domingo, 18 de julho de 2010

A Mágica do Domingo

Hoje é domingo, está perto do dia da Vovó, dia 26 de julho, na semana que vem, quando estarei viajando.
Então vou deixar aqui, agora, esta mensagem:

A MÁGICA DO DOMINGO

Um dia, recebi um texto de autor não identificado. Talvez vocês já o conheçam, mas aí vão alguns trechos, para focalizar o tema:
Perguntaram a uma menina o que ela gostaria de ser quando crescesse.
Ela respondeu:
“-Gostaria de ser avó”! Ao lhe perguntarem por que, ela completou:
“- Porque os avós escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles...”
“Os avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente.”
“Na casa deles tem sempre bolo, balas e uma lata cheia de suspiros.
Eles contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos e histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas!”
“Os avós sabem um bocado de coisas”.
“O colo dos avós é quente e fofinho, bom da gente sentar quando está triste”.
“Todo mundo deveria tentar ter um avô ou uma avó, porque são os únicos adultos que têm tempo para nós”.

Eu, que sou avó, fico pensando:
A gente tenta, a gente tenta...
Mas as pessoas são diferentes... Cada uma tem um jeito.
Quem dera todas as crianças conseguissem ter avós assim, tão gente fina...
Quem dera todas as avós conseguissem ser assim, tão boas...
A gente tenta, mas escorrega às vezes.
A menina acha que todo dia é domingo.
Que a tal velhinha é boazinha todo dia.
Que tem tempo pra brincar, contar histórias, que não tem que trabalhar...
Que não se aborrece nunca, que não perde a paciência, que não sofre.
Que não é obrigada a dizer vários "não" a si mesma e a outros...
Vá viver com ela uns dias pra ver!

A velhinha pode ser como qualquer adulto.
Como a mamãe que se zanga, perde a paciência, põe de castigo, não deixa brincar com fogo.
Como o papai que chega cansado e não tem papo pra criança. Ou que fica bravo só por causa de umas notas vermelhas no boletim escolar do adolescente cuja única obrigação na vida é estudar...
Eles estão preocupados em educar, em prover, tão aflitos com o futuro que nem sempre conseguem aproveitar toda a alegria do presente.
Quando se dão conta, os filhos, mesmo estando ali por perto, já cresceram, não querem mais brincar.
Não querem mais ouvir histórias. Então...

Bom mesmo é ter netos.
É ter um colo quentinho onde eles se sintam amados e protegidos, antes de ficarem tão grandes que já não cabem no colo de ninguém.
É ter uma gaveta cheia de lápis de cor, papel, tesouras e tintas, uma caixa de fitas coloridas, uma estante de livros, discos e filmes, um armário de brinquedos (novos e usados), cobertores fofinhos, almofadas de todos os tamanhos, pilhas de toalhas de banho, gramados verdinhos e bancos de jardim, canecas, sorvete, pipoca, queijo quente, pão com manteiga, chocolate, árvore de Natal, presépio - e um computador esperto, multiuso, para todas as idades.
Bom mesmo é que os filhos trazem seus filhos para perto da vovó.
(Apesar de tudo, os filhos ainda gostam da gente. Agora, eles nos entendem.)

Bom também é ter família grande. Cada um de um jeito.
Pra gente aprender muitas formas de amar.
Pra não confundir amar com agradar, nem confundir agrado com manipulação.
Pra saber dividir - ou multiplicar? - o amor em partes iguais, mas bem diferentes!
Pra não colocar no mesmo saco o amor com a competição e a rivalidade.
Pra jogar um jogo em que todos ganham como no velho brinquedo de roda: - todos juntos, de mãos dadas, olhando-se de frente e... cantando.
Bom mesmo, para esta velhinha, é passar a semana ocupada, ter projetos, ter amigas.
Poder enfrentar todas as lutas, as perdas, as saudades...
Na hora dos problemas, não procurar culpados, mas soluções - e pedir ajuda se for preciso.
Continuar aprendendo, cultivar a curiosidade e a observação, procurar entender o mundo que está mudando todo dia.
E guardar, no fundo do coração, a gratidão pela divina mágica do almoço de domingo, sua receita secreta e infalível para recuperar energias e alimentar a alegria de viver.
Pois não foi para isto que Deus inventou o DOMINGO?

(E olha que ele nem tinha netos, nem sabia como era bom!)

Bom domingo!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Primeiras lembranças.

Entramos no bairro do Carmo. O ônibus especial percorreu a Rua Grão Mogol, do princípio ao fim do calçamento de pedras irregulares, um pé-de-moleque muito tosco. Passamos pela Igreja (na época um barracão muito feio) e pelo Grupo Escolar Presidente Antônio Carlos, que funcionava numa casa velha. Da esquina da Rua Buenos Aires em diante era chão de terra. Pois foi por essa via que o ônibus enveredou, levantando poeira, para chegar ao prédio inacabado do Colégio Sion. Não havia ainda o bairro que viria a se apropriar do nome do colégio.

Começava o ano letivo de 1949, estreando o prédio próprio do colégio, construído em terreno cedido pela Prefeitura, como incentivo à urbanização daquela região, extremo sul da cidade. Foi meu primeiro contato com o que viria ser o bairro Sion, cenário de quase toda a minha vida daí pra frente.

Quando eu estudava no Sion, a gente só chegava lá de especial ou de carro. O bonde parava em frente à Igreja do Carmo e de lá voltava ao Centro. Mais tarde, chegou à Rua Buenos Aires. Mas pouco tempo depois, os bondes foram banidos das vias de Belo Horizonte.

