sábado, 19 de outubro de 2013

VIENA - História e Música 2



29.08.2013
Pelas ruas de Viena


Felizmente o tempo amanheceu aberto, claro, sem chuva. O café da manhã no hotel nos reuniu para as aventuras do dia. De novo fomos ao ponto de ônibus, desta vez para explorar as ruas da cidade. Passamos o dia alternando caminhadas e trechos de ônibus. Percorremos várias ruas observando os jardins, os monumentos e os prédios. Impressiona-me principalmente o trânsito organizado o povo educado, o uso intensivo de bicicletas nas ruas planas (que inveja!) e bem pavimentadas.

Foto promocional do Quarteirão
Uma grande praça chama nossa atenção pela originalidade. É o Museum Quartier ou Quarteirão dos Museus, um complexo de museus, cafés, lojas e restaurantes espalhados por um espaço onde acontecem shows e outros eventos. A Internet confirma a impressão de que esse ambiente representa bem a moderna Viena do século XXI.
O espelho d´água pertence ao prédio do Ms Leopoldo
Estão ali o Centro de Arquitetura de Viena, o Museu do Tabaco, o Kunsthalle, cujo forte são as exposições temporárias de fotos, vídeos e arte multimídia, bem como o Museu Leopold e o Museu de Arte Moderna, ou MUMOK. Estes dois últimos merecem menção especial não só pelas coleções de arte que encerram, mas também pelos prédios, ambos imensos caixotes com paredes externas revestidas de pedra (um de basalto, outro de calcário). Os comentários no Google dão conta de que o sucesso da recente criação dessa praça amplia a atratividade turística de Viena, que anteriormente era restrita ás áreas históricas sustentadas em grande parte pelo “marketing da rainha Sissi”.
Saindo desse mundo pós-moderno, tornamos a mergulhar na velha Aústria, quando, ao parar na rua ao lado da catedral, deparamos com as carruagens de aluguel, que servem para roteiros turísticos pelo centro histórico de Viena. Essas carruagens são chamadas “fiacres”, palavra de origem francesa que também se usa na língua portuguesa. A voz no fone de ouvido conta uma curiosidade muito interessante: Esse nome foi dado originalmente, por extensão, às carruagens de aluguel em Paris, pois elas ficavam estacionadas na Rue de Saint Fiacre, vejam só! E esse nome ganhou o mundo, pelo menos na Áustria e no Brasil!
Descemos do ônibus turístico na rua dos fiacres e passamos pelo largo fronteiro à Catedral de Santo Estevão (em português de Portugal é oxítona), belíssimo templo gótico, dedicado ao mártir morto na época das perseguições aos cristãos pelos romanos. Aí me lembrei do Santo Estêvão (prefiro paroxítona) Rei da Hungria da catedral de Budapest, cujo nome cristão fora escolhido pelo Papa, em referência a esse mártir, atestando a conversão do monarca ao cristianismo.
 Chama a atenção pelo lado de fora, o telhado colorido com desenhos geométricos como aqueles da Igreja Matias de Budapeste, mais um sinal da histórica interação cultural e religiosa entre os povos da região do Danúbio.

Foi nessa igreja que Wolfgang Amadeus Mozart casou-se com Constanze Weber, no dia 4 de agosto de 1782.
Vale a pena ampliar a foto, para ver os ornatos em detalhe.
Dentro da catedral, na parte mais próxima ao altar principal, ocorria uma cerimônia à qual os visitantes não têm acesso, impedidos por um gradil de ferro. Permanecemos nas partes liberadas aos turistas, ao fundo do templo, sob o coro e o órgão. Aí fizemos nossas orações. Acendi velas em intenção dos amigos queridos e de minha família, sendo uma especial pela saúde do bebezinho nascido no Rio de Janeiro, na véspera, a Alicinha já tão querida.
Altar lateral com velas votivas
A catedral é uma igreja grande, de beleza impressionante, ornada com pinturas de colorido suave e esculturas de pedra.  A grade que separa os dois ambientes só se abriu para dar passagem aos fiéis, quando saíram em procissão, todos trazendo flores e entoando cânticos. Lá fora, na praça, eles ofereceram as flores aos passantes, um gesto muito simpático e gentil.  Não consegui descobrir o que estavam comemorando, em plena quinta-feira ao meio dia!
Detalhe na fachada lateral da Catedral


