24.08.2013
Na viagem pela Europa Central, última etapa na Hungria.
Na viagem pela Europa Central, última etapa na Hungria.
Mais uma excursão para ver Budapeste por todos os lados.
Começamos o dia no Mercado das Pulgas. Muitas lembranças de
guerras, joias de todo tipo, bordados, tapetes, porcelanas e também casacos e capacetes militares marcados pelo tempo e pelas guerras. Ruth
comprou uma bengala e com ela ganhou mais um toque em sua elegância. O castão da
bengala é de prata com uma escultura do busto de um deus mitológico, não sei se
magiar ou grego, mas muito belo.
Foram mais de duas horas, admirando peças de
artesanato, quinquilharias de várias idades, bom e mau gosto no
mesmo espaço. Tudo se expõe, tudo se vende e se compra.
Saindo desse local, fomos ver uma coisa impressionante: a Praça das Estátuas, museu a céu aberto alusivo ao período do regime comunista, quando a Hungria fazia parte dos países da Cortina de Ferro. Em contraponto à Praça dos
Heróis, já mostrada neste blog, que é aberta, limpa e altaneira, manifestação do orgulho pelos feitos do passado, a Praça das Estátuas está num local afastado do centro da cidade, fechada, cercada, triste.
Diferenciando-se dos países do ex-Bloco do
Leste que destruíram suas estátuas socialistas logo que terminou o regime comunista, os húngaros não se desfizeram dessa herança. Eles as retiraram dos locais onde tinham sido colocadas pelos soviéticos e criaram um parque para preservar a memória histórica ao mesmo
tempo em que se livravam de conviver com elas no seu dia a dia, pois durante
toda a dominação comunista elas ocupavam as grandes praças e ruas do país. São
monumentos enormes e pesados, que trazem em seus títulos a intenção declarada de
reverenciar o trabalhador e o patriotismo, mas que não conseguiram ocultar do povo a mensagem subliminar de opressão e intimidação. Essa praça parece gritar: Nunca mais! É especialmente espetacular e assustadora a cópia da base do monumento em honra a Stalin (foto) que, a partir do fim da Segunda Guerra, assombrava o centro
de Budapeste. A estátua original foi destruída pelo povo, cortada na altura dos joelhos. As botas de bronze, por
si só, já constituem um monumento gigantesco, imagine-se quando era inteiro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirsfTrUBXKQ6lJAdthjJUpZ1EriXexSYj32Y9Pyh3MojXPSwTWxzWvSaVKoo5qN8-1iF1iVa8COL_1U3diWsmwNJnYxB6s57iNDZlnm2WbfbIvhF9c4iE5Ejhw0NKmO3BRNz2QIHfY7jmU/s320/2013+08+24+Peste2.jpg)
Na volta, para não nos arriscarmos a uma caminhada tão longa, Ary colocou sua mãe Ruth comigo num riquixá (eu fui de muito boa vontade!) e nós aproveitamos bem a tarde maravilhosa num passeio pelas ruas planas reservadas a pedestres, com suas sorveterias, casas de chá ao ar livre e lojinhas charmosas.
Demos preferência a percorrer e frequentar o
ambiente turístico da região onde estávamos hospedados, para aproveitar a
segurança do trânsito de riquixás, pedestres e ciclistas. As distâncias não
são curtas para pernas que já andaram muito ao longo da vida...
Com o grupo se dispersando, alguns foram a shoppings e descobriram o mundo maravilhoso das compras.
O único que se aventurou a pé a distâncias maiores, no calor escaldante do dia, foi o Carlinhos na busca de exposições de arte e museus do palácio de Buda.
Com o grupo se dispersando, alguns foram a shoppings e descobriram o mundo maravilhoso das compras.
O único que se aventurou a pé a distâncias maiores, no calor escaldante do dia, foi o Carlinhos na busca de exposições de arte e museus do palácio de Buda.
25.08.2013
Domingo! Dia claro de sol, muito calor.
