domingo, 14 de abril de 2013

FIM DE SEMANA EM SANTA BÁRBARA, MG


 
Saída: 28/03/2013 - DE BH A SANTA BARBARA.


A convite da Deise, em comemoração a seu aniversário, tivemos um programa muito especial em Santa Bárbara, MG, onde nos hospedamos em apartamentos reservados por ela no tradicional Hotel Quadrado. Companheiros desta etapa da viagem, os irmãos da aniversariante: Júlio, Eliana e André.
Saímos pela BR 356, Andre dirigindo. Paramos para gasolina e calibrar pneus no Posto Chefão. Cuidado: os dianteiros estão carecas!
Almoço em Ouro Preto. Evitamos a perigosa BR 381, fazendo um caminho mais longo, sem pressa!
Ao chegarmos a Santa Bárbara, descansei um pouco, no quarto 03 do Hotel Quadrado, enquanto esperávamos por Deise que estava trabalhando numa obra de restauração, numa mina da Vale, aqui perto. A região é toda tomada por intensa atividade mineradora.
 
À noite, jantar no anexo do hotel, um lugar amplo e bonito, muito acolhedor.
Pasteizinhos de angu fritos às pressas, estavam crocantes por fora e frios por dentro, uma pena. Cerveja Devassa, excelente, e coca zero. Noite da Massa: pene, talharim, espaguete, três molhos, mil acompanhamentos e temperos para preparar na hora - uma delícia.
Música ao vivo e um petit gateau com sorvete e 5 colheres! A música estava ótima. O cara fazia um som bem balançado, em qualquer ritmo para agradar a todas as gerações, com voz superlegal.  Rapazinho bom de bola com um violão e um computador ligados num sonzão de várias caixas. $15 de couvert artístico opcional ($3 por pessoa). Valeu.

Na praça diante do hotel, encenação da Paixão, parte 1: a vida de Jesus desde o nascimento, até à traição de Judas - na peça ele tinha ciúmes de Jesus, porque era apaixonado por Madalena - licença poética?
Essa apresentação, de grande beleza cênica, feita num palco de superstar, armado na cabeceira da praça, é patrimônio imaterial da cidade. Pena que temos que assistir em pé! Não aguentei até o fim e fiquei só ouvindo o som potente, do hall do hotel. Quando vim para o quarto, Deise, mãezinha amorosa, ainda ficou esperando o Mateus que chegaria de ônibus com o amigo Leandro.
Amanhã, pretendemos ir ao Caraça. Periga passarmos fome, porque é Sexta-feira Santa e ninguém trabalha no interior de Minas. Vamos ver.
  
29/03/2013 – PELOS CAMINHOS DO CARAÇA
Participantes: Júlio, Deise com Mateus e Leandro; Eliana e Andre - e eu.
Depois de um belo café da manhã - e vocês vão ver porque esse café foi aqui louvado - partimos para o programa do dia: visitar o Caraça, o mais famoso destino turístico da região.
Ai fica demonstrada, mais uma vez, a engenhosidade da Deise em transformar um programa simples e objetivo em complexa atividade de múltiplas manobras. Antes de pegar os carros na garagem, demos um “pulinho” na Matriz de Santo Antônio, ali, em frente ao Hotel e, de quebra, tivemos uma bela aula sobre estilos e respectivas épocas, uso do ouro e da prata em retábulos e altares, características das imagens de anjos, de Nossa Senhora do Rosário e do arcanjo São Miguel e até mesmo sobre o santo patrono da casa, o Antônio de Lisboa que veio a falecer como Antônio de Pádua, na Itália. À porta da igreja crescia uma extensa fila de fiéis que adentrava a nave central: era a fila da confissão. Lá na frente, junto aos altares laterais, dois sacerdotes ouviam as confissões e lhes determinavam a devida penitência, por isto não pudemos nos aproximar muito. Ambiente de muito respeito e contrição - de nossa parte, gente fina, imensa discrição.
Em seguida, descemos a alameda que circunda a praça e, lá na extremidade, atrás do palco, fomos ver a paisagem, sentados em bancos de madeira sob uma pérgula.
Dali se avista um pontilhão, sobre o leito da velha estrada de ferro que cortava a cidade ao meio. Em redor, a montanha e a mata, de variados tons de verde salpicada de prata das folhas de imbaúba.
Em meio a muitas brincadeiras, sorteamos no "par ou impar" nossa distribuição nos carros.
 