A Catedral de Santo Estêvão, sede da diocese de Viena, Austria e uma das mais antigas catedrais do estilo gótico, está situada no centro da cidade. Trata-se de uma obra mundialmente conhecida e um exemplo da arquitetura do século XII. Foi reformada entre 1304 e 1433. Sua torre norte, elevada à altura de 70 metros, foi renovada de acordo com a estética renascentista em 1579 e seu interior adquiriu uma tendência barroca. Seu famoso sino, o "Pummerin", pesando não menos que 21 toneladas, sofreu consideráveis danos na Segunda Guerra Mundial. Desde então, depois de consertado, ele toca em ocasiões especiais e para anunciar o novo ano.O órgão da Catedral, com seus 17.774 tubos e 233 registros, é considerado o maior em uma igreja católica.(Wikipedia)
Do lado de fora da Igreja, a praça fervilha com turistas e gente apressada nas atividades do dia a dia. Misturados a essa multidão estão os agenciadores de espetáculos e concertos, como aqueles que conhecemos perto da Ópera no dia anterior.
Eles abordam os turistas e mostram as atrações do dia. Apresentam-se vestidos a caráter, como se vivessem na época de Mozart, uma obsessão dos vienenses. 
Na borda da vasta esplanada à frente da igreja, são instalados vários toldos, com mesinhas e cadeiras para drinks ao ar livre. A partir daí começa uma região de comércio que se estende pelas ruas vizinhas. Visitamos algumas lojas de grifes universais e paramos em um dos quiosques, para um suco gelado e descanso. O sol forte pedia sombra e água fresca. Fez muito calor nesse dia.
Ary tinha combinado encontro com o filho de um amigo austríaco que mora no Brasil. Esse moço - sinto, mas esqueci seu nome - que tem especialização universitária em confeitaria, foi criado no Brasil e está radicado em Viena, onde trabalha numa rede de  padarias como confeiteiro. Depois que ele chegou, nosso grupo se dividiu, uns para as compras e nós, guiados pelo amigo austríaco, fomos ao restaurante Müller que serve cardápio internacional e comidas típicas. Devemos a ele uma experiência gastronômica singular. O prato indicado era um filé de porco empanado, um grande bife à milanesa cujo tamanho ocupa toda a área do prato, sobrando pelas bordas. Pena que não fotografei!. Outra especialidade, do mesmo tipo, é o vitelo empanado, minha escolha.  Tudo muito gostoso - vale a pena experimentar.
Museu Casa de Mozart
Depois do almoço, aproveitando a proximidade, fizemos uma visita ao Museu Casa de Mozart, situado num prédio de apartamentos adaptado para abrigar o museu, onde Wolfgang Amadeus Mozart residiu de 1784 a 1787. Com os benditos fones de ouvido, em espanhol ou inglês, é possível fazer uma viagem pela vida e o ambiente político e cultural em que o grande compositor viveu. Não sei se por falha minha, mas achei tudo muito enfadonho, com foco mais nas personalidades políticas da época do que propriamente na figura do maior músico de que a Áustria pode se orgulhar. A parte mais interessante refere-se à descoberta do talento precoce do menino, à sua infância e ao orgulho do pai pelo filho, reconhecido e aplaudido pela própria Imperatriz. 
Mozart menino,  Greuze/1763
Saindo dali, Ary e Márcia se dispuseram a visitar a Galeria Albertina, que, segundo a Wikipedia é "um museu de arte de Viena, na Áustria, dedicado à preservação e divulgação de uma das mais importantes coleções de artes gráficas do mundo." 
Ruth, Flora e eu preferimos deixá-los e encerrar as atividades turísticas do dia. Tomamos um taxi e fomos para o hotel. Ali chegando, fizemos ainda um pequeno passeio pelo quarteirão, para olhar vitrines de modas e vasculhar novidades numa loja de cosméticos com toda variedade possível de cremes e loções, maquiagem, instrumentos de vaidade em geral. Ótimas companhias, tudo na calma e sem pressa.