Resolvemos enfrentar um programa que eu sempre olhava com
certa inveja, mas nunca tinha tido coragem de encarar: andar em ônibus aberto
de turismo, com chapéu de plástico, tipo
cowboy, distribuído na entrada do ônibus (a devolver na saída).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhFfeom_E3YfNa5TBmsGXFT8XhbaM6cLuZJqLbdJ402edVrz7BEHO4mysRYWJT3-rFj8cmR4BCb2Y55br2kb6mO05I4qQ8ss-JoceB2RQwCUweVw2YiGKjoqpfhWnHXQK5lSVsoLj_56UY/s200/2013+08+25+Tour6.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIpqx44FvdZqDC0EL8Sh3FU2SFJUYN1Lhf3rY8Jm0Jgh9uuVhrKGtGMLXqsK1oQZQND1lO310FFrd-x7-q6Ji1GpmZQfkTb2OujFhSmLB3LV149cVXfC1r8secVkT9GW3FmQfC1tURpluh/s200/2013+08+25+Sinagoga1.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgScPNVhNydzxBsmBePDqriK0e_VNpP0NhXpmP2TL9T42ASWrnI-DCilI8ACHEPKVLC8L8mj9KNiQuCvkdtK_LM_OjSp3uff7zIT5Bwga5HIz2e3E7ovDMAfk7OAlsXZIFvRidtbqkmPzra/s320/2013+08+25+CasaBrasil.jpg)
Choveu levemente nessa tarde.
A experiência da noite foi reconfortante e delicada. Pudemos confirmar quanto acertada foi a escolha da localização de nossa hospedagem. Andando a pé pelas redondezas, à direita do Hotel, pode-se percorrer quadras cheias de charme, cada momento do dia com seu encanto, cada esquina com uma atração diferente, inclusive grupos de música ao ar livre. Caminhando ao tempo úmido que restou depois da chuva, fomos, Ary, Márcia, Ruth, Flora e eu, tomar um chá no famoso Café Gerbeaud de Budapeste.
A experiência da noite foi reconfortante e delicada. Pudemos confirmar quanto acertada foi a escolha da localização de nossa hospedagem. Andando a pé pelas redondezas, à direita do Hotel, pode-se percorrer quadras cheias de charme, cada momento do dia com seu encanto, cada esquina com uma atração diferente, inclusive grupos de música ao ar livre. Caminhando ao tempo úmido que restou depois da chuva, fomos, Ary, Márcia, Ruth, Flora e eu, tomar um chá no famoso Café Gerbeaud de Budapeste.
26.08.2013
Último dia em Budapeste.
Chove de
manhã. Mas não faz mal: é preciso arrumar as malas, pois amanhã vamos passar à segunda etapa da viagem,
mudar de endereço. A turma se dispersou logo ao café da manhã. Cada um por si. Tudo em ordem no apartamento, resolvi dar uma olhada no comércio local,
nesta rua tão bonita, Vaci Utca, na zona
pedonal ou seja de pedestres, centro de Peste. Gostei da palavra nova, pedonal, regionalismo português
usado no informe turístico do hotel. Comprei um
guarda-chuva e fui dar uma volta. Tinha a intenção de conhecer o metrô antigo, mas amarelei: não tive coragem de enfrentar sozinha os caminhos subterrânos onde nao entendo os letreiros.
De repente, surge
o Ary, sempre criativo, fazendo propaganda da massagem tailandesa onde ele já
levou a mãe. Claro que fui experimentar. Optei por uma massagem relaxante nas
pernas, realmente uma delícia. Pena que não me lembrei de fotografar a cena.
À tarde,
sempre de guarda-chuva, saí com Flora e o casal Ary /Márcia para conhecer o
Mercado. Uma grande estrutura de ferro, comum em outros mercados no mundo e estações ferroviárias, cobertura total. O local é enorme. No primeiro andar,
alimentos os mais variados e bem expostos – frutas, carnes, ervas, temperos,
queijos, embutidos e muito mais. No segundo andar, com acesso por escada rolante, todo
tipo de artesanato, tais como os bordados coloridos que se encontram por toda
parte na cidade, brinquedos, bonecas com roupas típicas, artigos
de couro, sei lá mais o que. Saímos ainda com dia claro,
pois o mercado fecha cedo, às 17 horas.
