domingo, 1 de dezembro de 2013

PRAGA - Prahe bela! 1



Aqui está um mapa inteiro da Europa. Observem que a República Tcheca, este país colorido de verde mais escuro, está bem no centro do Continente.Como se fosse o miolo!
 
30 e 31.08.2013: Começa uma semana tcheca
Moinhos de vento, geradores de energia eólica


Lá vamos nós pela autoestrada, numa van com reboque para as malas. Boa solução, porque as vans não são projetadas para viagens demoradas. Acho que os fabricantes imaginam passageiros com pequenas valises ou mochilas e não, como nós, com malas volumosas para três semanas de viagem. Não fiz muitas compras, mas não sou um modelo, apesar da fama, pois gosto de levar lembrancinhas de cada lugar que visito... Muitas tentações, mas só sou vencida por itens de pequeno porte.



Da Áustria passamos à República Tcheca, em direção a Praga (Prahe, na língua local), nosso último destino nesta viagem à Europa.  Campos enormes de melão de cor alaranjada parecem plantações de abóbora. Também longos parreirais anunciam safras generosas de uva e vinho.

A República Tcheca é também chamada Checa, Chéquia ou ainda Tchéquia, cujo nome na língua local é Cesko ou  Ceská Replublika (com um chapeuzinho sobre o C - um circunflexo invertido desconhecido em nosso Português) é um país da Europa Central que faz fronteiras com a Polônia, a Eslováquia, a Áustria e a Alemanha, como se vê no mapa. É membro da União Europeia desde maio de 2004. A capital, Praga, fica na Boêmia, parte ocidental do país, banhada pelos rios Elba (Labe) e Moldava (Vltlava) O turista em geral não entende como a tradução dessas denominações dos rios pode resultar em nomes tão diferentes em nossa língua.

A história deste país remonta aos fins do século IX, quando havia ali o reino da Boêmia, uma potência regional que nessa época passou a integrar o Império Romano. Mais tarde, devastada por várias guerras, veio a cair sob o domínio dos Habsburgos, motivo pelo qual passou a fazer parte da Áutria-Hungria, a partir do século XVII. Ao final da Primeira Guerra Mundial, com o colapso do Império Austro-Húngaro, os checos e os seus vizinhos eslovacos juntaram-se e formaram a república independente da Tchecoslováquia em 1918. Logo em seguida a Tchecoslováquia caiu na esfera de influência soviética. Em 1968, foi invadida por tropas do Pacto de Varsóvia que vieram para frustrar os esforços locais no sentido de liberalizar o regime e criar um " socialismo de rosto humano", no momento histórico que ficou conhecido como a Primavera de Praga.
Em 1989, a Tchecoslováquia recuperou a liberdade, pacificamente, por via da "Revolução de Veludo". A 1º de janeiro de 1993, o país separou-se em dois por decisão parlamentar, sem conflitos, o que resultou em países independentes: República Tcheca e Eslováquia.

Ingresso para o Castelo de Praga 350Kc
A República Tcheca aderiu à OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte - em 1999 e à União Europeia em 2004. Mas ainda não adotou o euro como moeda. Sua moeda é a Coroa, abreviada Kc ou CZK.  





Um dos mais fortes motivos de orgulho dos tchecos é a produção de cerveja. A cervejaria Pilsner Urquell foi estabelecida no ano 1842 e deu nome ao tipo pilsener mundialmente conhecido e apreciado.
Pilsener é um tipo de cerveja de baixa fermentação fabricada com maltes especiais e produzido na cidade de Pilsen (Plzeň), situada na região da Boêmia, na atual República Checa. É chamada pilsener, pils ou pílsen conforme a língua do país onde é produzida.














A tenista Martina Navrátilová, nascida em Praga, é um dos maiores motivos de orgulho esportivo deste país. (foto)

 
A cidade de Praga foi fundada no ano de 1230 na região onde já se localizava desde o ano de 870 da era cristã, o antigo Castelo de Praga. Em vários pontos da cidade podem ser notados sinais deixados por Carlos IV, imperador romano e rei da Boêmia. Aproveitando o tempo de prosperidade que caracterizou seu reinado, em 1348 o rei fundou a Universidade de Carlos em Praga, a primeira de toda a Europa Continental além de outros pontos culturais de alta importância na capital.

