicado pelo concierge do hotel, o La Scala é, por dentro, um lugar limpo e decorado com o maior bom gosto - contrastes de Veneza. Quem não viu perdeu o coquetel de camarão que abriu o meu almoço. Pena que não me lembrei de fotografá-lo, como fiz com a moqueca do navio.


À tarde, Flora nos convida para um drink no Hotel Cipriano, um dos mais luxuosos do mundo. E lá vamos nós, transportados pela lancha especial do hotel. Elegantemente uniformizados, os recepcionistas nos deixam à vontade para percorrer as áreas sociais, as lojas, a piscina, o spa e os jardins. Tudo lindo.






Nunca vi nada tão caro quanto as mercadorias à venda nas galerias que circundam o hall de entrada: jóias, roupas, lingerie, presentes diversos, artigos de cama e mesa, com bordados e rendas maravilhosas. A renda de Veneza que Vovó e tia Irene teciam tão bem, ali aparece em sua forma mais requintada. Nas lojinhas de rua, tais rendas e bordados também são vendidos, a preços mais em conta e ótima aparência. De volta ao hotel, para descansar de um dia bem aproveitado, tivemos a sorte de ver o anúncio de um programa da melhor qualidade para a noite. Ary logo providenciou os ingressos: um concerto de violinos, na terra de Vivaldi!
Foi um prazer assistir a uma orquestra de câmara, composta de 7 instrumentos de corda, com solo de uma violinista sensacional. O conjunto todo foi ótimo, mas a mocinha merece as honras de solista. As músicas? Um passeio pela obra de Vivaldi, fechando com As Quatro Estações, um concerto completo!

A noite se encerrou com um jantar, num terraço ao ar livre. O restaurante - não guardei o nome – que nos parecera simpático, na mesma rua do hotel, surpreende com esse pitoresco espaço interior. O serviço meio lento não esteve à altura da expectativa que a aparência sugeria, mas gostei da comida e do vinho.










Contando assim, depois que passou, não entendo como coube tanta coisa num só dia. Pois eu, voltando do Cipriano, à tarde, ainda tive tempo de percorrer o comércio e comprar uma maleta de rodinhas para substituir a frasqueira que, além de antiquada, estava com o fecho avariado! Até parei num barzinho, sentei-me a uma mesa no calçadão e tomei um sorvete - afinal estamos na Itália, não se pode passar sem um gelatto.
Da janela do ap. 401,
telhados de Veneza

Nosso hotel, o Monte Carlo, é um caso à parte, merece meu carinho. Sem luxo apesar de sua decoração pretensiosa, brindou-nos com a simpatia de uma camareira nossa compatriota - com a maior paciência para abrir o meu apartamento nas duas vezes em que saí deixando a chave lá dentro.O Hotel em pequenas gentilezas facilitou nossa programação turística: o passeio a Murano, indicação de um bom restaurante a preço razoável,  providência de compra dos ingressos para o concerto, condução à hora certa para o aeroporto... Valeu!

Veneza dá sempre vontade de voltar...










Deixando Veneza, em direção ao aeroporto, pela estrada das águas.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Diário de viagem, p.07: NO NAVIO

Se você está entrando agora no meu diário, sugiro que comece da PRIMEIRA PÁGINA, lá embaixo. Use a barra de rolagem. Fico feliz de saber que você está aqui


28.09.2011

VIDA A BORDO

Hoje é nosso último dia no navio. Como, nas páginas anteriores, eu falei quase só das aventuras em terra, é preciso falar também sobre o tempo que passamos no mar, em nosso hotel navegante. Reuni hoje trechos de anotações feitas ao longo da viagem, para dar um panorama da vida a bordo.
É um belo navio. Da família Regent, chama-se "Regent´s Seven Seas Voyager. Tudo aqui é muito bom, bem cuidado, e limpo - ambiente,  serviços, alimentação. A decoração brilhante fica no limiar do bom gosto, dentro de padrões da categoria. Afinal, estamos em um cruzeiro e o navio funciona como um resort de primeira linha, com uma programação capaz de atender a esta variegada fauna humana, onde me incluo, com as diferenças naturais de gosto e interesses. Só se fala inglês. A maioria dos passageiros é americana, mas consegui identificar belgas, britânicos, australianos e apenas uma venezuelana simpática que se dirigiu a mim em inglês no elevador e, depois que soube minha nacionalidade, passou a falar espanhol. Nunca mais a vi. São 700 hóspedes. De brasileiros, só nós e um cozinheiro. Os oficiais são europeus e a tripulação é internacional, mas na base da pirâmide predominam os filipinos. 
Serviço de quarto