À noite, farra de gente comportada no restaurante do Hotel Regina: a turma reunida em torno de bules de chá, torradas e queijo camembert. Depois, a última noite no mini apê.
Amanhã, vamos nos encontrar às nove horas, já de café tomado, para mais uma etapa da viagem. O destino é Praga, (Prague, Praha), capital da República Tcheca.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

VIENA: História e Música 1

27.08.2013: Chegada a Viena.



Não sei que fantasia me fazia esperar uma terra de sonhos, tipo cenário de conto de fadas, cercada de bosques e banhada em música. Em vez disso, surgiu-nos uma bela metrópole moderna e bem arborizada, mas se há bosques como os imaginava,  estes me escaparam ao olhar.

A primeira impressão forte da cidade é a visão da largura de suas avenidas, o desenho moderno dos bondes elétricos, o perfil dos prédios recuperados dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial,  a arquitetura contemporânea, belas esculturas por toda parte. 

Chama a atenção também o rio de traçado estranhamente retilíneo que atravessa a cidade. Logo ficamos sabendo tratar-se de um canal do rio Danúbio, construído artificialmente para controlar a vazão das águas e evitar as enchentes por meio do acionamento de eclusas.
O rio mesmo, em seu leito natural, contorna a cidade, mas o transporte fluvial que liga Viena a Bratislava tem seu curso urbano nesse canal. Ali, bem no centro da cidade, fica um porto, com abrigo envidraçado para embarque e desembarque de passageiros.

O Danúbio é o segundo rio mais longo da Europa (depois do Volga), e tem entre 2 845 e 2 888 quilômetros de extensão, atravessando o continente de oeste a leste   desde sua nascente na Floresta Negra,   em terras da Alemanha, até desaguar no mar Negro ,com foz em forma de delta, na Romênia. O delta do Danúbio é uma área natural protegida na Romênia, classificada como patrimônio mundial pela Unesco desde 1991(Wikipedia)

Em nossa passagem pelos monumentos e principais prédios da cidade, a caminho do hotel, Katalyn, nossa guia húngara, deu várias informações sobre a história e as peculiaridades locais, impossível de captar tudo de uma só vez.

Chegamos, enfim, ao Hotel Regina que, sem desmerecer suas quatro estrelas, pode-se classificar como antiquadamente requintado na decoração e tradicional na prestação de serviço.  É um belo prédio antigo localizado numa praça quadrada enorme, pois o que não se pode reclamar em Viena é de exiguidade de espaços.  Menos é claro, no meu quarto, de número 112, bem pequenino, principalmente se comparado aos outros individuais onde me tenho hospedado.
Passado o primeiro choque, no entanto, tomei-me de grande afeto pelo ambiente acolhedor, a mesinha redonda, a pequena poltrona charmosa, a cama de lençóis macios e o banheiro confortavelmente bem equipado. Não que esteja livre de restrições, como por exemplo, à impossibilidade de assistir á TV na cama, pois o aparelho fica no nicho atrás da cabeceira, pode?!
Na primeira noite, jantamos todos juntos no restaurante do próprio hotel e fomos dormir cedo.

28.08.2013
Viena Imperial, noite musical
Pena que está chovendo! Saímos munidos de guarda-chuvas à procura do ônibus turístico que nos levaria ao Castelo de Schönbrunn. O ponto de embarque ficava do outro lado da praça. Ao atravessar a rua, recomenda-se muito cuidado para não ser atropelado pelo bonde elétrico, que desliza suave e silencioso sobre os trilhos e pode, de repente, nos surpreender numa curva. 