Numa viagem tranquila e breve – umas três horas e meia  - de leste a oeste do país, percorremos os 330km de Viena até nosso destino. Chegamos ao sensacional Hotel Corinthia de Praga bem no meio de um dia ensolarado. Ainda deu tempo de tomar o Metro, bem na porta do Hotel para fazermos um passeio pela Praga Antiga, com suas ruas de pedestres com casario deslumbrante. A peça mais famosa desse lugar é um conjunto de relógios que marcam não apenas as horas, mas também as fases da lua e mais um não sei quanto de informação astronômica. O mecanismo do relógio faz com que a cada hora completa, se apresente um verdadeiro teatro de bonecos, com portinholas que se abrem, personagens que chegam à janela e outros que saem à sacada, voltando todos a seus lugares onde ficam quietinhos até à hora seguinte. A multidão se aglomera para assistir ao espetáculo e em seguida se dispersa, cumprindo o mesmo ritual o dia todo e a noite também.
Sobre a beleza do lugar, as fotos falam melhor do que qualquer descrição, mesmo sendo fotos de amadora.
 
 Andamos calmamente pelas ruas coloridas pelas roupas de verão dos turistas, apreciando o calçamento perfeito, o comércio variado, os bares acolhedores, o burburinho alegre de muitas vozes e idiomas. De repente, o máximo deslumbramento: na praça do relógio, tudo parece mágico, é como entrar em um mundo encantado. Torres de igrejas e palácios, à luz do sol poente, contra as sombras que já se tornam bem compridas, elevam-se como castelos de contos de fadas, em contraste com matizes álacres do casario antigo tão bem conservado.


O almoço tardio, no Ristorante Italiano não nos decepciona: comida italiana é universalmente gostosa, principalmente se a turma já está com muito apetite. Informação, a título de curiosidade: Kc$330 por pessoa, com sobremesa e refrigerante ou cerveja – sem vinho -  equivalendo a aproximadamente 15 Euros, ou seja menos de R$50.

Em compensação, o taxi que trouxe de volta o grupo menos jovem nos levou Kc$500. Aprendemos que aqui se deve usar sempre o transporte coletivo.



Praga é uma cidade deslumbrante.

Vista da varanda do restaurante no segundo piso do Hotel Corinthia,  a cidade mostra em primeiro plano, à luz da manhã, os telhados dos bairros residenciais, com aparência fresca  de telhas novas, entremeados de grandes áreas verdes, com árvores frondosas – tudo bem verão. Ao fundo, contra a linha do horizonte, os prédios mais antigos guardam uma elegância altaneira e atemporal. 

Nesta manhã, depois de uma boa noite de sono e um café da manhã revigorante, saímos todos juntos com um plano traçado pelo Ary convertido em guia turístico, mas com a assessoria de suas amigas, que vieram nos encontrar, uma delas filha de um cliente dele residente na Alemanha. Linha vermelha, linha verde, área de tráfego pedestre no Centro Antigo, bondes elétricos cortando a cidade em todas as direções. 
É sábado, um dia esplendoroso. As ruas estão cheias de gente alegre, estátuas vivas (olha eu ali, entre elas!), conjuntos musicais dentre os quais se destaca um grupo de jazz de ritmo contagiante.
 








O rio Moldava e suas pontes apresentam-se, em cada curva, com uma beleza impar, em paisagens emocionantes. 
Os monumentos  antigos falam de reis, castelos, santos e conquistas. Os mais recentes lembram as guerras e os anseios de liberdade do povo tcheco.
 

Um bonde nos leva ao bairro mais elevado para vermos a cidade lá de cima, a partir de um jardim que faz parte do complexo  do Castelo de Praga. 
 