 Nas cabines, fomos recebidos com uma cesta de frutas frescas e champagne no gelo. O refrigerador está abarrotado, mas eu consigo ajeitar a garrafa, guardando-a para uma ocasião importante. Toda manhã, a camareira arruma o quarto, renova as frutas e deixa um folheto com a programação do dia. À tarde, vem preparar a cama para a noite e deixa duas barrinhas de chocolate, com uma mensagem poética. Ela tem um radio receptor minusculo na cintura cuja luzinha que se acende se eu apertar uma determinada tecla do telefone. Ela aparece em menos de um minuto! Usei esse recurso só uma vez . 

Restaurante La Veranda
 Não há atropelo, o espaço dá para todos. Os restaurantes sempre estão cheios, mas não repletos. Nunca ficamos sem uma boa mesa para quatro.  
A programação do cruzeiro é farta e variada. E o gerente do cruzeiro – o promotor das atrações - é um animador incansável e tem uma equipe afiada. Quando não o vemos pessoalmente no comando de um evento, ou recepcionando as pessoas na porta do teatro, podemos vê-lo na televisão do quarto, mostrando as belezas dos lugares por onde o navio passa. Claro que não temos tempo de ficar na cabine para assistir a tudo, mas são reportagens muito interessantes, ricas em informação (em inglês, pesco um pouquinho...) e imagens. De vez em quando, sua voz se faz ouvir nos alto-falantes, chamando para jogos, dando avisos e instruções. No primeiro dia, fomos acordados com chamada para treino de procedimentos de emergência. Lembram-se daquela noite em que fui dormir depois das 4 horas, no porto de Atenas? Pois é, às 8 já tinha tomado café e estava no 5º deck, a postos para aprender o que fazer em situações de perigo: pontos de encontro, o uso de salva-vidas, os apitos de alerta, equipe de socorro...  
Pool Grill
 O roteiro diário, com as alterações devidas ao livre arbítrio de cada um, é mais ou menos assim: café da manhã muito farto no La Veranda seguido de reunião no Teatro Constellation, no deck 4, para formação dos grupos para excursões na costa.
Saída de tender (botes para 40 passageiros) ou de ônibus, conforme a situação do navio: ancorado ao largo ou atracado no porto. Quem não quer sair em grupo, pode se aventurar como bem entender, explorando a orla por conta própria. Se quiser acordar depois das 10, o café é nos bares da piscina. Voltando do passeio, almoço nos restaurantes ou nos bares.  

Área da piscina, vendo-se ao fundo a pista elevada de jogging

Tarde se sol na piscina, no porto de Dubrovnik, Croácia
 À tarde,  um pouco de sol,  um mergulho gostoso ou recolher-se para ler ou descansar apreciando a paisagem da sacada da cabine.  Às vezes, vale a pena voltar à terra, para novas explorações. Mas a piscina é sensacional, de preferência à tarde, porque de manhã às vezes faz um ventinho... Sua profundidade vai de 1m a 1,68m, com um declive brusco no meio, que pega a gente de surpresa. Tem uma escada muito confortável, para facilitar a saída. Água fria, 26 graus, mas deliciosa por causa do calor. Quem preferir pode ficar de molho em dois ofurôs bem convidativos.