Pelo caminho, com orientações por fones em espanhol ou inglês, à escolha (tem também japonês, coreano, alemão, etc) percorremos as ruas da cidade, misturando informações sobre bombardeios e reconstruções, rainhas, imperadores e arquiduques, compositores, óperas e valsas. Minha cabeça, devido às sérias falhas na minha formação histórica, fez uma bela salada, da qual quase nada se pode salvar. Uma pena! 

"Treinamento na escola", de Ludwig Koch



No meio de tanta confusão, um nome me chamou especialmente a atenção, porque de alguma forma se relacionava a conhecimentos recentemente adquiridos nesta viagem. Tratava-se da Escola Espanhola de Equitação, localizada ali, em Viena, uma das mais antigas e tradicionais escolas de hipismo. Suas origens remontam ao século XVI, quando os Habsburgo começaram a criar e treinar cavalos puro sangue vindos da Espanha. Sob essa influência, a Raínha Sissi construiu sua ala de equitação no Castelo de Gödölö, na Hungria, aquele que visitamos no dia 22 de agosto, na semana passada.
Toda a glória imperial está presente em tantos prédios e monumentos que fica impossível conhecer tudo no curto período de nossa permanência na cidade.
Ao fim da manhã, chegamos a Schönbrunn, onde se destaca, pela beleza e grandiosidade, o famoso castelo que serviu de habitação de verão aos poderosos Habsburgo.
Construído como residência para a imperatriz Eleonora Gonzaga entre 1638 e 1643, apenas algumas partes do primeiro palácio sobreviveram aos séculos seguintes, uma vez que cada imperador adicionou ou alterou um pouco o edifício.  
Desde meados do século XVIII, sob o reinado da imperatriz Maria Teresa, o castelo adquiriu sua forma atual e veio a tornar-se  um centro cultural e político até a queda do Império Austríaco no início da primeira Grande Guerra, já no século XX. 
Depois da imperatriz Maria Teresa, este palácio que tem o típico estilo rococó austríaco ganhou poucas modificações. O acréscimo mais marcante após esse período é o Memorial à Guerra Justa (a que conduz à paz), conhecido pelo nome de Gloriette, na forma de uma arcada, erquido em 1775 na extremidade oposta do jardim e pode ser avistado das janelas do castelo. Numa ala lateral situa-se o Schlosstheater (teatro palaciano) inaugurado em 1747 e onde pisaram, entre outros, Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart.
O que este palácio tem de mais importante para nós brasileiros é que aqui viveu até 1817, data de seu casamento com o futuro imperador Pedro I, a arquiduquesa D. Leopoldina de Habsburgo, que veio a desempenhar papel significativo na indepedência do Brasil.