Era praticamente uma área rural. As poucas famílias que ali habitavam, tinham pequenas propriedades perdidas no meio da vegetação. Um mato fechado, cortado por riachos e nascentes cristalinas, com casebres e pequenas chácaras, que logo se transformou num loteamento de sucesso. Sobraram apenas as árvores do Colégio cujo bosque se ligava, então, à vegetação da encosta que leva à atual parte alta do bairro. Dessa fartura de verde, resta agora, no meio de uma grota, a sempre ameaçada Mata das Borboletas. Os córregos foram canalizados, sob a Rua Venezuela e a Avenida Uruguai, e as nascentes se perderam.

Lembro-me de uma chácara perdida no meio da mata, onde se cultivavam várias espécies preciosas de frutíferas e flores tropicais, especialmente os antúrios que enfeitaram a capela do Colégio na missa de nossa formatura do Ginásio, em 1952. Essa chácara e suas plantações deram origem à Flora Sion, que funcionou muitos anos na Avenida Uruguai.

Ali morava também o Sr. Sebastião, começando a formar sua numerosa família. Criava um cavalo, com o qual saía todo dia para buscar laranjas no Mercado Central. Acomodadas em dois grandes cestos sobre o lombo do cavalo, as laranjas eram vendidas pelas ruas e centro da cidade. Assim eram os primeiros habitantes locais. Gente forte, trabalhadora, vida simples e digna.

Aos poucos, houve muitas transformações. A cidade é dinâmica, tudo muda. O bairro foi tomando ares de cidade grande. Tem do bom e do ruim, como tudo na vida.

Vou contar o que lembro, sem compromisso com a realidade exterior. A verdade que vai aparecer é a minha, do jeitinho como está guardada na minha memória. Pode não coincidir com a verdade real, mas é real pra mim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A ética na escola

"Aula de ética é em casa, não na escola"  - este o título do artigo de Gustavo Ioschpe, na VEJA 30 de junho de 2010, p120.
O título apresenta essa afirmativa mas, como acontece com muitos títulos, ela é apenas uma provocação para chamar a atenção do leitor. Num primeiro momento parece ser uma posição radical contra o papel das escolas em relação à ética na educação.
Uma posição que se baseia na convicção do autor de que o "desenvolviemnto ético de uma criança é uma prerrogativa de seus pais".
Mais adiante, vem uma afirmação aparentemente contraditória: "Acredito, sim, que a ética tem papel vital na escola, mas não no discurso, e sim na ação". Viva! Estamos de acordo.

A escola não pode passar ao largo de sua função educativa - e a formação ética faz parte, sem dúvida da educação escolar. O papel mais forte nessa área de aprendizagem é das famílias, onde os alunos adquirem e vivem os valores que seus pais lhes transmitem - bem ou mal. Concordo também com o autor, quando explica seu ponto de vista, dizendo que "cabe à escola criar ambiente propício à liberdade intelectual, sem esquecer de aplicar no dia a dia os princípios éticos que norteiam a vida em sociedade" tais como pontualidade, assiduidade de professores e alunos, regras aplicadas a todos, punição à violência, a que eu acrescentaria o rigor no cumprimento de compromissos, o respeito e a gentileza nas relações.

Aí vem a grande questão levantada nesse texto: o autor duvida que os professores brasileiros estejam preparados para travar a discussão sobre ética com a profundidade que o tema exige. E teme que o conteúdo, tratado com superficialidade desande para o discurso panfletário, transformando o ensino em doutrinamento - um perigo real. E vai além. Citando a banalização da cola - com base em sua experiência de estudante que jamais viu um aluno ser punido por ter colado em prova - alega que nesse cenário, em que os trapaceiros se dão bem, falar em ética é um deboche e um desserviço.

Não vou levantar aqui as questões sobre a pertinência da ética como conteúdo curricular, mas quero manifestar minha inquietação com a relevância do preparo dos professores, não apenas para discutir ética com seus alunos sem resvalar para a manipulação doutrinária, mas também para agir realmente com ética nos assuntos mais diversos e nos momentos mais comuns da vida escolar. Acho essa profissão a mais difícil do mundo. Que responsabilidade! 
Vocês não acham?

domingo, 4 de julho de 2010

Começando as ledices

Ledices são tolices específicas, próprias da Ledinha, personagem que mantém este blog. São a expressão de idèias mutáveis.
Primeiro é preciso explicar que meu nome é Lêda (ou não precisa?)
Depois vamos entender que leda não é apenas um nome de mulher. Tem significado por si mesmo, como palavra do idioma português. E com esse significado, tem marcado minha vida - até minha personalidade.
Começamos pelo Dicionário: (Aurélio)
leda.(do latim, laeta) feminino de ledo, adj. Risonho, contente, alegre, jubiloso.
"Já mimosas as flores desabrocham,/ Já mais ledos os pássaros gorgeiam". Gonçalves Dias.
Logo, meu nome próprio é um adjetivo. Que fica comigo para me mostrar o lado bom das coisas e dos eventos. Que comanda meu temperamento, não me deixa ficar triste. Que me inspira satisfação e gratidão pelo que sou, pelo que vivo, pelo que tenho, por tudo e todos que me cercam.
Meu nome não sou eu. Mas me influencia.
E eu, quem sou? Sou a dona das ledices deste blog.
Bjs, Ledinha.