Enfim, partimos - o carro da Deise na frente para indicar o caminho - eu dentro, mais o Julio.
Pronto? Rumo ao Caraça! Mas não! Errando o caminho na encruzilhada, fomos conhecer Catas Altas. É impressionante a beleza da paisagem, para qualquer lado que se olhe: montanhas de todo tipo, distantes e próximas, pedras pontiagudas e cascatas que podem ser avistadas a grande distância.
Impressionante também o tamanho da igreja, se considerarmos que a cidade é minúscula. Acresce que esta foi uma das primeiras obras de restauração feitas pela Deise, há muitos anos, ainda recém-formada – diploma ainda quentinho, saído do forno.
 
Agora, vamos mesmo ao Caraça. Ou não? Pois no caminho ainda paramos para apreciar uma linda capelinha cuja restauração também faz parte do currículo da arquiteta Deise, nossa guia turística. Uma lindeza! É a Capela de São José, no lugarejo denominado Sumidouro.
E então, ao fim de uma estrada muito comprida, mas sem ansiedades desnecessárias, de uma altitude de 1297m, avistamos nosso alvo: o colégio fica mesmo perdido no fim do mundo. Coitados dos meninos que vinham para cá e ficavam meses sem contato com as famílias, numa época de comunicações precárias!


As edificações preservadas do antigo educandário masculino mostram as características de cada etapa da construção.

A igreja original, condizente com o prédio colonial, foi substituída pela atual, de estilo inspirado nas catedrais góticas da Idade Média, e concluída cem anos depois da primeira. É um conjunto de grande beleza, cercado e entremeado de jardins floridos e bem tratados, como os dos castelos de França. Possui até mesmo catacumbas...



Apresentam-se aí duas referências históricas relevantes:
 1) a visita com que o Imperador D. Pedro II honrou Minas Gerais, tendo se hospedado no Caraça a convite de Afonso Penna, então presidente da Província; 
2) com evidente orgulho, um quadro destaca os nomes de mais de cem alunos do colégio que se tornaram personalidades importantes na vida pública brasileira: inúmeros políticos, inclusive alguns presidentes da República,  (entre os quais o Presidente Afonso Pena, filho da terra) juristas e escritores de renome, vindos de vários pontos do país.

Duas coisas a lastimar:
1.) a desorganização do museu local, com mau aproveitamento da riqueza de informações que o acervo disponível poderia oferecer se fosse bem trabalhado. Essa instituição cultural que conta com o patrocínio, entre outros, da fundação Roberto Marinho, não faz jus à magnífica intervenção realizada na velha edificação, cujas paredes em ruínas foram substituídas por painéis de vidro fumê.
2.) as condições pouco satisfatórias de atendimento aos visitantes, quanto a banheiros e refeitório – um verdadeiro “espanta turistas”. A comida não era de má qualidade, mas insuficiente para o número de visitantes no feriado e servida sem cuidado - lembrando a má fama da alimentação nos detestados internatos do passado. Dizem que o trato nos refeitórios industriais, mesmo em empresas de prestígio, não difere muito da experiência, digamos, pouco animadora que tivemos - será possível?
Ainda que insatisfeitos, não perdemos o bom humor e, pelo menos, ficamos alimentados, o que, aliado ao farto café da manhã, nos livrou de um dia de fome - pois, de lá até aqui no hotel em Santa Barbara, não havia sequer um restaurante, bar, boteco ou similar aberto. Ainda que hoje seja dia de jejum, nossos estômagos pós-modernos, pouco praticantes de ritos penitenciais, não sabiam como lidar com esse tipo de situação.