Aproveitamos para explorar as ruas
próximas com seu comércio e seus transeuntes: gatos, cachorros, gente da terra
e turistas. Eu gosto de observar gente nas cidades que visito, mas a conversa estava tão boa que a atenção ficou dividida.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgixcUY4YH8bv42oj4LT9EgF4RGDR1M7T86Tlv3nQx3JStHXgRKgltsVZ8yFpamhkv8R8hltuJK7CJFpHMmvvFR8_wU8PsaCaKqfC5faiEoeJklsfE4uHJj7Ar2cZy9o-Xdeo2I1CRFnRp3/s200/2013+08+23+Peste1.jpg)
Uma coisa que me impressionou muito foi que todos os bares que têm mesas na calçada, deixam à disposição dos fregueses algumas mantas para que eles se protejam da brisa noturna ou de alguma mudança de temperatura. De manhã, os estabelecimentos estão fechados e as mantas cuidadosamente dobradas sobre as cadeiras. Os usários não as levam para casa, nem há mendigos para furtá-las na calada da madrugada. Não é espantoso?
As ruas estreitas não têm trânsito de ônibus,
carros e caminhões; as avenidas largas têm fartura de transporte coletivo
confortável e silencioso.
O episódio mais
divertido do dia foi inesperado. Felizmente a chuva tinha acabado. Tinhamos
decidido ir a um concerto e, para esperar a hora, ao entardecer, sentamos a uma
mesa debaixo da marquise de um barzinho, recebidos por um senhor muito simpático e
poliglota que se apresentou como Alfredo, em português. Conversa vai, conversa vem, ele se
diz músico e professor de violino. Vai lá dentro e volta com um
belo instrumento antigo, mas muito bem conservado. Para nos agradar e se exibir, ele toca algumas músicas e, em seguida, voltando-se para mim, diz que eu tenho
que tocar, é minha vez. Por que eu? Como não sei tocar violino, ele afirma
que é bom professor e eu aprendo em uma aula. Imediatamente me entrega o arco
do violino e pede que o conserve bem firme em posição vertical, com a mão apoiada
sobre a mesa. Nem tive tempo de recusar. Em seguida, ele segurou
o violino com as duas mãos e o esfregou
contra o arco que eu segurava e, assim, tocou uma música vibrante. Ora, quem estava com o arco era eu, então quem tirava o som do violino era eu. Aprendi a tocar
violino com uma aula só. Mas não me peçam para repetir a façanha, por que o professor
está lá na Hungria e ele não me ensinou a tocar sozinha. Márcia gravou a cena
no celular e, portanto, existe prova do episódio.
Para coroar o
dia, depois de encontrar o Carlos, irmão mais novo do Ary que é advogado e músico, fomos a um
concerto na Igreja de São Miguel, orientados por um panfleto que anunciava, em inglês, músicas
de Mozart (A Little Night Music), Liszt (Hungarian Rhapsody nº 2) e Vivaldi (The Four Seasons - completa). Tratava-se de um conjunto de câmara, Duna String Orchestra, sob a regência de Gabora Gyula ao violino, com
um som maravilhoso, favorecido pela acústica perfeita do templo. A igreja é dedicada a São Miguel Arcanjo, guerreiro de Deus. Mas o santo retratado lá no fundo do altar, podem ver, é São Domingos, criador da Ordem dos Dominicanos e incentivador da devoção ao rosário de Nossa Senhora. Depois dessa
experiência estética que juntou a música à beleza do ambiente, saímos pela
noite enlevados – eu, de minha parte, abençoada e grata de ter conhecido Budapeste em tão
boa companhia.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvxB_UP601ywlo7bYYCi_Wjc1nuFb9jY4xvXXuh7DL4tPagMJ6E0uVgVNlnNdCRIlOpBnnAnnKeAgZRg5GxoNzjklZeZH2rxHa3zXo5AdkMIBJT2MXOVkuuevShr1P3_M_mY4hc_VXK-vg/s320/2013+08+26+Concerto3+c%C3%B3pia.gif)
Amanhã, estrada em direção à Austria, passando pela Eslováquia - tudo bem perto, para nós, acostumados às dimensões continentais do Brasil.