Na visita ao castelo usamos fones de ouvido, com fala em espanhol de uma clareza e conteúdo admiráveis.  Orientava o olhar do visitante para os ambientes visitados, chamava a atenção para os detalhes e contava a história de forma didática e interessante. Essa “modesta” residência de verão seduz pela decoração suntuosa, com destaque para o salão nobre, os jardins à moda dos castelos franceses, o parque e um famoso jardim zoológico, o mais antigo do mundo, que não pudemos conhecer.  O palácio e o seu parque de cerca de 160 hectares está classificado pela UNESCO desde 1996 como patrimônio da humanidade. 
Jardins de Shönbrunn, com a Gloriette ao fundo.
De uma das janelas do castelo, tirei uma péssima foto do jardim pela qual se tem uma idéia da extensão do lugar, ainda que fique bastante comprometida a visão da beleza do parque. Pela foto também se pode entender porque algumas de nós não acompanhamos os mais jovens no passeio a pé na área externa do castelo. 
International Centre, orgão da ONU, em Viena
Cabe aqui uma contextualização histórica. A dinastia Habsburgo, reinou sobre  todo o território do Império Austro-Húngaro durante 600 anos. O castelo de Shönbrunn fez parte dessa história só nos últimos 250 anos, a partir da Imperatriz Maria Teresa, no século XVIII. A Primeira Grande Guerra Mundial, de 1914 a 1918, provocou a queda, não apenas da dinastia, mas também do Império, redesenhando as relações internacionais da região, com repercussão no mundo todo. Os países da Europa, pressionados pelos avanços da ciência e da tecnologia, disputavam entre si o poderio territorial e colonial em que se baseava sua economia. A situação se complicava por tensões ideologicas e étnicas que os dividiam em grupos rivais, formados muito mais pelo mútuo apoio contra inimigos comuns do que pela comunhão de objetivos e ideais. O conflito se agravou quando o arquiduque Francisco Ferdinando (herdeiro do trono austríaco e do império Austro-Húngaro) visitou Sarajevo e teve a audácia de desfilar em carro aberto pela cidade, desafiando a população que tinha ódio aos austríacos. Essa imprudência resultou no seu assassinato, fato que serviu de estopim para a deflagração da guerra que mudou a face da Europa, colocando em choque os grupos rivais, formados por Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro de um lado e, de outro, Rússia, França e Inglaterra.
Voltando ao nosso dia de turistas: - ao retornar à cidade, nosso grupinho formado por Ruth, o casal Ari e Márcia, Flora e eu tivemos ótimo almoço  - vale a pena anotar o nome do restaurante: Gasthaus, perto da Ópera. Essa proximidade definiu o programa da noite, pois ali perto se anunciava o concerto da noite. Fomos abordados por agenciadores a caráter, vestidos como nobres dos tempos românticos que fizeram a glória musical de Viena. Um deles, muito simpático, ajudou-nos a escolher os lugares e nos encaminhou à bilheteria, para comprar os ingressos do concerto.
A tarde foi completada pela visita à igreja católica que fica na praça de nosso hotel. Estava aberta, mas às escuras, cheia de tapumes e em plena atividade de restauração. Creio que o resultado vai ficar ótimo, mas por enquanto, não se consegue ver quase nada.


Nota: Em Viena, Capital Mundial da Música, realizam-se anualmente 15 mil concertos de todo tipo e ordem de grandeza. Ao longo da sua história grandes compositores aí atuaram e exerceram influência: Mozart, Mahler, Haydn, Beethoven e o rei das valsas, Johann Strauss. A Filarmónica de Viena (Wiener Philharmoniker) e os Pequenos Cantores de Viena (Wiener Sängerknaben) são destaques mundiais; a Ópera Vienense (Staatsoper) e a Sala Dourada (Goldene Musikvereinssaal) estão entre os melhores locais de encenação. A capital austríaca é conhecida mundialmente como a cidade da valsa, da opereta e dos musicais.

Após um pequeno descanso no fim da tarde, estávamos prontos para o Concerto, na Ópera. Não podíamos ter escolhido melhor lugar no teatro: um camarote bem em cima do palco, com visão completa da orquestra sem obstáculos. Pudemos apreciar de perto e de dentro, a beleza do prédio, com sua escadaria, salões e obras de arte. Muita gente disputando espaço e oportunidade para tirar fotos com os recepcionistas e suas roupas do século XVIII.


Predominaram na programação peças de Mozart, mas as formas de apresentação  eram bem variadas, incluindo orquestra completa, solo de instrumentos, coro, cantores solistas e dueto vocal. Nenhuma monotonia. 
Um visual encantador. A orquestra toda vestida a caráter, com roupas de época, colorido vibrante. Os cantores também se vestiam de acordo com o papel representado na música. O coro, todo de preto, destacava-se, ao fundo, em contraste com o colorido da orquestra. Difícil descrever aqui o que sentimos com a experiência musical maravilhosa que tivemos. 

 Para encerrar, valsas de Strauss e, como não podia deixar de ser, o “Danúbio Azul”, sublinhado pela iluminação da cena.
Assim terminou um dia de chuva e céu cinzento, iluminado pelas coisas boas que fizemos. 


Chegando ao quarto, surpresa! Uma mensagem anunciava o nascimento de minha sobrinha-neta Alice, no Rio de Janeiro. Que Deus a abençoe, a seus pais e avós. Valeu, vovô Sérgio, meu irmão!

domingo, 6 de outubro de 2013

No caminho, BRATISLAVA




27.08.2013

De Budapeste a Viena, com parada em Bratislava.
Roteiro da viagem assinalado no mapa, de leste a oeste


Tomamos café cedo e nos encontramos na recepção do Hotel Mercure Budapeste para esperar a van que nos levaria a Viena, Áustria. Foi uma luta fazer a bagagem de 9 passageiros caber no porta-malas da van de 12 lugares. Por fim, o banco traseiro também foi  ocupado com malas e coubemos todos sem dificuldade.

Acompanhados da guia Katalin que já estivera conosco em alguns dos passeios turísticos de  Budapeste, percorremos terras de três países. Ótima estrada, larga e bem sinalizada, pontos de parada e abastecimento com ótima aparência e condições de conforto e higiene.

Feno (foto da Internet)
Na estrada, não despreguei os olhos da paisagem. Terreno muito plano, nenhuma terra inculta. De vez em quando, um vilarejo à distância, casinhas bonitas, cercadas de bosques e jardins bem tratados. Grandes terrenos cultivados, alguns com a colheita terminada e a terra nua, na fase própria da estação. Fiquei impressionada com os fardos de feno, no campo, preparados para armazenamento. O feno que eu só conhecia pela literatura, é preparado mediante o corte e desidratação de plantas forrageiras para alimentar o gado nos países de inverno rigoroso. Esse processo é denominado de fenação. A forragem é guardada em fardos cilíndricos de até 1,8m de diâmetro, conservando o seu valor nutritivo por vários meses. (www.agroforn.com.br – via Google).

O tempo meio chuvoso ou nublado não favorece a fotografia, mas me esforcei sem êxito por registrar os moinhos de vento que surgem ao longo de todo o caminho percorrido, na Hungria, na Eslováquia e na Áustria. Eles estão lá, mas, parecendo postes muito fininhos, ficam quase invisíveis na foto. A energia eólica deve ter papel relevante na região, sem agressão ao meio ambiente nem prejuízo à paisagem.

Não percebi quando foi que passamos pela fronteira, pois o trânsito é livre entre esses países, mas, ao fim de umas três horas, com  parada para café, chegamos aos arredores de Bratislava, capital da Eslováquia. Katalin nos contou que havia controle rigoroso das fronteiras no tempo do domínio soviético, mas que a queda do Muro de Berlim abriu um novo tempo nas relações entre as nações do continente, contribuindo para a formação da União Europeia. Isto não significa que já haja unidade em todos os sentidos, especialmente na economia, pois dos três países que visitamos, apenas a Áustria tem o euro como moeda nacional.  Estamos na Eslováquia, entrando em Bratislava. 

Bratislava é a capital e principal cidade da Eslováquia (no mapa, em amarelo) situada a sudoeste do país, junto da fronteira com a Áustria e a Hungria, o que a torna a única capital europeia que fica na fronteira do seu país com outros dois. A cidade, assim como Budapeste, é cortada pelo rio Danúbio. Com 427 mil habitantes, é a maior cidade da Eslováquia. 
Humor urbano com tema militar, lembrança  dos anos de guerra.
Durante muitos anos este país fez parte do imenso Reino da Hungria, que abrangia várias nações vizinhas e terras que iam do Mar Negro ao Mar Adriático. A história desses povos e seus gloriosos reis e guerreiros é tão complicada que tenho minhas dúvidas sobre se eles mesmos são capazes de entendê-la. Esforcei-me  inutilmente... Tenho como  certo apenas que, a partir do século XVIII, instituiu-se o  Império Austro-Húngaro, formado pela aliança das duas potências e que durou até a Primeira Guerra Mundial, quando a aliança se desfez. A partir de então, sucederam-se regimes autoritários e períodos democráticos, acordos, desavenças e separações, experiências de regime comunista e submissão ao jugo nazista, ora sob influência russa, ora alemã. Ao fim da Segunda Grande Guerra esses países passaram a satélites da União Soviética até a queda do regime comunista.