Na volta, passamos por Brumal, antigo distrito de Santa Barbara, onde era rezada uma missa na igreja que, como outras da região, foi restaurada pela equipe da Deise, no fim do século passado. Lembro-me de ter participado dos festejos da inauguração da igreja após essas obras. Naquele dia distante, assistimos missa, vimos uma cavalhada e uma exposição de artesanato. Meus netos, Mateus e Bernardo, bem pequenos na época, divertiram-se à farta com uns cavalos mansinhos, montando-os ou puxando-os pelo cabresto. O lugarejo continua o mesmo e, no imenso gramado onde se fizeram essas comemorações, ainda funciona um velho chafariz e lá estão os cavalos a pastar, não necessariamente os mesmos. (Na falta de foto atual, aí vai uma de 1998)


À noite, a fome rondando e restaurantes fechados, salvou-nos a solicitude da camareira do hotel, a alegre Elaine, que se dispôs a nos preparar um lanche com itens do café da manhã do dia seguinte, retirados com presteza da despensa do estabelecimento. Foi uma festa de café, leite, iogurte, manteiga, queijo, presunto, bolo, pão de queijo saído do forno, pães de forma e até um suco de laranjas espremidas na hora.
Assim preservamos a alegria de viver, na paz da noite, depois de tentar em vão assistir, sob chuva sem trégua, à encenação da Paixão, segunda parte, ou seja, a prisão, condenação e crucifixão de Cristo. O espetáculo é para ser visto em pé, ao ar livre e, depois que começou a chover, com uma profusão de guarda-chuvas dificultando a visão. Meus pés, cansados das aventuras do dia, negaram-se a me apoiar na empreitada de fé e arte. Sucumbi às minhas limitações e recolhi-me.
Enquanto escrevia as primeiras linhas de hoje, ouvia os ruídos, a música e as falas das cenas finais do drama que se passava lá fora. Uma pena perder tão belo espetáculo.
Lembrete: se não levar sua própria merenda, evite viajar pelo interior de Minas na Sexta-feira Santa.



 30/03/2013 - CONHECENDO SANTA BÁRBARA.
 Participantes: os mesmos de ontem.
Sábado de manhã, dia nublado, mas, eis-nos animadamente andando a pé pelas ruas, ladeiras e escadarias da cidade.
Primeiro, o memorial de Afonso Pena, ilustre filho da terra e ex-aluno do Caraça, brilhante político brasileiro, do tempo em que era honroso ser político. Primeiro mineiro eleito presidente do Brasil, advogado, doutor em Leis e autor de várias obras jurídicas, fez brilhante carreira política, começando como prefeito de sua cidade natal e tendo ocupado todos os cargos da estrutura política da época, menos o de vereador: foi deputado por vários mandatos, senador, presidente de Minas Gerais. Jurista respeitado, a escola de Direito da UFMG, em Belo Horizonte,  foi denominada Casa de Afonso Pena, em sua homenagem.Seu nome também foi dado não só à principal avenida da capital de Minas, como ao aeroporto de Curitiba, Paraná.
 O memorial é um museu com acervo rico e bem conservado, localizado no casarão que foi residência da família Pena e guarda fotos, móveis, objetos e documentos de valor histórico. Na sala de jantar, um surpreendente forro, com pintura de época anterior a Mestre Ataíde, descoberta debaixo de várias camadas de tinta.
O próprio prédio e suas modificações ao longo dos séculos é um dos principais itens dessa memória preservada. Na recuperação e restauração desse patrimônio foi e continuam sendo utilizados os mais modernos recursos da tecnologia e da museologia. Aí pudemos constatar com justificado orgulho, a competência profissional equipe da Deise, da qual participava, na época, o atual visitante, o Andre. Registre-se aqui, com muito orgulho, que o projeto dessa grande obra é da arquiteta Fernanda Bueno, nossa querida amiga.