Panorama descortinado da sacada da cabine.
  As espreguiçadeiras em grande quantidade oferecem conforto para momentos de completo relax. Mais tarde, um gostoso café com leite ou cappuccino no Coffee Connection, lendo, observando os que passam ou jogando conversa fora com os amigos. Essa cafeteria fica no 5º deck, o andar das butiques, do Horizon Lounge e do Club.com. Este último tem uns trinta computadores disponíveis o dia todo e uma assistente a partir das 4h da tarde – como me ajudou, essa filipina!
Junto ao clube, fica o Internet-Café , ou seja alguns banquinhos de pés longos em torno de uma mesinha redonda alta e uma bancada com máquina de café inoperante. Quem entra ali só quer mesmo é usar os computadores e, para tomar café, melhor é o Coffee Connection, ali perto. É perfeito e funciona em sistema de auto-serviço. A gente se serve numa máquina muito inteligente e prestativa, que oferece as variedades de café disponíveis, leite e chá. Muito bom! Rosquinhas e outros acompanhamentos podem ser escolhidos em vitrines aquecidas. Um aviso discretamente diz: "Please, use the tong”, mas não é pra se servir com a língua: num prato ao lado, repousam pinças, ali às ordens.
No saguão do deck 4, ao lado da escadaria central, fica um grande quebra-cabeça com pessoas em volta, tentando montar as peças. Alguns chegam, outros desistem, a paisagem está longe de se completar. Eu devia ter tirado uma foto!
Observation Lounge, visão de proa.
Antes do jantar, os companheiros de viagem se encontram e podem escolher vários lugares para uns minutos de aperitivo,  apreciando o por do sol. Para isto o ideal são os lounges, com ampla visão para fora. Na proa do deck 11, fica o Observation e na popa do deck 5, o Horizon. No fim de tarde, esses bares oferecem música ao vivo e a oportunidade de aproveitar os últimos momentos da paisagem que se esconde aos poucos na escuridão da noite. No dia seguinte, a terra à vista já será outra, porque navegamos por volta de doze horas durante as noites para chegar em novo porto sempre ao alvorecer.
Logo no segundo dia, Flora convidou-nos a sua cabine, para um drink antes do jantar, com uns camarões enormes e lagostas, gentileza do navio a seus hóspedes mais freqüentes, que é o caso dela. No aniversário da Márcia, foi a vez do casal nos convidar para um encontro em sua cabine, com petiscos e champanhe. Somos poucos, mas muito animados, tudo vira festa. O bom desta viagem é que estamos muito bem combinados, gostamos da companhia uns dos outros. Ontem, foi aqui, na minha cabine. Lembram que eu guardei a garrafa de champagne para um dia especial? Pois é, foi ontemDepois que nosso “Viajante dos Sete Mares” começa a navegar, um bom programa é visitar as butiques com lindas vitrines de  jóias e bijuterias, relógios, bolsas e outros artigos de couro, roupas, perfumes, peças de cama e mesa, adornos para casa, para presente e recordação. As lojas só abrem à noite, quando o navio se movimenta, assim como o cassino e a boate.

Mas é preciso jantar antes das 8 horas, para não perder o show no grande teatro Constellation, diferente cada noite. A função começa às 8h 45. Música instrumental, canções de várias épocas, imitação dos Beatles e por aí vai. Alguns títulos dos espetáculos: “Just Swing”, “Fiona” (soprano sensacional) “Viva la Vida”(canções e ritmos latinos), “Constantine, the Piano Showman”, “Cirque Voyager” com bailarinos acrobatas, “Broadway Tonight!”. Os artistas são ótimos - excelentes bailarinos e cantores. Flora acha as vozes altas demais, mas mesmo concordando, adorei tudo. A noite pode acabar nos bares, no cassino, na boate ou nas lojas - ao gosto do freguês. Eu não fui à boate, mas fui ao cassino duas vezes - joguei e ganhei! Na primeira vez, comprei 50 euros de fichas e perdi em pouco tempo. Na segunda vez, com vinte euros, ganhei $ 294!!! Considerando que gastei 70 euros em fichas, o ganho foi de $ 224!!! Um verdadeiro sucesso!
Os 10 dias do cruzeiro não são suficientes para conhecer, nem por alto, tudo o que o navio oferece, mesmo porque passamos grande parte de cada dia em terra.
Andei por todos os ambientes: bares, biblioteca, salas de jogos, salas de conversação, galeria de artes, pista de caminhada, quadra de tênis, mas nem cheguei perto de locais denominados “golf net” e “shuffleboard” que nem sei o que são, assim como não fiz uso da academia de ginástica, do salão de beleza, dos aparelhos de aeróbica, da sauna, das massagens. Só Márcia achou tempo para uma massagem. Além da lavanderia geral do navio, cada andar tem uma pequena lavanderia para uso dos hóspedes.
 