Com o fim do domínio soviético, a Tchecoslováquia dividiu-se em dois países: a Eslováquia e a República Tcheca. Essa separação foi resultado de um acordo político que agradou a ambos os lados e resultou em convivência pacífica.

Na falta de sol para as fotos, recorro ao Google.
Ao chegarmos a Bratislava, com chuva e  tempo nublado, ficou inviável a visita ao Castelo, de onde pretendíamos apreciar a vista panorâmica da cidade. O Castelo de Bratislava localiza-se no alto de uma colina no Centro Histórico, em posição dominante sobre o rio Danúbio. Sua construção iniciou-se no século X. Atualmente é a residência oficial do Presidente da República. As quatro torres localizadas nos vértices são consideradas o símbolo da cidade.

Para chegar ao Centro Histórico, atravessamos a Novy Most (Ponte Nova) sobre o Danúbio, uma das mais destacadas estruturas da cidade construídas no século XX, com uma torre na qual funciona um restaurante rotativo, ao feitio de  um OVNI, como tantas outras no mundo.  O Danúbio separa os dois lados, o do passado e o da contemporaneidade, cada um com seu encanto e sua história.



A van nos deixou na base do Centro Histórico e, a partir daí fizemos a pé um pequeno percurso com chuva fina e temperatura pouco abaixo de 20 graus. Buscamos um bom restaurante e fizemos dele nosso quartel general para nos proteger da chuva e para servir de ponto de encontro entre os que se aventuraram a sair e os que preferiram ficar bem abrigados e alimentados. 



Esse restaurante fica na Praça de Armas, uma área ampla e bem calçada, cercada de construções de várias épocas. Aí destaca-se  um prédio estreito, pouco mais alto que os outros, sede da Antiga Prefeitura, que atualmente abriga um centro cultural que estava fechado nesse dia.  Num canto dessa praça fica uma feirinha de artesanato, sem muitos atrativos. 
Dalí partimos com a guia para uma caminhada pelas vielas de origem medieval, estreitas e irregulares, que formam um conjunto muito interessante. A chuva caía com intervalos que possibilitavam o passeio sobre o chão úmido, mas não escorregadio.

Nesse passeio vimos, recortada na paisagem urbana, a torre da catedral de São Martinho, construída entre os séculos XIII e XVI, palco da coroação de vários monarcas do Reino da Hungria, do qual Bratislava foi capital por um certo período.

Igreja Franciscana.

















Durante a caminhada, tivemos acesso à Igreja dos Franciscanos, muito bem conservada, que data do século XIII, a preferida por autoridades, clérigos e nobres, para cerimônias oficiais e religiosas. (As imagens de mármore nos dois lados do altar principal, me lembram, pela postura corporal, as estátuas dos profetas do Aleijadinho!!!)
É o edifício sacro mais antigo da cidade. Além da nave principal, ela tem um salão lateral, iluminado por longos vitrais claros, que abriga uma galeria de arte na qual estão expostas peças de arte contemporânea com detalhes metálicos.
Depois de um bom almoço - uma truta grelhada fenomenal - o sol voltou a brilhar, mas era hora de partir. Passando de volta sobre a ponte, vimos os catamarãs, embarcações fluviais que ligam Bratislava a Viena, numa viagem de pouco mais de uma hora. O tempo instável nos afastara do plano original de fazer esse trecho da viagem pelo rio Danúbio. 
Ary com sua mãe Ruth, reunindo o grupo para seguir viagem.
As agências de turismo que promovem um passeio  nessa via fluvial anunciam que Bratislava é o melhor programa de Viena. Brincadeirinhas à parte, tudo vale a pena num cenário de tanta beleza natural e cultural. 
A viagem por terra também foi rápida e chegamos a Viena em plena tarde, tendo a luz do dia como aliada para uma primeira impressão da capital da Austria.