Aqui, registre-se, de passagem, que o guia que nos acompanhava aproveitou com interesse a inusitada oportunidade de ampliar seus conhecimentos e até mesmo de aprender a manusear um equipamento de imagem – inoperante por falta de operador! - que tinha sido instalado pelo Andre!!! Ele ficou a princípio intrigado, pensando que a Deise era da família do Presidente Afonso Pena, mas ela não quis se apresentar logo, para não intimidá-lo. Ao final, ele ficou maravilhado quando os visitantes identificaram seus nomes nos créditos registrados em um painel comemorativo da inauguração do Memorial.
Considerada uma conquista de grande valor, encontra-se no jardim interno do casarão, o mausoléu de Afonso Pena, trazido do cemitério do Rio de Janeiro, onde fora edificado originalmente. Trata-se de um belo conjunto esculpido em mármore de Carrara - uma tumba sobre a qual se debruça uma mulher em atitude de grande sofrimento, com túnica ao estilo das vestimentas gregas da antiguidade, representando a Pátria de luto.
Mais uma caminhada e fomos conhecer a Feira de Artesanato, localizada na antiga estação. É um conjunto de lojinhas onde se vendem pequenos objetos de cerâmica e tapetinhos feitos em tear manual. Um pequeno tear fica em exposição, movido por uma tecelã que dá explicações aos interessados. Na antiga plataforma de embarque, uma banda de rock ensaia num som altíssimo. Os trilhos atualmente sem uso permanecem nivelados com o pavimento, de modo que o antigo leito dos trens passa a ser um pátio para festas, sob uma cobertura bem alta.
Daí, subimos uma incrível escadaria (na verdade, incrível foi eu ter-me aventurado nessa escalada!) que liga a parte baixa à parte alta da cidade. Olhando assim, pela foto, parece fácil - mas vá lá experimentar... 


Lá em cima, atrás da igreja do Rosário tem início a principal rua comercial, com edificações de todo tipo - no máximo, de três andares - e uma grande variedade de lojas, principalmente de moda. Começou a chover, uma chuvinha fina e persistente. Caímos na tentação e fizemos algumas compras. Depois, um almoço muito gostoso e farto.
Na direção oposta, à frente da Igreja do Rosário, começa a ladeira que desce até à Matriz, em frente ao nosso Hotel.
Pela ladeira, sob chuva fina, voltamos ao hotel e, enquanto os homens se dedicaram ao repouso, fomos nós, as meninas, ver a Casa do Mel, instituição que congrega e apoia os apicultores da região. Todos aqueles produtos "Santa Bárbara" que se encontram nos supermercados e drogarias são fabricados nesta cidade. Os produtores se associam à Casa do Mel e em regime de cooperação compartilham equipamentos e recebem instruções sobre apicultura, manufatura de sabonetes e cremes, culinária e gestão de seus negócios. Admirável iniciativa da Prefeitura que comprou a casa, equipou-a, pôs para funcionar e agora a está passando para a associação dos produtores. A casa faz também as vezes de museu do mel, oferecendo aos visitantes um panorama sobre o trabalho de criação de abelhas e extração do mel. Compramos alguns sabonetes, balas de mel, cremes para a pele - impossível não comprar.
À noite, comida de boteco, sem música ao vivo. Brindamos ao aniversário da Deise, mas a música não estava muito animada como no primeiro dia, não estimulava grandes badalações. Comemoramos a imensa felicidade de estarmos juntos. Que boa ideia esta da aniversariante, de nos reunir assim, marcando com a união dos irmãos a festa de seus 50 aninhos. Esta é a Deise que amamos.
O programa principal era a encenação da parte final da Paixão: a Ressurreição. Antes do espetáculo houve a vigília pascal na Matriz que só terminou perto da meia noite. Era tarde e chovia.  Com sono e cansados, desistimos de assistir ao espetáculo.
31/03/2013 - O RETORNO
Domingo de Páscoa, café da manhã com bombons. 
Malas prontas, contas pagas pela aniversariante - que bela surpresa! - passamos a uma interminável sessão de fotos na Praça da Matriz de Santo Antônio, diante do hotel. Brincadeiras e risadas, novas poses, novos grupos, novas locações e novos detalhes a registrar - apenas pretextos para adiar as despedidas. Em tempo: gostei muito do hotel - casa antiga, instalações modernas, tudo limpo e confortável.
Enfim, pegamos de novo a estrada, a caminho de casa, deixando Deise com Mateus e Leandro para trás. Os  rapazes (difícil deixar de chamar os netos de meninos) pegam o ônibus para BH e nossa aniversariante volta para Ouro Preto. Espero que ela tenha boas recordações destes dias, na certeza de que é muito querida.

Nossa turma: Júlio, Eliana, Deise, Leda, Leandro, Andre, Mateus.

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