 









Neste ponto, achando que se haviam esgotado os atrativos naquele lado, o grupo se dividiu. Minha turminha, com Carlos, Ilka, Paulo e Eliana, desceu o morro para continuar a explorar as margens do rio. 
 Um pequeno equívoco na escolha do ponto de descida,  deixou-nos meio incertos quanto ao rumo a tomar. Passamos do ponto que nos levaria à área mais turística e entramos em um bairro comercial. É preciso confessar que ficamos um pouco perdidos, o que foi ótimo, pois tornou o passeio muito mais emocionante. Vagando a esmo, sem objetivo imediato, pelo simples prazer de curtir a novidade, fomos dar a uma pracinha muito charmosa onde havia uma feira de antiguidades, melhor dizendo, feira de velharias, ou “porcariocas”, como classificou o Carlinhos. Ali mesmo nos sentamos a um restaurante com mesas ao ar livre e tivemos um belo almoço, também de comida italiana. Ainda não conhecemos a comida típica local.

Afinal, pegamos o mesmo bonde que nos levara, mas no sentido oposto e fomos até à margem do rio nas proximidades do centro histórico, aí sim, no ponto certo. Deixamos então o coletivo e andamos pela margem. Debruçados na amurada, foi possível ver e fotografar toda a variedade de atrativos, tais como crianças brincando, casais navegando em pedalinho, patos e cisnes nadando e – para nosso espanto e consternação - um cisne branco adulto e enorme, a boiar morto nas águas da margem.(as fotos melhores foram tiradas pelo Paulo; ele prometeu que um dia me envia as dele).
 Neste ponto, as águas do rio são tranquilas, quase paradas, pois há ali uma estrutura em concreto que represa parte da água, formando quase como que uma lagoa para lazer da população. A outra metade do leito fica livre para o curso normal da água, possibilitando a navegação fluvial.
 
 



 













Mais    encantamento veio quando deparamos com as dezenas de prédios antigos, de fachadas enfeitadas com esculturas, detalhes em relevo e pinturas delicadas, como que "customizadas", cada uma ao gosto pessoal do proprietário, verdadeira mostra de arte pop.
Vimos também várias lojas de cristais, dos mais sofisticados aos mais simples, dos verdadeiros cristais da Boêmia e jóias das marcas mais famosas às bijuterias de vidro colorido. Muito interessante também o comércio de objetos de couro, bolsas, carteiras e sacolas para todos os fins. Ali também se encontram as inevitáveis echarpes de seda, algodão indiano e "pashmina", legítimas e falsas, como em todo lugar. As feiras de rua expoem, além das frutas e verduras, brinquedos de madeira pintada e bruxas que voam e fazem um tremendo barulho à simples aproximação de um curioso. Poucos bordados e trabalhos de agulha, em contraste com a Hungria e a Austria onde esses itens são abundantes.


Foi realmente um dia de imprevistos, pois depois de atravessar toda a cidade antiga a pé, sob forte calor, já cansados, demos com um obstáculo logo ao chegar na parte mais moderna do centro: Na avenida mais larga realizava-se a Maratona da Juventude e a rua estava interditada, impedindo nossa passagem até à estação do Metrô, que nos levaria ao Hotel.

Da estação do Metrô à portaria do Hotel, poucos metros.
Sem perder o bom humor, logo achamos uma mesa num bar para tomar água mineral deliciosamente gelada e apreciar a passagem dos competidores retardatários. Liberada a rua, chegamos à estação subterrânea. 
 Lá encontramos a outra metade de nossa turma que havíamos deixado de manhã no jardim da montanha. Foi uma festa o reencontro, misto de surpresa e contentamento, como se estivéssemos separados há anos. Saímos juntos e voltamos juntos - até parece que foi combinado.

A ordem era descansar, e foi isto que fiz. À noite, juntei-me a Ary, Márcia e Ruth para um chá com queijos. Uma ceia leve como esta, em Viena, era acompanhada de torradas e uvas, mas em Praga, nada de pão nem frutas.  
Amanhã é domingo, pede cachimbo...? Pede oração ao Menino Jesus de Praga.