La Veranda - parte externa
A gente pode até dar uma olhada em tudo isso, curtir alguma coisa, mas usar com freqüência mesmo, só a piscina,  os restaurantes e os bares.
Come-se bem neste cruzeiro, sem dúvida. São vários restaurantes, cada um com seu estilo.
Café da manhã e almoço, quase todo dia no La Veranda, um self-service na extremidade posterior (popa) do 11º deck, com janelas de vidro e uma varanda ao redor, de modo que dele se pode avistar a paisagem e o mar, estando no interior ou nas mesas externas. Tudo muito gostoso e a maior variedade de salgados e doces, frios e quentes.
À noite, jantar no Compass Rose, muito grande e muito chique, com somellier, serviço à la carte e muita gentileza. O cardápio oferece opções de aperitivos, saladas, sopas, intermezzo, pratos principais, sobremesas, café ou chá e licores. Ufa!

Pool Bar
Em noite festiva, aniversário da Marcia, dia 21, fomos ao Signatures, um restaurante mais sofisticado, com atenção especial de chefe, garçons, copeira, um bolinho com vela de parabéns. Uma delícia de trato, mas a comida é tão boa quanto nos outros: ótima! Outra noite, fomos ao Prime 7, também à altura da expectativa. O Prime e o Signatures só atendem por reserva. São menores e, por isso, mais exclusivos do que o Rose. Os três servem "à la carte". 
O Pool Bar e o Pool Grill, cada um numa extremidade da piscina, têm sanduiches e saladas, frutas, bebidas e petiscos. 
Tivemos uma noite de gala: Convidados pelo, "General manager" do navio, Franck Galzy – convite formal escrito, entregue na cabine – nosso grupo foi jantar "at his table" no Compass Rose.O convite deve-se ao prestígio de Mrs. Flora, que conheceu o amigo Frank em outras viagens. Très chic! ( o anfitrião é francês!) Por gentileza conosco, por causa da língua, ele convidou também o oficial encarregado do suprimento do navio, um português chamado Jo, não consegui saber seu nome completo. É casado com uma romena que também faz parte da tripulação (ela não compareceu, estava trabalhando na recepção do outro restaurante). Diz que já foi casado três vezes, três desastres. Mas não desiste, agora mora na Romênia, onde eles ficam apenas 1/3 do ano. O resto do tempo é no navio – vida de marinheiros. Prometeu-nos uma moqueca feita pelo cozinheiro, único tripulante brasileiro do navio. É hoje! No almoço, provamos uma moqueca brasileira!  
 
O Comandante, a caráter
(ele é escocês
Ontem, para arrematar a temporada, o Comandandte dedicou aos passageiros um show muito bem produzido, no grande teatro Constellation, com participaçao do pessoal do navio, representantes de todos os setores e serviços. Assistimos dublagens bem caracterizadas de Elvis Presley, Michael Jackson e outras grandes estrelas do show busines internacional. Também performances de voz própria, alguns amadores muito bons. Não faltaram melodias e bailados típicos da terra de origem dos tripulantes, principalmente das Filipinas. Além desses, para elevar o nível do espetáculo, foram intercalados números dos artistas profissionais do Voyager. Na apoteose, despedidas emocionadas e muitos aplausos.


Rock dos anos 1960

Regent´s Dancers and Singers

Dança típica filipina
Por fim, não posso deixar de falar sobre uma aprendizagem que me impressionou muito. Eu que nunca tinha visto o alto mar de perto, só conhecia o verde-mar das praias, descobri o verdadeiro significado da expressão AZUL MARINHO! Olhando do alto, para o abismo das águas, eu vi essa cor - quanto mais profundo o mar, mais escura.Quero repartir esta emoção com vocês: