segunda-feira, 13 de junho de 2011

Palmadas


Quando ouço notícia de que o Parlamento está bolando uma lei nova sobre tema pontual, isolado, da educação, já sei: lá vem bobagem. E é tiro e queda, vem mesmo.
Agora é a Lei da Palmada. Como se lei adiantasse alguma coisa para ensinar aos pais como se educa uma criança!
E, de quebra, o risco da mensagem ser mal interpretada, como sempre acontece nos assuntos mais delicados da educação, quando tratados à parte de sua fundamentação teórica e do seu contexto histórico.
As leis existentes já são suficientes para punir com rigor, como a qualquuer outro adulto, os pais que se excedam e cometam violência contra seus filhos. Se o poder público não dá conta dos casos graves de maus tratos, espancamento e abandono que vicejam por aí, como vai se ocupar do que acontece no dia a dia dos lares?
Melhor seria o investimento em campanhas educativas – pais precisam ser instruídos para educar, como se faz a favor da alimentação saudável e contra os vícios. Filho não vem com manual de instruções e a ansiedade em acertar pode gerar algum destempero, ainda que involuntário, passageiro e seguido de lágrimas de arrependimento. As palmadas corretivas e os gritos incontidos quase nunca são fruto de desamor, mas de despreparo, de desespero por acertar, de cansaço e frustração diante das dificuldades - pois educar não é fácil e paciência tem limites...
Uma luta sem trégua nos meios de comunicação, pelo esclarecimento, para mostrar que os castigos físicos podem ser substituídos pelo diálogo e outras formas de convencimento e até mesmo de punição – isso sim, esse combate é necessário.
Os pais dispõem de muitas alternativas para impor sua autoridade, não podem abrir mão dela, tem o dever de orientar e corrigir, mas precisam dar exemplo de autocontrole – entre outros. Cumpre-lhes mostrar aos filhos que é possível resolver conflitos, divergências e frustrações, sem uso da força e da violência – física ou moral.
Uma lei que proíbe palmadas, por via de interpretação apressada, pode gerar muitos mal-entendidos. Só de pensar um pouquinho, eu mesma já imaginei vários...

Beijos a vocês que visitam meu blog.
Ledinha

Um comentário:

  1. Gostei muito Lêda. Revela sua sensatez, experiência de vida e bagagem cultural herdada e enriquecida. Parabéns!

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